Google IA: polêmica de conteúdo roubado e o futuro do SEO

O Google apagou um post de IA, mas a polêmica revela o futuro do SEO e da busca.

Escrito por
Jardeson Márcio
Jardeson Márcio é Jornalista e Mestre em Tecnologia Agroalimentar pela Universidade Federal da Paraíba. Com 8 anos de experiência escrevendo no SempreUpdate, Jardeson é um especialista...

A recente controvérsia envolvendo o Google reacendeu um debate crítico que moldará os próximos anos da web. Logo no primeiro parágrafo deste artigo é preciso destacar a palavra-chave Google IA conteúdo roubado, porque ela sintetiza o cerne do problema: o uso de material criado por terceiros, aparentemente replicado por uma IA do Google sem crédito, em uma campanha oficial da empresa. O caso, envolvendo o NotebookLM, revela falhas profundas no modelo de geração de conteúdo do Google, levanta suspeitas sobre violações de direitos autorais e alerta para uma web em que criadores são cada vez mais removidos da equação.

O objetivo deste artigo é analisar o incidente em profundidade, explicar o contexto técnico e ético, examinar a crítica do especialista Nate Hake, relacionar o caso à tendência de monetização das respostas de IA e antecipar o impacto para profissionais de tecnologia, criadores, desenvolvedores, estrategistas de SEO e qualquer pessoa que dependa do tráfego orgânico para existir na internet.

A importância do tema é evidente. A denúncia mostra que plataformas de IA podem reproduzir texto praticamente idêntico ao de criadores humanos sem atribuição e que, quando isso ocorre em ferramentas pertencentes ao maior motor de busca do mundo, o impacto é devastador para o ecossistema da web. Sites podem perder tráfego, blogs podem perder credibilidade e, pior, o próprio Google pode assumir o controle total da cadeia de conteúdo.

O incidente: a receita ‘de família’ que era idêntica

Tudo começou quando o Google publicou um post promocional do NotebookLM, uma ferramenta de IA generativa apresentada como um assistente avançado capaz de analisar documentos pessoais, gerar sínteses e criar novos materiais com base em fontes fornecidas pelo usuário. O que deveria ser apenas mais uma peça promocional rapidamente se transformou em foco de crise.

O post trazia uma receita culinária supostamente “original”, apresentada como exemplo do que o NotebookLM poderia criar. Porém, a receita era extraordinariamente parecida com uma publicação real da blogueira e autora do site HowSweetEats, conhecida por suas receitas detalhadas, linguagem única e estilo autoral muito reconhecível. A semelhança era tão evidente que levantou suspeitas imediatas.

Postagem agora excluída mostrando a promoção do Google no X
Imagem: Bleeping Computer
Postagem agora excluída mostrando a promoção do Google no X Imagem: Bleeping Computer

Foi quando o especialista em SEO e influenciador de tecnologia Nate Hake publicou uma comparação lado a lado. A análise mostrou não apenas similaridade de estrutura, mas trechos inteiros reproduzidos praticamente palavra por palavra. Pouco depois da denúncia viralizar, o Google apagou o post, mas o estrago já estava feito.

NotebookLM e a promessa da IA generativa

O NotebookLM é um dos projetos de IA generativa apresentados pelo Google como parte do seu futuro baseado em Gemini. Ele promete transformar arquivos e conteúdos pessoais em respostas inteligentes, resumos, guias e textos novos, tudo com “base nas fontes fornecidas pelo usuário”.

O problema é que, no episódio em questão, o conteúdo não parecia ter vindo de nenhum material fornecido por quem usou o NotebookLM no exemplo. Pelo contrário, parecia ter sido construído a partir de texto encontrado na web, levantando dúvidas sobre como o modelo acessa, aprende e replica conteúdo.

A promessa de originalidade e customização da IA generativa se chocou com a realidade do caso. Em vez de demonstrar criatividade ou síntese, o NotebookLM parece ter reproduzido conteúdo existente de forma incrivelmente parecida com o original, sem atribuição e promovido pelo próprio Google.

