Falha Cisco CVE-2025-20352: Hackers instalam rootkit em switches

Descubra como hackers estão usando uma falha SNMP para controlar switches Cisco com um rootkit persistente.

Escrito por
Jardeson Márcio
Jardeson Márcio é Jornalista e Mestre em Tecnologia Agroalimentar pela Universidade Federal da Paraíba. Com 8 anos de experiência escrevendo no SempreUpdate, Jardeson é um especialista...

Uma falha crítica descoberta recentemente está comprometendo a segurança de dispositivos de rede da Cisco, permitindo que hackers assumam controle total de switches corporativos. A vulnerabilidade, identificada como CVE-2025-20352, está sendo explorada ativamente em ataques conhecidos como “Operação Zero Disco”, nos quais invasores conseguem implantar um rootkit persistente nos sistemas afetados.

Neste artigo, você vai entender o que é a falha Cisco CVE-2025-20352, como ela permite execução remota de código via SNMP, quais modelos de switches estão em risco e, principalmente, como proteger sua infraestrutura contra esse tipo de ataque silencioso e devastador.

A exploração dessa vulnerabilidade revela um cenário preocupante: equipamentos de infraestrutura, muitas vezes considerados “intocáveis”, estão se tornando alvos preferenciais de cibercriminosos. Ao controlar um switch, o invasor ganha uma posição estratégica dentro da rede, podendo interceptar, modificar e redirecionar tráfego de forma invisível.

ViciousTrap falha Cisco

Entendendo o alvo: o que é a vulnerabilidade CVE-2025-20352?

A falha Cisco CVE-2025-20352 afeta diretamente o Protocolo Simples de Gerenciamento de Rede (SNMP), utilizado nos sistemas Cisco IOS e IOS XE. O SNMP é um componente essencial do gerenciamento de rede, permitindo que administradores monitorem e configurem remotamente dispositivos como roteadores e switches.

O protocolo SNMP e por que ele é um vetor de ataque

O SNMP (Simple Network Management Protocol) foi criado para simplificar o gerenciamento de grandes redes. Ele possibilita consultar estatísticas, ajustar configurações e até reiniciar dispositivos remotamente. No entanto, justamente por ter amplos privilégios administrativos, qualquer falha em sua implementação pode abrir caminho para ataques críticos.

Como a execução remota de código acontece

De acordo com os relatórios técnicos, a vulnerabilidade permite que um atacante envie pacotes SNMP especialmente manipulados para o dispositivo alvo. Esses pacotes exploram uma falha de validação de entrada, levando à execução remota de código (RCE) — em outras palavras, o hacker passa a executar comandos arbitrários com privilégios de administrador. Isso significa controle total sobre o switch, sem necessidade de autenticação prévia.

“Operação Zero Disco”: a anatomia do ataque

A campanha de exploração da falha foi batizada pela Trend Micro como “Operação Zero Disco”. Os pesquisadores detectaram uma série de ataques coordenados contra redes corporativas e provedores de serviço, visando comprometer switches Cisco expostos à internet.

O rootkit implantado e suas capacidades perigosas

Após explorar a vulnerabilidade, os invasores instalam um rootkit sofisticado no sistema operacional do switch. Esse componente malicioso opera em baixo nível, modificando rotinas internas do sistema para ocultar a presença do atacante.

Entre suas funções mais perigosas, o rootkit possui:

  • Controlador UDP oculto, que permite receber comandos remotamente sem deixar rastros visíveis nos logs.
  • Supressão de logs e eventos, impedindo que atividades suspeitas apareçam em sistemas de monitoramento.
  • Ignorar ACLs (listas de controle de acesso), garantindo acesso irrestrito mesmo em ambientes fortemente segmentados.
  • Senha universal oculta, permitindo que o invasor entre novamente no dispositivo mesmo após mudanças de credenciais.

A persistência como objetivo final

O objetivo de um rootkit é mais do que invadir — é permanecer. Uma vez instalado, ele sobrevive a reinicializações e atualizações superficiais, garantindo ao atacante acesso persistente e invisível. Isso torna a limpeza e recuperação do dispositivo extremamente complexas, exigindo a reinstalação completa do firmware.

Quais dispositivos Cisco estão em risco?

Segundo a Trend Micro, os ataques observados até o momento se concentram em modelos específicos de switches amplamente usados em redes corporativas:

  • Cisco Catalyst 9400 Series
  • Cisco Catalyst 9300 Series
  • Cisco Catalyst 3750G (modelos legados)

Embora dispositivos mais recentes que utilizam ASLR (Address Space Layout Randomization) apresentem uma barreira adicional, os pesquisadores alertam que nenhum modelo está totalmente imune. A vulnerabilidade afeta o código base do SNMP presente em várias versões do Cisco IOS e IOS XE, o que amplia significativamente o escopo de risco.

Como se proteger e detectar a ameaça

A importância da atualização e os patches da Cisco

A primeira medida essencial para mitigar o risco é aplicar imediatamente as atualizações de segurança publicadas pela Cisco. A empresa já disponibilizou patches corretivos que eliminam a falha CVE-2025-20352, bloqueando o vetor de exploração via SNMP.

Administradores devem também desabilitar o SNMP em interfaces externas ou expostas à internet, mantendo-o apenas em segmentos internos e protegidos por firewalls e VPNs.

Sinais de comprometimento e os desafios da detecção

Detectar um rootkit Cisco não é tarefa simples. Por operar no nível de firmware, ele consegue mascarar seus próprios rastros. Entre os indicadores de comprometimento (IoCs) relatados pela Trend Micro estão:

  • Comunicação UDP incomum com endereços IP fora do escopo da rede local.
  • Diferenças entre logs locais e remotos, sugerindo supressão de eventos.
  • Persistência de credenciais desconhecidas mesmo após redefinições.

Diante desses sinais, a recomendação é realizar uma análise forense de firmware e, se necessário, reinstalar o sistema operacional do switch a partir de uma imagem confiável.

Conclusão: uma lição sobre a segurança da infraestrutura de rede

A falha Cisco CVE-2025-20352 é um lembrete contundente de que a segurança da infraestrutura de rede deve ser tratada com a mesma prioridade dada a servidores e endpoints. Switches e roteadores são, muitas vezes, pontos cegos das equipes de segurança, mas representam alvos estratégicos para ataques avançados.

A Operação Zero Disco demonstra como agentes maliciosos estão evoluindo para comprometer a base da conectividade corporativa, explorando brechas em protocolos antigos e onipresentes como o SNMP.

Administradores e equipes de TI devem agir com urgência: revisar inventários, aplicar patches, endurecer políticas de acesso e monitorar continuamente o tráfego de rede. A prevenção, neste caso, é a única forma eficaz de evitar que uma vulnerabilidade transformada em rootkit silencie toda uma infraestrutura.

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