O Galaxy Z TriFold chegou cercado de expectativas, afinal, trata-se da proposta mais ousada da Samsung no segmento de dobráveis, prometendo três telas em um único dispositivo ultrafino. No entanto, a realidade se mostrou bem diferente quando o aparelho passou pelo teste de durabilidade do canal JerryRigEverything, conhecido por submeter smartphones premium a condições extremas e realistas. O resultado foi preocupante e reacendeu o debate sobre os limites da engenharia em designs tão ambiciosos.
Logo nos primeiros minutos do teste, ficou claro que o celular tridobrável da Samsung não estava preparado para o mesmo nível de abuso físico suportado por modelos mais maduros da linha. A comparação direta com o Galaxy Z Fold 7, considerado referência em robustez entre os dobráveis atuais, expôs fragilidades estruturais que vão além de simples acidentes de uso.
O teste de resistência na prática
O método do JerryRigEverything é simples, mas eficaz, pois simula situações comuns do dia a dia, como contato com poeira, areia e pressão mecânica. No caso do Galaxy Z TriFold, os primeiros arranhões surgiram mais cedo do que o esperado, especialmente na tela interna flexível, que mostrou vulnerabilidade mesmo em níveis baixos da escala de dureza.

A famosa prova da chamada “areia de bolso” foi decisiva. Pequenos grãos, facilmente encontrados em ambientes urbanos, penetraram nas dobradiças múltiplas, algo praticamente inevitável em um design com três segmentos móveis. Diferente do que ocorre no Galaxy Z Fold 7, cuja dobradiça já passou por várias gerações de refinamento, o TriFold apresentou acúmulo de partículas que comprometeram o movimento suave das dobras.
O problema não foi apenas estético. A presença de poeira afetou diretamente a integridade do painel interno, aumentando o atrito e acelerando o desgaste dos pixels flexíveis. Em um dispositivo desse valor, esse tipo de vulnerabilidade pesa negativamente para usuários que esperam longevidade compatível com um produto premium.

O ponto de ruptura: por que o TriFold falhou onde o Fold 7 venceu?
O momento mais crítico do teste ocorreu quando o Galaxy Z TriFold foi submetido à pressão externa. Com apenas 3,9 mm de espessura em cada segmento, o aparelho prioriza a estética e a portabilidade em detrimento da rigidez estrutural. Esse compromisso extremo com a finura criou pontos de tensão excessivos nas áreas de dobra.
Ao contrário do Galaxy Z Fold 7, que manteve sua integridade mesmo sob força significativa, o TriFold sofreu quebra de pixels, falhas visíveis no display e danos na dobradiça central, considerada o coração do projeto. A estrutura não conseguiu distribuir a pressão de forma uniforme, concentrando o estresse em regiões críticas.
Essa comparação evidencia um ponto-chave. O Fold 7 representa anos de aprendizado incremental da Samsung, enquanto o novo Galaxy dobrável tridobrável ainda está em estágio experimental, mesmo sendo comercializado como produto final. A inovação, nesse caso, chegou antes da maturidade técnica necessária.
Ciclos de dobra vs. pressão externa
A Samsung costuma destacar testes laboratoriais que garantem até 200 mil ciclos de dobra, um número impressionante e tecnicamente válido. No entanto, o teste do JerryRigEverything mostra que esses dados não contam a história completa. Dobrar repetidamente um aparelho em ambiente controlado é muito diferente de expô-lo a forças inesperadas, como sentar com o celular no bolso ou pressioná-lo contra superfícies rígidas.
O Galaxy Z TriFold até pode resistir a milhares de dobras em laboratório, mas falha quando submetido a estresse físico real, algo inevitável no uso cotidiano. A pressão lateral, combinada com partículas sólidas e o próprio peso do dispositivo, cria cenários que os testes internos dificilmente replicam com fidelidade.
Essa diferença explica por que o Galaxy Z Fold 7 se saiu melhor. Seu design mais espesso e menos complexo oferece maior margem de segurança estrutural, mesmo que isso signifique abrir mão de alguns milímetros de elegância.
O perigo oculto nas baterias e o custo de reparo
Outro ponto alarmante revelado no teste foi a dificuldade de acesso às baterias internas. O Galaxy Z TriFold utiliza abas de puxar extremamente delicadas, que se rompem com facilidade durante a desmontagem. Em um cenário de reparo, isso aumenta consideravelmente o risco de perfuração ou superaquecimento das células.
Além disso, o custo de substituição de uma tela tridobrável é significativamente mais alto do que o de painéis dobráveis convencionais. Cada segmento do display faz parte de um conjunto integrado, o que torna o reparo parcial praticamente inviável. Na prática, qualquer dano estrutural relevante pode transformar o conserto em um processo financeiramente desaconselhável.
Para consumidores, isso significa assumir não apenas o risco de fragilidade, mas também o de um pós-venda complexo e caro. Um detalhe que pesa ainda mais quando falamos de um dispositivo posicionado no topo do mercado.
Conclusão: a inovação vale o risco?
O teste de durabilidade deixou uma mensagem clara. O Galaxy Z TriFold representa um avanço conceitual importante, mas ainda carece de maturidade estrutural para competir em igualdade com dobráveis mais consolidados, como o Galaxy Z Fold 7. A busca por um design ultrafino e futurista trouxe compromissos que impactam diretamente a durabilidade.
Para entusiastas e early adopters, o aparelho pode ser visto como um vislumbre do futuro. Já para o consumidor comum, que espera resistência, longevidade e custo de manutenção previsível, o cenário inspira cautela. A inovação é essencial para o progresso, mas, no estágio atual, ela ainda cobra um preço alto em confiabilidade.
Antes de investir em um Galaxy Z TriFold, vale refletir se o desejo de ter o mais novo e ousado supera os riscos práticos revelados por testes independentes. Em muitos casos, optar por um dobrável mais maduro pode ser a decisão mais segura e racional.