A polêmica da ‘cópia palavra por palavra’

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Imagem: Bleeping Computer

A acusação central é que a IA não criou a receita, mas sim a scrapeou, reorganizou e devolveu como algo novo. Para muitos, isso não é sequer “inspirado”, é simplesmente conteúdo copiado.

O ponto crítico levantado por especialistas é que modelos generativos são treinados com grandes quantidades de dados da internet, e isso inclui blogs, artigos, fóruns e sites que muitas vezes nunca deram permissão explícita para esse uso. Quando modelos geram textos idênticos ou quase idênticos aos originais, isso deixa de ser uma discussão teórica e se torna um ataque direto ao trabalho de criadores humanos.

O caso reforça a percepção de que modelos de IA podem violar direitos autorais sem que seja possível rastrear a origem das informações, criando um ambiente de insegurança jurídica e ética.

O monopólio das respostas e o futuro do tráfego orgânico

Para Nate Hake, o incidente é mais do que uma acusação de plágio. É uma evidência de que o Google está tentando monopolizar suas próprias respostas, violando seus próprios termos de uso ao utilizar conteúdo alheio sem crédito e, ao mesmo tempo, reduzindo drasticamente o envio de tráfego para os criadores originais.

Segundo ele, o Google está se transformando no único ponto de entrada e também no único destino das respostas na web, ao mesmo tempo em que usa o conteúdo produzido por criadores para treinar modelos que reduzem a necessidade de visitar os sites desses mesmos criadores.

A crítica toca em um ponto fundamental: quando a IA responde tudo diretamente na SERP, especialmente com AI Overviews e agora com NotebookLM, os sites deixam de receber visitas. Isso quebra o modelo econômico da web atual, em que criadores produzem conteúdo e são recompensados com tráfego, publicidade ou conversões.

A polêmica do Google IA conteúdo roubado se transforma, portanto, em uma discussão sobre o futuro da própria rede e sobre o desequilíbrio crescente entre plataformas e produtores independentes.

A monetização da IA: anúncios nas respostas de busca

O incidente ganhou proporções ainda maiores porque acontece exatamente no momento em que Google e OpenAI testam anúncios dentro de respostas de IA. Isso significa que, além de oferecer respostas completas que reduzem a necessidade de acessar sites, as empresas agora estão criando um modelo de negócios baseado diretamente no conteúdo gerado por IA.

Essa transição mostra que o objetivo não é apenas ajudar o usuário com respostas mais rápidas, mas criar um novo canal de receita, no qual a IA substitui tanto o criador quanto o intermediário. Se a IA usa conteúdo de terceiros como insumo e depois monetiza respostas geradas a partir dele, isso cria um cenário ainda mais problemático para blogueiros, jornalistas e veículos independentes.

No contexto da polêmica, surge uma pergunta desconfortável: se a IA usa conteúdo alheio sem crédito para gerar respostas que depois serão monetizadas com anúncios, estamos diante de uma forma moderna de apropriação de trabalho intelectual?

A controvérsia indica que esse modelo pode afetar diretamente o futuro de todo o ecossistema de SEO e de criação de conteúdo.

Conclusão e o alerta para criadores de conteúdo

O caso do NotebookLM e a acusação de Google IA conteúdo roubado expõem fragilidades profundas no sistema de IA generativa do Google e colocam em xeque a credibilidade da empresa em lidar com direitos autorais. A exclusão do post revela consciência da gravidade do problema, mas não resolve a questão central: como modelos de IA devem lidar com conteúdo criado por humanos?

Para criadores, jornalistas, blogueiros e especialistas em SEO, o alerta é claro. Estamos entrando em uma era em que o tráfego orgânico pode despencar, em que IAs podem replicar conteúdo sem atribuição e em que o Google está cada vez mais disposto a capturar toda a cadeia de valor da informação.

A resposta estratégica passa por reforçar E-E-A-T (Experiência, Expertise, Autoridade e Confiança), fortalecer comunidades diretas, diversificar canais e entender que o futuro da web não será mais baseado apenas em ranqueamento, mas em credibilidade e relacionamento.

Prepare-se, porque o modelo de busca está mudando e, com ele, toda a lógica de sobrevivência digital.

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