Golpe do celular Escobar Fold termina com prisão de CEO milionário

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Jardeson Márcio
Jardeson Márcio é Jornalista e Mestre em Tecnologia Agroalimentar pela Universidade Federal da Paraíba. Com 8 anos de experiência escrevendo no SempreUpdate, Jardeson é um especialista...

A incrível história de como um celular banhado a ouro, o nome Escobar e youtubers famosos foram usados em uma fraude milionária.

Lembra daquela história bizarra de um celular dobrável banhado a ouro, vendido pela metade do preço dos concorrentes e com a chancela da família Escobar? Pois é, o capítulo final dessa saga chegou — e ele termina com a prisão do cérebro por trás do golpe Escobar Fold.

Neste artigo, vamos mergulhar na trajetória completa da fraude tecnológica que enganou milhares de consumidores ao redor do mundo. Vamos explicar como o sueco Olof Gustafsson, CEO da Escobar Inc., arquitetou o golpe usando promessas exageradas, influenciadores de peso e uma operação bem planejada de fraude e lavagem de dinheiro. E, claro, detalhar como a justiça finalmente o alcançou.

Mais do que uma curiosidade bizarra do mundo tech, o caso serve como um alerta valioso sobre os riscos de confiar cegamente em produtos que parecem bons demais para ser verdade — mesmo quando youtubers famosos os endossam.

Escobar Fold

O surgimento de uma promessa inacreditável

No final de 2019, o mundo da tecnologia estava fascinado com uma nova promessa: os smartphones dobráveis. A Samsung, a Huawei e outras gigantes estavam tentando consolidar essa tendência com produtos ainda experimentais, caríssimos e de produção limitada. Foi nesse cenário que surgiu a Escobar Inc., com um anúncio surpreendente.

Quem estava por trás da Escobar Inc.?

A empresa usava como figura de fachada Roberto Escobar, irmão do lendário narcotraficante Pablo Escobar. Mas o verdadeiro operador da máquina era o sueco Olof Gustafsson, um empresário com histórico obscuro, que assumia a direção dos negócios da Escobar Inc.

Com esse apelo exótico e controverso, a empresa atraiu atenção imediata. Afinal, quem não ficaria curioso com um celular dobrável banhado a ouro vindo da família Escobar?

O ‘Escobar Fold’: um Galaxy Fold de ouro por 400 dólares?

A proposta era simples — e inacreditável: um dobrável de luxo custando menos de US$ 400, cerca de um terço do valor dos modelos da Samsung. O primeiro modelo anunciado era, na verdade, um Royole Flexpai rebatizado, um dos primeiros dobráveis do mercado. Mais tarde, a Escobar Inc. passou a vender o Escobar Fold 2, que era nada mais do que um Galaxy Fold recondicionado, com adesivos dourados e a marca da empresa.

A promessa de um produto de luxo a preço baixo, somada ao nome Escobar, viralizou rapidamente nas redes.

Como o golpe foi arquitetado para enganar a todos

O golpe Escobar Fold foi mais do que uma simples fraude de e-commerce. Ele foi cuidadosamente arquitetado para parecer legítimo, usando estratégias de marketing e manipulação de redes sociais.

A isca perfeita: usando influenciadores para gerar credibilidade

A jogada mais eficaz do golpe foi o uso de influenciadores famosos, como o youtuber MKBHD (Marques Brownlee), para validar a existência do produto. A empresa enviou amostras reais do Escobar Fold 2 para reviewers de peso, que testaram os aparelhos e os mostraram funcionando em vídeo.

Esses vídeos, mesmo não sendo endossos diretos, serviram como prova de que o produto existia, alimentando a confiança dos consumidores. MKBHD, inclusive, declarou posteriormente que nunca recebeu o produto ao comprá-lo com seu próprio dinheiro — apenas quando o recebeu como mídia para review.

Esse uso manipulativo da credibilidade de criadores de conteúdo foi essencial para que a fraude ganhasse tração global.

A fraude nos bastidores: enganando clientes e processadores de pagamento

Por trás da fachada dourada, a operação era simples e engenhosa: a empresa recebia os pedidos online, cobrava os valores dos consumidores e, em vez de enviar o smartphone, enviava um item promocional barato (como um panfleto ou certificado) que gerava um código de rastreio.

Com esse número de rastreamento, a Escobar Inc. convencia os processadores de pagamento de que o produto havia sido entregue, evitando estornos e bloqueios de pagamento. Enquanto isso, os consumidores que não recebiam seus celulares ficavam sem reembolso — e sem recurso legal claro.

A casa caiu: a justiça finalmente chega para Olof Gustafsson

Depois de anos de denúncias, reportagens e investigações, finalmente o castelo de cartas desmoronou para a Escobar Inc. e seu CEO.

A confissão e a condenação

Em julho de 2025, Olof Gustafsson se declarou culpado de múltiplas acusações de fraude eletrônica, conspiração e lavagem de dinheiro em um tribunal federal dos Estados Unidos. Segundo documentos judiciais divulgados pelo Courthouse News Service, ele admitiu ser o responsável direto pelo golpe Escobar Fold, que movimentou milhões de dólares em prejuízo para consumidores ao redor do mundo.

A condenação de Gustafsson marca o fim judicial da farsa, mas não sem consequências profundas para a imagem do setor.

Reparação às vítimas: um desfecho agridoce

Como parte do acordo judicial, Gustafsson foi condenado a pagar US$ 1,3 milhão em indenizações às vítimas do golpe. Apesar de representar uma tentativa de reparação, o valor não cobre todo o prejuízo causado — e muitos consumidores ainda não foram localizados ou não receberão ressarcimento.

Ainda assim, para as vítimas identificadas, o pagamento representa algum alívio, além da satisfação de ver a justiça finalmente sendo feita.

Lições de um dos golpes mais bizarros da tecnologia

O caso do golpe Escobar Fold entra para a história como um dos episódios mais inusitados e engenhosos do mundo da tecnologia.

Ele mostra como fraudes sofisticadas podem usar o marketing moderno, a imagem de influenciadores e até mesmo a cultura pop para parecer legítimas. Demonstra também que, mesmo com vídeos de unboxing e reviews, ainda é necessário manter o ceticismo diante de promessas milagrosas.

Por fim, serve como um alerta poderoso: se parece bom demais para ser verdade, provavelmente é.

E você, chegou a ver os vídeos do Escobar Fold na época? Compartilhe suas lembranças nos comentários e fique atento às próximas promessas de ouro no mundo tech. Literalmente.

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