Software livre

Por que os brasileiros ainda não fazem petições pela liberdade de software livre?

Entenda por que os cidadãos brasileiros ainda não fazem petições pela liberdade de software livre e como essa iniciativa pode ser importante para a soberania digital, a transparência e o uso de tecnologias de código aberto no governo.

Por que os brasileiros ainda não fazem petições pela liberdade de software livre?

Recentemente, um cidadão austríaco fez uma petição ao Parlamento Europeu pedindo a substituição dos produtos da Microsoft por Linux e software de código aberto em toda a União Europeia. A proposta visa reduzir a dependência de sistemas proprietários como o Windows, promovendo maior transparência, soberania digital e criando oportunidades de emprego no setor de TI europeu. O objetivo também inclui alinhar essas mudanças com os princípios do Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR), um marco importante para a proteção de dados pessoais. Essa iniciativa destaca o papel crucial do software livre, que não só proporciona mais controle sobre a tecnologia utilizada pelos governos, mas também oferece alternativas mais seguras e sustentáveis.

E no Brasil?

No Brasil, os cidadãos também têm a possibilidade de influenciar as decisões políticas por meio de petições públicas, embora essa prática seja menos explorada em questões como o software livre. O país conta com plataformas como a Petição Pública Brasil, que permite a qualquer pessoa criar e assinar petições sobre uma vasta gama de temas. No entanto, o uso do software livre no governo brasileiro, que tem potencial para promover mais transparência, reduzir custos e aumentar a segurança digital, é um tema ainda pouco discutido de forma massiva.

Embora o Brasil possua leis que incentivam o uso de software livre no setor público, como a Lei 12.965/2014 (Marco Civil da Internet) e a Política de Software Público Brasileiro (PSP-BR), essas iniciativas ainda são insuficientemente implementadas em diversas áreas da administração pública. Algumas petições, como a “Pela consolidação e ampliação do programa de Software Livre em todo o Governo Federal”, tentam mudar essa realidade, propondo a ampliação do uso de alternativas de código aberto no governo brasileiro (Petição Pública).

O que falta no Brasil é uma maior mobilização da sociedade civil para impulsionar essas petições e fortalecer a ideia de que o software livre não é apenas uma questão de economia, mas também de soberania digital e transparência. Muitas vezes, a adoção de tecnologias proprietárias como o Windows e o Microsoft 365 nos sistemas governamentais ocorre por falta de conhecimento ou pela complexidade da implementação de alternativas. No entanto, ao adotar soluções como o Linux e o LibreOffice, o Brasil poderia não apenas economizar milhões em licenças de software, mas também garantir que a infraestrutura digital do governo fosse mais aberta, segura e transparente.

A importância das petições públicas

As petições públicas são instrumentos essenciais em uma democracia participativa. Elas permitem que os cidadãos expressem suas opiniões, defendam seus direitos e proponham mudanças nas políticas públicas. No caso do software livre, uma petição que ganhasse a adesão popular poderia pressionar as autoridades brasileiras a revisitar e expandir as políticas públicas relacionadas ao uso de software de código aberto, não só nos governos, mas também nas escolas, hospitais e outras áreas do serviço público.

Um exemplo interessante é a crescente adoção de sistemas operacionais baseados em Linux em algumas prefeituras e estados brasileiros. Esses governos locais já têm reconhecido os benefícios de usar software livre, como maior autonomia, menores custos de licenciamento e a capacidade de adaptar o software às necessidades específicas de sua administração. No entanto, uma mudança em nível federal, com políticas mais robustas e expansivas, só será possível com o apoio popular e através de mobilizações como as petições.

O que podemos fazer?

Para que o Brasil avance na adoção do software livre em suas administrações públicas, é fundamental que os cidadãos se envolvam mais ativamente nas petições e campanhas que promovem essa causa. Criar e assinar petições que defendem o uso de soluções de código aberto é uma forma simples e eficaz de demonstrar apoio. Além disso, é importante educar a população sobre os benefícios do software livre, mostrando como ele pode melhorar a segurança dos dados pessoais e públicos, além de reduzir a dependência de grandes corporações de tecnologia.

A sociedade civil também pode pressionar o governo a implementar políticas mais agressivas e inclusivas, como o fortalecimento de programas educacionais que ensinem o uso de ferramentas livres e o incentivo à formação de novos profissionais na área de software livre. É uma mudança que demanda tempo, mas a mobilização de pessoas e a criação de uma cultura mais aberta e consciente pode acelerar o processo.

Conclusão

Embora o Brasil tenha mecanismos legais para que os cidadãos apresentem petições sobre diversos assuntos, a questão do software livre no setor público ainda não recebeu a atenção devida. No entanto, é possível criar um movimento robusto e influente, utilizando plataformas de petição pública, para transformar o cenário atual. A participação ativa dos cidadãos é essencial para fortalecer a democracia e garantir que políticas públicas mais transparentes, seguras e sustentáveis sejam adotadas no país. O software livre não é apenas uma opção tecnológica, mas uma questão de soberania e transparência, aspectos fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Com mais engajamento e mobilização, o Brasil pode, sim, trilhar um caminho em direção à maior adoção de tecnologias livres, melhorando a segurança, a transparência e a eficiência dos serviços públicos em todos os níveis.