Com o lançamento do Fedora 43, as atenções se voltam para as suas inovadoras versões Atomic Desktops. O Fedora Silverblue (GNOME) e o Fedora Kinoite (KDE) receberam atualizações que vão muito além dos novos desktops, focando em velocidade, usabilidade e na consolidação da plataforma.
Mudanças de plataforma: zstd no boot e /boot de 2 GB
A base de todas as variantes atômicas acompanha duas decisões importantes do Fedora 43. Primeiro, os initrds agora são comprimidos com zstd, o que tende a reduzir o tamanho da imagem e encurtar perceptivelmente o tempo de boot — uma daquelas melhorias silenciosas que você só nota quando volta a uma máquina antiga.
Segundo, novas instalações passam a criar uma partição /boot de 2 GB por padrão. É uma resposta prática ao crescimento dos firmwares e do initramfs nos últimos ciclos: mais folga hoje para evitar travamentos nas próximas atualizações. Em sistemas antigos, a recomendação oficial é considerar backup + reinstalação para aproveitar essa mudança.
Fedora Kinoite: atualizações automáticas por padrão
A maior mudança “visível” para quem usa desktops atômicos está no Fedora Kinoite: atualizações automáticas semanais habilitadas por padrão — tanto do sistema (via rpm-ostree com staged updates) quanto dos Flatpaks. A ideia é abraçar o espírito “configure e esqueça”: você segue trabalhando, o sistema prepara a nova versão em segundo plano e aplica no próximo reboot, sempre com a segurança de rollback atômico se algo sair do trilho. A frequência pode ser ajustada (ou desativada) nas configurações.
Fedora Silverblue: pequenos consertos que fazem diferença
No Silverblue, o time mirou a usabilidade — aquelas pedrinhas no sapato do dia a dia. Duas mudanças se destacam:
• openssl incluído na imagem base para que a extensão GSConnect funcione sem camadas extras (nem sysexts). Menos atrito para integrar seu Android ao desktop.
• Workaround na “Third-Party”: a página de repositórios de terceiros na primeira inicialização foi temporariamente removida por travar o assistente. Em vez disso, o GNOME Software pergunta depois se você quer habilitar esses repositórios — prático e sem travas.
Consolidação: fim das imagens XFCE Atomic e LXQt Atomic
Outra mensagem clara do Fedora 43 é de foco. As spins atômicas não oficiais de XFCE e LXQt foram descontinuadas, concentrando esforços nas variantes que já têm comunidade e manutenção ativas: Silverblue (GNOME), Kinoite (KDE), além de Sway Atomic, Budgie Atomic e COSMIC Atomic. É uma reengenharia de portfólio que tende a acelerar a qualidade onde há mais tração.
O futuro é bootc: roteiro oficial para “bootable containers”
Talvez o ponto mais empolgante do anúncio seja o que vem a seguir. O projeto publicou um roteiro oficial para a transição para o bootc — os “Bootable Containers” que aproximam ainda mais o desktop do modelo OCI do Fedora CoreOS. Em termos simples: a imagem do sistema vira um container que dá boot, com gerenciamento transacional feito por serviços do próprio bootc. Isso promete padronizar a construção, atualização e auditoria do sistema de um jeito que desenvolvedores e times de TI já dominam no mundo de contêineres.
Por que isso importa para você?
Se você já usa uma Atomic Desktop, o Fedora 43 entrega um pacote coerente: boot mais rápido, menos manutenção manual (especialmente no Kinoite), e um plano de voo claro rumo a um modelo de desktop literalmente “conteinerizado”. Se você está chegando agora, a mensagem é direta: Atomic Desktops deixaram de ser uma promessa futurista — estão amadurecendo com escolhas pragmáticas que reduzem risco e atrito sem abrir mão do ritmo “bleeding edge” do Fedora.
