Huawei e Apple impulsionam revolução mobile na China com HarmonyOS e iOS

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Jardeson Márcio
Jardeson Márcio é Jornalista e Mestre em Tecnologia Agroalimentar pela Universidade Federal da Paraíba. Com 8 anos de experiência escrevendo no SempreUpdate, Jardeson é um especialista...

Huawei e Apple lideraram as remessas de smartphones na China no segundo trimestre de 2025, contrariando as expectativas em um mercado marcado pela estagnação. Mesmo com um crescimento modesto, essas gigantes tecnológicas mostraram resiliência e visão estratégica, reforçando suas posições em um dos mercados mais importantes do mundo.

Huawei e Apple dominam a China: O que isso significa para o futuro dos sistemas operacionais móveis?

Neste artigo, vamos analisar os números mais recentes do setor, destacar os fatores que impulsionaram a liderança dessas marcas — como subsídios estatais, festivais comerciais e descontos táticos — e refletir sobre as implicações disso para o cenário dos sistemas operacionais móveis, incluindo HarmonyOS, iOS e Android. Também discutiremos os impactos dessa dinâmica na inovação tecnológica global, além de conexões e possíveis aprendizados para o ecossistema Linux e de código aberto.

O mercado chinês não é apenas um campo de batalha comercial, mas também um palco onde se desenha o futuro das tecnologias móveis. A ascensão de Huawei e Apple oferece pistas valiosas sobre para onde caminha o desenvolvimento de software, hardware e ecossistemas digitais.

A ascensão de Huawei e Apple: Números e estratégias

CounterPoint
Imagem: CounterPoint

Segundo dados da Counterpoint Research, o mercado chinês de smartphones cresceu apenas 2,6% ano a ano no segundo trimestre de 2025. Apesar da baixa expansão, Huawei e Apple se destacaram: a Huawei registrou um impressionante 17% de crescimento anual nas remessas, enquanto a Apple manteve sua posição estável no topo do ranking, com um leve aumento graças a estratégias bem executadas.

Huawei e Apple, juntas, dominaram as vendas em um momento de recuperação econômica e competição feroz, especialmente contra marcas locais como Xiaomi, OPPO e vivo, que enfrentaram quedas ou estagnação.

O impulsionador da Huawei: O festival 618 e subsídios governamentais

O crescimento explosivo da Huawei tem uma explicação clara: o festival de compras 618, um dos maiores eventos promocionais da China, aliado a subsídios governamentais agressivos voltados à revitalização da indústria local de chips e dispositivos.

Esses subsídios, oferecidos por governos locais e programas estatais, chegaram a até 2.000 yuans (cerca de R$ 1.400) por aparelho. Modelos como o Huawei Pura 70 e Mate 60 foram fortemente promovidos durante o 618, com preços reduzidos e campanhas patrióticas que estimularam a adoção de soluções nacionais.

Além do apelo comercial, houve também um componente de soberania tecnológica: o apoio estatal à Huawei é visto como um movimento estratégico para consolidar a independência da China frente às tecnologias ocidentais.

A resiliência da Apple: Descontos estratégicos e o iPhone 16

A Apple, por sua vez, demonstrou que estratégia de precificação é tão poderosa quanto inovação. Antes mesmo do festival 618, a empresa aplicou descontos agressivos na linha iPhone 15, atraindo consumidores em um momento de alta concorrência.

Ao mesmo tempo, os rumores e vazamentos sobre o iPhone 16 estimularam a expectativa do público, reforçando a presença da marca mesmo em um mercado tão sensível ao preço como o chinês.

A Apple também se beneficia da forte fidelidade do consumidor premium na China, o que garante estabilidade mesmo quando marcas locais tentam ganhar participação com inovações pontuais.

Implicações no cenário dos sistemas operacionais móveis

A performance dessas duas gigantes tem reflexos diretos no cenário de sistemas operacionais móveis, especialmente no equilíbrio entre HarmonyOS, iOS e Android.

