O Fedora Linux 43 acaba de ser lançado — e ele não é apenas uma atualização incremental. Esta versão, a primeira sob a liderança do novo Fedora Project Leader, Jef Spaleta, dá um passo decisivo para o futuro do desktop Linux: a sessão padrão com GNOME 49 agora é exclusivamente Wayland. O suporte ao X11 foi desabilitado em tempo de compilação, marcando o início do fim para o antigo servidor gráfico no ecossistema Fedora/GNOME. Para completar, o instalador Anaconda WebUI torna-se padrão em todas as Spins, o gerenciamento de pacotes ganha fôlego com o RPM 6.0, e a base imutável avança com bootc e um CoreOS nativo em OCI. Tudo junto, é um “salto de época” na plataforma.
GNOME agora é só Wayland
O Fedora sempre foi pioneiro no Wayland, e o 43 torna essa aposta definitiva: a sessão GNOME em X11 foi removida. Na prática, quem ainda usava X11 será migrado de forma transparente para Wayland — e os aplicativos X11 continuam rodando via XWayland, então nada “quebra” do dia para a noite. O ponto aqui é estratégico: o upstream do GNOME já desabilitou X11 por padrão no GNOME 49 e planeja remover totalmente o suporte no GNOME 50. O Fedora assume a dianteira dessa transição, empurrando o ecossistema para um caminho mais moderno, seguro e com menos gambiarras históricas. Em termos de experiência, você deve notar melhor comportamento em monitores HiDPI, touchpads/gestos e pipeline gráfico mais estável — é a plataforma como ela deveria ser em 2025.
Anaconda WebUI para todas as Spins
Do lado da instalação, o Anaconda WebUI — que estreou no Workstation 42 — chega agora a todas as Spins (KDE, Xfce, Cinnamon, etc.). Não é só “uma tela mais bonita”: é uma camada de instalação unificada, mais previsível para usuários e para quem mantém documentações e fluxos de automação. Em um projeto com tanta diversidade de sabores quanto o Fedora, essa consolidação reduz fricção e melhora suporte, porque todo mundo fala do mesmo instalador, com os mesmos estágios e nomenclaturas. Para equipes de TI e laboratórios, isso simplifica padronização e reduz o tempo de onboarding.
RPM 6.0 e a modernização da base
Sob o capô, o RPM 6.0 inaugura uma geração do gestor de pacotes. O destaque é a assinatura com múltiplas chaves por pacote, um passo essencial para estratégias de rotação de chaves e para a preparação rumo à criptografia pós-quântica no ecossistema OpenPGP. Em termos práticos, isso fortalece a cadeia de confiança (supply-chain security) e abre caminho para políticas de assinatura mais robustas em repositórios e CI/CD. Há também melhorias no comportamento padrão de verificação e nas rotinas de atualização de chaves — evoluções que podem passar despercebidas no dia a dia, mas que contam muito quando pensamos em escala, compliance e longevidade do ecossistema.
Bootc e o CoreOS nativo em OCI
No mundo imutável, o Fedora acelera. O Fedora CoreOS (FCOS) agora é construído a partir de um Containerfile, “FROM” uma imagem base bootc — em outras palavras, você pode construir o sistema operacional como construiria uma imagem de contêiner, inclusive com podman e pipelines de CI/CD padrão. Mais: no Fedora 43, o FCOS passa a distribuir atualizações exclusivamente como imagens OCI, aposentando o fluxo via OSTree que ainda existia como transição no ciclo anterior. Isso aproxima a operação do sistema do que desenvolvedores já dominam no universo cloud-native: imagens versionadas, reproduzíveis e auditáveis, ciclo de atualização transacional e rollback limpo. Para times de SRE e DevOps, é menos “ferramental exótico” e mais convergência com práticas de contêiner que já são mainstream.
Porque isso importa (além do “tecnicamente elegante”)
Tudo nessa release aponta para redução de legados e padronização de práticas modernas: a remoção do X11 no GNOME, o instalador web unificado, o RPM repaginado para novas exigências de segurança e um CoreOS que fala OCI de ponta a ponta. Não é só uma lista de pacotes — é direção de plataforma. O Fedora 43 está dizendo, com todas as letras, qual é o futuro que ele quer habitar: Wayland como base do desktop, assinaturas e cadeias de suprimento mais fortes, e sistemas imutáveis integrados ao fluxo de imagens que já domina o mundo de infraestrutura.
Uma estreia de liderança com mensagem clara
Este também é o primeiro lançamento sob Jef Spaleta como FPL. O tom do anúncio é celebratório, mas a mensagem é nítida: menos compatibilidade herdada, mais coerência arquitetural; menos ferramentas especiais, mais alinhamento com padrões do ecossistema (OCI/containers); e uma rotina de release que empurra a comunidade — gentilmente, porém com firmeza — para tecnologias que sustentam o Linux do presente e do futuro. Para usuários, desenvolvedores e admins, o Fedora 43 entrega um sinal inequívoco: é hora de avançar.
