A chegada da IA generativa aos alto-falantes inteligentes sempre foi vista como o próximo grande salto da casa conectada, com promessas de interações mais naturais, compreensão de contexto e respostas inteligentes. Com o Gemini for Home, o Google iniciou essa transformação ao substituir gradualmente o Google Assistente nos dispositivos domésticos.
No entanto, para muitos usuários de Google Nest, a atualização não veio apenas com melhorias. Relatos se multiplicam sobre rotinas clássicas que simplesmente pararam de funcionar, comandos de voz ignorados e automações que antes eram confiáveis passando a falhar sem explicação clara.
Esse cenário tem uma explicação técnica importante, a migração está acontecendo de forma gradual, com a convivência entre a infraestrutura antiga do Google Home e a nova camada de inteligência do Gemini. Essa transição híbrida está no centro da maioria dos problemas enfrentados hoje.
Por que o Gemini está “quebrando” o Google Home?
O principal motivo das falhas não está em um erro isolado, mas na incompatibilidade entre rotinas legadas do Google Assistente e a nova lógica de interpretação do Gemini for Home. As automações criadas ao longo dos anos foram projetadas para um sistema baseado em gatilhos fixos e correspondência direta de comandos.
O Gemini, por outro lado, funciona como um modelo de linguagem, priorizando interpretação semântica e contexto. Quando ele encontra rotinas antigas, muitas vezes não consegue mapeá-las corretamente para dispositivos, cenas ou ações, resultando em falhas inesperadas.

O erro do “dispositivo inexistente”
Um dos problemas mais comuns relatados é a resposta informando que um dispositivo não existe, mesmo quando ele aparece corretamente no app Google Home. Isso acontece porque a automação antiga referencia identificadores internos que não são plenamente reconhecidos pelo Gemini for Home.
Na prática, o Gemini entende o comando, mas não consegue associar a ação a um dispositivo válido dentro da nova camada de IA. O resultado é a quebra total da rotina, mesmo sem qualquer alteração física na casa inteligente.
Conflitos de palavras-chave e sensibilidade linguística
Outro ponto crítico está na forma como os comandos de voz são interpretados. Rotinas simples como “Boa noite“, que antes desligavam luzes e ativavam alarmes, agora podem gerar apenas uma resposta conversacional do Gemini.
Isso ocorre porque o Gemini tenta responder como assistente de IA, e não executar uma automação, especialmente quando o comando é muito genérico ou semelhante a uma saudação. Pequenas variações linguísticas também fazem diferença, criando conflitos que não existiam no Google Assistente.
Como corrigir as automações que pararam de funcionar
A boa notícia é que existe uma solução prática e eficaz para a maioria dos casos. Ela exige recriar as automações diretamente na nova interface compatível com o Gemini for Home, evitando o reaproveitamento das rotinas antigas.
O primeiro passo é abrir o app Google Home e acessar a seção de automações. Localize a rotina que está falhando e utilize a opção de duplicar ou recriar manualmente a automação, garantindo que ela seja construída do zero.
Durante esse processo, selecione novamente cada dispositivo, cena e ação, sem importar configurações antigas. Isso força o sistema a registrar a automação dentro da nova arquitetura usada pelo Gemini.
Sempre que possível, exclua a rotina antiga após confirmar que a nova versão está funcionando corretamente. Caso a exclusão não seja permitida, renomeie a automação legada para evitar conflitos de interpretação.
Outro ponto essencial é o uso de palavras-chave exclusivas e específicas. Em vez de comandos genéricos como “Boa noite”, prefira frases mais acionáveis, como “ativar modo descanso” ou “rotina dormir agora”. Isso reduz drasticamente as chances de o Gemini for Home responder apenas com texto, em vez de executar ações.
Também é recomendado testar os comandos em voz alta logo após a criação da nova automação, ajustando a frase de ativação até que a resposta seja consistente e previsível.
O futuro do Google Home com Gemini
Apesar dos problemas atuais, é importante destacar que o Gemini for Home ainda está em fase inicial de implementação, muitas vezes classificada como Early Access. Bugs, falhas de compatibilidade e ajustes de comportamento são esperados nesse estágio.
A longo prazo, a proposta é clara, transformar a casa inteligente em um ambiente realmente conversacional, capaz de entender intenções complexas e comandos naturais sem depender de frases rígidas. Para isso, porém, a base de automações precisa ser modernizada.
Se você já enfrentou falhas após a atualização ou encontrou soluções alternativas para contornar os erros, compartilhe sua experiência nos comentários. Sua casa inteligente sobreviveu à chegada do Gemini ou ainda está em modo de recuperação?