A Huawei, ao promover seu próprio sistema HarmonyOS, acelera um movimento de desacoplamento do Android no maior mercado mundial. Já a Apple, com o iOS, mantém seu ecossistema fechado e eficiente, reafirmando seu domínio entre os consumidores de alta renda.

O Android, embora ainda amplamente utilizado por marcas como Xiaomi, OPPO e vivo, enfrenta um cenário mais desafiador, com perda de diferenciação e pressão por inovações mais visíveis no nível do sistema.

A rivalidade em softwares: HarmonyOS vs. iOS e o papel do Android

HarmonyOS vem ganhando terreno não apenas como sistema operacional de smartphones, mas como plataforma integrada para IoT, smart TVs, wearables e carros inteligentes. Seu apelo nacionalista e integração profunda com o ecossistema chinês tornam-no uma alternativa cada vez mais relevante ao Android.

iOS, por outro lado, segue como o padrão ouro em experiência de usuário e segurança, com a vantagem de um ecossistema altamente maduro e suporte a tecnologias de ponta como Apple Intelligence.

O Android, embora ainda dominante globalmente, vê sua presença na China reduzida à medida que fabricantes buscam alternativas mais alinhadas às exigências locais — seja por controle, otimização de desempenho ou posicionamento estratégico frente à geopolítica global.

Inovação e o futuro do mercado: Tendências e desafios

A competição acirrada entre Huawei e Apple tem estimulado a inovação tanto em hardware quanto em software. Modelos com câmeras avançadas, baterias de silício-carbono e processadores proprietários estão se tornando o novo padrão.

No entanto, surge a dúvida: esses avanços são sustentáveis no longo prazo? Programas de subsídio intensivos, como os usados pela Huawei, são eficazes para ganhos imediatos, mas levantam preocupações sobre dependência estatal e viabilidade econômica.

Além disso, o excesso de competição por preço pode canibalizar margens de lucro e desincentivar investimentos em pesquisa de longo prazo, prejudicando o ritmo de inovação genuína.

O olhar para o ecossistema Linux/código aberto: Aprendizados e oportunidades

A trajetória da Huawei com o HarmonyOS levanta questões importantes para o ecossistema Linux e de código aberto. Embora o HarmonyOS tenha raízes no AOSP (Android Open Source Project), ele evoluiu para algo mais proprietário, com controle centralizado pela Huawei.

Por outro lado, isso evidencia uma lição: há espaço e demanda por alternativas ao duopólio iOS/Android, principalmente quando bem integradas a hardware e serviços locais.

Projetos como postmarketOS, Mobian e PureOS, que visam oferecer experiências móveis baseadas em Linux puro, podem se inspirar nessa busca por independência tecnológica e integração profunda entre software e hardware.

Também é possível traçar paralelos com iniciativas como o PinePhone e o Librem 5, que embora ainda de nicho, compartilham a mesma filosofia de controle do usuário e abertura total do sistema.

Conclusão: O poder do mercado chinês e suas ondas globais

A liderança de Huawei e Apple nas remessas de smartphones na China no segundo trimestre de 2025 mostra que estratégia, adaptação local e inovação continuam a ser os pilares da competitividade no setor tecnológico.

Enquanto a Huawei avança com um ecossistema próprio impulsionado por subsídios e nacionalismo tecnológico, a Apple mantém sua força com marketing preciso e produtos consistentes. O Android, nesse cenário, precisa se reinventar para não perder relevância no maior mercado global.

Mais do que uma batalha por unidades vendidas, o que se desenha é uma nova disputa por ecossistemas completos, independência tecnológica e controle de dados — temas que também interessam ao mundo do código aberto e software livre.

E você? O que pensa sobre o avanço do HarmonyOS, a resiliência do iOS ou o futuro do Android? Compartilhe suas ideias e participe desse debate que molda o futuro da tecnologia global.

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