HMD lança Feature Phones sem 4G

A HMD lança os modelos 100, 101 e 102 sem 4G, e analisamos o risco dessa estratégia em plena transição de redes.

Escrito por
Jardeson Márcio
Jardeson Márcio é Jornalista e Mestre em Tecnologia Agroalimentar pela Universidade Federal da Paraíba. Com 8 anos de experiência escrevendo no SempreUpdate, Jardeson é um especialista...

A linha HMD Feature Phones sem 4G chega ao mercado em 2025 com uma decisão que chama atenção, um trio de celulares básicos formado pelos modelos HMD 100, HMD 101 e HMD 102, todos limitados às redes 2G e equipados com a antiga porta microUSB. Em um momento em que o desligamento das redes 2G e 3G avança pelo mundo, esse movimento desperta dúvidas sobre sua real viabilidade, gerando discussões importantes sobre acessibilidade, nichos de mercado e obsolescência acelerada.

Os novos celulares básicos HMD prometem simplicidade, longa duração de bateria e preço acessível, mas levantam um questionamento central, até que ponto um feature phone sem 4G ainda faz sentido em 2025? Este artigo analisa as implicações técnicas, estratégicas e de mercado do lançamento, avaliando o impacto da falta do 4G, o uso do microUSB e o foco declarado da HMD em regiões onde o 2G continua ativo.

Em um momento em que vários países já desligaram ou programaram o desligamento das redes 2G e 3G, entender a estratégia por trás desses aparelhos é essencial. À medida que operadoras reduzem o suporte a tecnologias legadas, produtos como os novos HMD 100, 101 e 102 podem se tornar rapidamente limitados ou até inutilizáveis, o que torna a discussão ainda mais relevante.

O que são os HMD 100, 101 e 102? Diferenças mínimas

HMD Feature Phones

Os novos modelos HMD 100, HMD 101 e HMD 102 são celulares de entrada projetados para tarefas básicas, como chamadas, SMS, lanterna, rádio FM e bateria de longa duração. Eles mantêm o estilo clássico de feature phone tradicional, com teclado físico, corpo compacto e interface extremamente simples, pensada para quem busca um dispositivo funcional sem distrações.

As diferenças entre eles são mínimas, variando principalmente em acabamento, design do teclado e pequenas mudanças na autonomia. Nenhum dos três oferece conectividade 3G ou 4G, o que define de forma clara o posicionamento dessa linha, uma aposta da marca em mercados onde o custo é um fator determinante e onde redes antigas ainda funcionam de forma estável.

A polêmica da porta microUSB

Um dos pontos mais criticados é o uso da porta microUSB, um padrão considerado ultrapassado. Em contraste com a legislação da União Europeia, que já exige USB-C em praticamente todos os novos dispositivos, o microUSB se destaca como uma escolha pouco alinhada às tendências globais e às boas práticas de padronização.

Embora o uso do microUSB possa reduzir custos e facilitar a adoção em mercados onde acessórios baratos são comuns, a decisão reforça a percepção de que a linha HMD 100/101/102 está desatualizada já no lançamento. Em uma indústria que caminha para a universalização do USB-C, manter o microUSB parece mais um sinal da intenção de segmentar diretamente regiões específicas do que uma escolha técnica viável a longo prazo.

O fator 4G: risco iminente de obsolescência

O principal problema dos Feature Phones HMD é justamente sua dependência total das redes 2G. Em vários países, especialmente na América do Norte e na Europa, o 2G já foi desligado ou está em cronograma avançado de desativação. Isso significa que esses aparelhos simplesmente não funcionariam para chamadas ou envio de SMS, tornando-se basicamente inúteis fora de regiões específicas.

Mesmo em países onde o 2G continua ativo, a conectividade moderna já exige, no mínimo, redes 4G para recursos como VoLTE, que garante chamadas de voz com qualidade superior e maior estabilidade. Ao ignorar essa transição, a HMD assume um risco elevado, pois seus novos modelos podem ter vida útil extremamente curta em diversos mercados.

A estratégia da HMD: foco total em mercados emergentes

A HMD sabe que os modelos 100, 101 e 102 não têm alcance global, e essa é uma escolha deliberada. A empresa mira regiões como Índia, África, Oriente Médio e partes da América Latina, onde o 2G ainda é amplamente utilizado, e onde um telefone básico pode ser suficiente para milhões de consumidores.

Nesses mercados emergentes, o preço baixo é o fator mais determinante. A estratégia da empresa é clara, priorizar o custo e a simplicidade acima da modernidade. No entanto, essa abordagem tem limitações importantes. À medida que países emergentes também começarem a desligar redes antigas, essa linha pode rapidamente se tornar um passivo.

A demanda por “dumb phones” e o paradoxo da conectividade

O movimento em torno dos “dumb phones” vem crescendo, impulsionado por preocupações com foco, saúde mental e redução do uso excessivo de telas. Muitos consumidores buscam alternativas para o smartphone moderno, desejando aparelhos minimalistas, com longas durações de bateria e funções reduzidas.

Nesse contexto, a HMD poderia ter uma grande oportunidade, já que muitos consumidores buscam algo simples, mas que ainda funcione nas redes modernas. O paradoxo aparece quando um aparelho minimalista é lançado sem conectividade essencial. Um “dumb phone” pode ser simples, mas precisa ser funcional, especialmente para ligações. Lançar um celular minimalista que é minimalista demais para operar no ecossistema atual gera um desalinhamento com a demanda real do consumidor global.

Conclusão: um movimento de alto risco

A aposta da HMD nos modelos 100, 101 e 102 demonstra foco em nichos específicos, mas também uma desconexão com a realidade das redes móveis globais. A falta de 4G, a dependência do 2G e o uso contínuo do microUSB tornam esses aparelhos vulneráveis à obsolescência precoce e limitam severamente sua utilidade em mercados mais desenvolvidos.

Para consumidores de países com redes modernas, esses aparelhos praticamente não têm propósito. Para mercados emergentes, podem ser uma solução temporária, embora com data de validade implícita. Resta saber se essa estratégia valerá a pena para a marca ou se reforçará a percepção de que a HMD está presa a um modelo de negócios que não acompanha as transformações do setor.

E você, compraria um celular sem 4G em 2025? A estratégia da marca faz sentido para você ou parece arriscada demais?

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