Se você tentou acessar a Amazon, jogar Fortnite, usar o Canva ou fazer uma pesquisa no Perplexity AI nas últimas horas, você não estava sozinho. Uma grande falha na AWS (Amazon Web Services) causou uma interrupção generalizada em milhões de sites e serviços nesta segunda-feira (20).
De acordo com os primeiros relatos e a própria AWS, o problema se originou na região US-EAST-1, em Virgínia do Norte (EUA) — a mais importante da infraestrutura global da Amazon. O incidente afetou desde grandes plataformas de e-commerce e streaming até sistemas corporativos e ferramentas de inteligência artificial.
Neste artigo, vamos detalhar o que aconteceu, qual foi a causa raiz apontada pela Amazon, por que essa região específica é tão crítica e quais foram os principais serviços impactados. Apesar de o problema já estar resolvido, a falha serve como um alerta sobre a dependência global da AWS e o risco de concentração em um único provedor de nuvem.
O que aconteceu? AWS confirma falha na US-EAST-1
Por volta das 10h40 (horário de Brasília), diversos serviços começaram a apresentar erros de conexão, lentidão e falhas de autenticação. Poucos minutos depois, o painel oficial de status da AWS confirmou um aumento nas “taxas de erro e latência” em múltiplos serviços hospedados na região US-EAST-1.
A interrupção atingiu diretamente o AWS Management Console e até mesmo o Suporte da AWS, impedindo que clientes abrissem chamados técnicos ou verificassem a integridade de seus recursos. A empresa reconheceu que o problema estava afetando serviços essenciais como EC2, Lambda e DynamoDB, que são pilares de milhares de aplicações online.
Por volta das 11h30, a AWS informou que o problema havia sido mitigado e que os sistemas estavam sendo restaurados gradualmente. No entanto, os efeitos colaterais continuaram por quase uma hora em serviços de terceiros, que dependem fortemente da região afetada.

O epicentro da internet: Por que a região US-EAST-1 é tão crítica?
A US-EAST-1 é a primeira e maior região da AWS, criada ainda nos primórdios do serviço. Localizada na Virgínia do Norte, ela concentra centenas de milhares de servidores, atuando como nó central para autenticação, distribuição de conteúdo e replicação de dados.
Muitos serviços globais utilizam essa região como ponto de entrada principal, mesmo quando possuem réplicas em outras partes do mundo. Isso significa que, quando a US-EAST-1 falha, a cascata de interrupções se espalha rapidamente.
É por isso que incidentes nessa região tendem a ter impacto global — afetando desde pequenas startups até gigantes da tecnologia. Em outras palavras, quando a US-EAST-1 espirra, a internet pega um resfriado.
A causa raiz: Problemas no DNS do DynamoDB
O que é o DynamoDB?
O Amazon DynamoDB é um banco de dados NoSQL altamente escalável usado por milhares de empresas para armazenar e consultar dados em tempo real. Ele é o “motor invisível” por trás de serviços como Fortnite, Canva, Prime Video e muitos outros.
De forma simples, imagine o DynamoDB como um banco de dados distribuído super-rápido, projetado para lidar com milhões de consultas por segundo sem travar. Quando algo dá errado com ele, a cadeia de dependências entre aplicativos e serviços começa a se romper.
O que quebrou?
De acordo com a AWS, a falha de hoje foi causada por problemas na resolução de DNS relacionados ao endpoint do DynamoDB. Em termos técnicos, o DNS é o “sistema de endereços” da internet — ele traduz nomes legíveis (como dynamodb.amazonaws.com
) em endereços IP reais.
Quando esse sistema falha, os servidores simplesmente não sabem para onde enviar as requisições. O resultado é que as aplicações não conseguem encontrar o banco de dados e começam a exibir erros de timeout, autenticação ou falhas completas.
Essa falha específica acabou afetando múltiplas zonas de disponibilidade dentro da US-EAST-1, levando a uma interrupção em cascata que derrubou vários serviços críticos simultaneamente.
O efeito dominó: Os principais serviços que saíram do ar
A interrupção da AWS não afetou apenas clientes corporativos, mas também milhões de usuários comuns. Plataformas populares, ferramentas de produtividade, sites de streaming e até jogos online ficaram fora do ar ou extremamente lentos.
Entre os principais serviços afetados, destacam-se:
- Amazon.com e Prime Video — A própria infraestrutura da Amazon sofreu com falhas de login e carregamento de páginas.
- Fortnite (Epic Games) — Jogadores relataram erros de autenticação e falhas de login nos servidores globais.
- Roblox, Clash of Clans e Palworld — Sofreram instabilidades relacionadas à autenticação e comunicação com servidores.
- Canva — Confirmou “problemas intermitentes” em funcionalidades essenciais como upload e exportação de arquivos.
- Perplexity AI — Ficou totalmente offline durante parte da interrupção, exibindo mensagens de erro de servidor.
- Grammarly, Hulu, Snapchat e Robinhood — Também apresentaram instabilidades, segundo o Downdetector, que registrou um pico de notificações simultâneas durante o período.
O impacto foi tão amplo que usuários no mundo todo recorreram às redes sociais para confirmar se estavam sozinhos nos erros — e descobriram que, literalmente, meia internet havia caído junto.
Situação resolvida, mas o alerta continua
Segundo as últimas atualizações da Amazon Web Services, o incidente foi totalmente resolvido por volta das 11h45 (horário de Brasília). A empresa informou que a causa raiz foi identificada e mitigada, e que está implementando “mudanças permanentes” para evitar recorrência.
Ainda assim, o episódio reacende um debate importante: a centralização da infraestrutura da internet em poucos provedores de nuvem. Quando uma única região da AWS falha, milhões de negócios e usuários sofrem ao mesmo tempo.
A falha na AWS de hoje mostra como a dependência excessiva de uma única plataforma pode transformar um simples erro técnico em uma crise global de conectividade.
E você, foi afetado por essa falha na AWS? Qual serviço você percebeu que ficou fora do ar? Deixe seu relato nos comentários e conte como o incidente impactou o seu dia.