Na tarde desta terça (16 de setembro de 2025), a comunidade do Fedora anunciou oficialmente a chegada do Fedora 43 Beta — um convite aberto para a comunidade testar, reportar problemas e ajudar a lapidar a versão final. Para quem gosta de experimentar o futuro do desktop Linux antes de todo mundo, este é o momento: as imagens de Workstation, KDE Plasma, Server, IoT e Cloud já estão no ar, enquanto o stream “next” do Fedora CoreOS acompanha a transição na sequência.
O fio condutor desta prévia é claro: experiência de instalação mais consistente, base do sistema mais enxuta e moderna, e um pacote de ferramentas de desenvolvimento atualizado ao que há de mais recente — tudo com aquele espírito “incubadora de inovações” que o Fedora carrega há anos. Além disso, fizemos um compiltado com todas as novidades do Fedora 43 que já foram aprovadas e devem chegar a versão final.
Melhorias no instalador e na experiência de desktop
A Anaconda WebUI agora é o padrão também para mais Spins do Fedora. O que isso muda na prática? Um caminho de instalação unificado e moderno entre as variantes de desktop — menos surpresas para quem alterna sabores e mais previsibilidade para quem está chegando ao Fedora pela primeira vez. É também um passo decisivo rumo à aposentadoria do instalador GTK antigo.
Debaixo do capô, o instalador migra para DNF5. Além de acelerar o cronograma de descontinuação do DNF4 (agora em manutenção), a mudança melhora a instrumentação e a depuração de aplicações baseadas em pacotes dentro da própria Anaconda. Tradução: menos atrito para instalar e diagnosticar, especialmente em cenários de rede e repositórios mais complexos.
Usuários do Fedora Kinoite (a edição imutável com KDE) também ganham praticidade: as atualizações automáticas vêm habilitadas por padrão. O sistema aplica as atualizações em segundo plano e conclui tudo com um simples reboot — nada de “maratonas” de update. É o tipo de detalhe que passa quase invisível quando funciona bem, mas que faz diferença no dia a dia.
Para fechar o capítulo de polimento visual, há um fallback monospace padrão quando a fonte especificada não existe no sistema. Isso elimina trocas bruscas de fonte ao instalar novos pacotes e mantém a consistência tipográfica — útil em terminais, editores e UIs que dependem de alinhamento preciso.
Avanços no sistema de base
O Fedora 43 atualiza o coração das ferramentas de compilação com o GNU Toolchain de última geração (gcc, glibc, binutils e gdb). Para quem constrói o mundo, isso significa novos recursos, correções de segurança e maior compatibilidade com o que a comunidade upstream entrega hoje. É o tipo de atualização que mantém o Fedora como referência para desenvolvimento em C/C++ e amigos.
Outra mudança interessante — embora mais voltada a quem empacota — são os RPM Macros específicos por pacote para flags de build. Em vez de gambiarras com variáveis de ambiente, cada pacote ganha uma via “oficial” para ajustar flags de compilação, reduzindo riscos e padronizando a manutenção ao longo do tempo. Menos atrito, builds mais previsíveis.
E a grande história de modernização de infraestrutura: construir o Fedora CoreOS usando um Containerfile. Em vez de depender de uma ferramenta customizada (CoreOS Assembler), o processo passa a seguir o padrão de build de imagem de contêiner — o que abre as portas para que “qualquer pessoa com Podman” faça o build local, facilite pipelines e torne o fluxo mais transparente e reprodutível. Para um sistema imutável e orientado a imagens como o CoreOS, essa virada tem um “porquê” fortíssimo: aproximar o processo do ecossistema OCI e simplificar contribuições.
Atualizações, novidades e aposentadorias de pacotes
Do lado das linguagens, duas manchetes chamam a atenção. Primeiro, Python 3.14 entra no Fedora 43. Empacotar cedo uma versão ainda em desenvolvimento ajuda a comunidade a descobrir bugs críticos antes da final e, claro, coloca novos recursos nas mãos de quem testa — um ciclo virtuoso que o Fedora conhece bem.
Segundo, Golang 1.25 também desembarca, trazendo, entre outros pontos, leak detection por padrão no go build -asan
, um servidor de documentação com go doc -http
e a possibilidade de usar subdiretórios de um repositório como raiz de módulo. É um empurrão direto para times que vivem nesse ecossistema, com a garantia de que o Fedora segue o upstream de perto.
Para quem gosta de linguagens sob medida, o Fedora 43 ainda contempla Idris 2, com Quantitative Type Theory (QTT) — útil para controle fino de recursos e concorrência com tipos —, novo núcleo de linguagem, prelude mais minimalista e alvo de compilação para Chez Scheme. É um prato cheio para pesquisa e experimentação.
No esforço de “podar” o jardim e evitar bitrot, há decisões corajosas — e necessárias. A descontinuação do Gold Linker começa com a depreciação do subpacote binutils-gold
, reduzindo a contagem de linkers disponíveis e simplificando o ecossistema. Se você mantinha builds que dependiam explicitamente do Gold, vale verificar alternativas e medir impacto.
Pelo mesmo motivo, o clássico (e já abandonado) python-nose sai de cena. Isso evita que novos pacotes nasçam dependentes de um test runner sem manutenção, enquanto o projeto incentiva a migração para pytest ou nose2. É limpeza técnica que previne dores de cabeça adiante — especialmente com a chegada do Python 3.14.
Também são retiradas versões antigas das bindings Rust para GTK — gtk3-rs, gtk-rs-core v0.18 e gtk4-rs v0.7 — para que o Fedora não carregue variantes obsoletas e sem manutenção. O resultado é um conjunto mais coeso e seguro de bibliotecas para quem desenvolve aplicações gráficas modernas.
O que há de mais novo para desenvolvedores
Juntando as peças, o Fedora 43 Beta pinta um quadro bem claro: ambiente de build atualizado, linguagem Python 3.14 e Golang 1.25 na linha de frente, e uma base de sistema que incentiva práticas mais reprodutíveis — do Containerfile do Fedora CoreOS às macros de RPM por pacote. Para quem mantém projetos, isso significa builds mais consistentes; para quem contribui com a distro, processos menos “mágicos” e mais padronizados; para quem “só quer trabalhar”, um sistema mais previsível.
E, claro, tudo isso chega com o tradicional convite à participação: baixe, instale, atualize via dnf system-upgrade
, rode seus workflows, reporte regressões e ajude a esculpir a versão final. É assim que o Fedora segue cumprindo seu papel de incubadora — trazendo cedo as tecnologias que amanhã serão triviais no ecossistema Linux.