Após duas semanas de intensa atividade de desenvolvimento, Linus Torvalds anunciou oficialmente o lançamento do Linux 6.18-rc1, marcando o fim da merge window e o início do período de estabilização. Em sua mensagem enviada à Linux Kernel Mailing List (LKML) neste domingo (12), Torvalds descreveu o ciclo como “bastante normal”, sem grandes dramas ou problemas que exigissem sua intervenção direta. “As coisas parecem bem normais: o tamanho está exatamente no meio do caminho entre os ciclos anteriores, e nada em especial se destaca”, resumiu.
Essa tranquilidade é sempre um bom sinal. Em outras palavras, a base está sólida, o processo de merge foi estável e os desenvolvedores conseguiram entregar suas principais contribuições dentro do cronograma — sem regressões notáveis. Torvalds até brincou que esse foi um daqueles períodos bons “em que não precisei bisectar nenhum problema em nenhuma das máquinas que estava testando”.
O que há de novo no 6.18?
Como de costume, cerca de metade das mudanças do Linux 6.18-rc1 está concentrada no vasto ecossistema de drivers, abrangendo desde atualizações em GPUs (DRM) e controladores de rede até subsistemas como GPIO, I2C, USB, Thunderbolt, e staging drivers. Esse fluxo contínuo reforça o papel central do kernel como fundação para novos hardwares e plataformas emergentes.
Mas os drivers são apenas o começo. O restante das mudanças se espalha por praticamente todas as áreas do kernel — e é aí que a diversidade do desenvolvimento do Linux realmente brilha.
Arquiteturas, filesystems e infraestrutura core
Entre as áreas mais ativas, destacam-se as atualizações em arquiteturas como x86, ARM/arm64, RISC-V e PowerPC, com foco especial em novos Device Trees para habilitar placas e SoCs recentes. O time de Borislav Petkov e Ingo Molnar liderou um conjunto extenso de aprimoramentos no código x86 — desde mitigação de segurança e microcódigo até melhorias no controle de recursos e decodificação de instruções.
Nos sistemas de arquivos, há novidades em Btrfs, Ext4, XFS, OverlayFS, GFS2, F2FS e Ceph, consolidando o trabalho de longo prazo para tornar o VFS (Virtual File System) mais modular e seguro. Christian Brauner e Al Viro estiveram novamente entre os protagonistas, com uma série de pull requests focados em atualizações de VFS, contextos de montagem e operações assíncronas.
Já no núcleo do kernel, o gerenciamento de memória (MM), o escalonador (scheduler) e o BPF continuam evoluindo com firmeza. As contribuições de Andrew Morton e Ingo Molnar trouxeram ajustes de performance e limpeza de código, enquanto o subsistema de io_uring recebeu novas otimizações de Jens Axboe, reforçando a eficiência do subsistema de I/O assíncrono.
Rust e a modernização do kernel
Outro ponto que segue avançando, ainda que de forma incremental, é o suporte ao Rust. Miguel Ojeda e colaboradores enviaram novas atualizações que expandem a base da infraestrutura de compilação e integração de módulos escritos na linguagem. O ritmo é cauteloso — Linus continua prudente quanto à adoção massiva —, mas a presença crescente de Rust no shortlog mostra que o kernel está gradualmente se abrindo para essa camada adicional de segurança de memória.
Um ciclo promissor
Em resumo, o Linux 6.18-rc1 chega com o que se espera de um bom ciclo: muitas atualizações, poucas surpresas e um núcleo em evolução constante. Do suporte a novos hardwares à consolidação das bases para o uso de Rust, este ciclo reflete um amadurecimento técnico e organizacional do ecossistema.
Linus encerrou o anúncio com um tom otimista, esperando que a calmaria da janela de mesclagem se traduza em um ciclo de estabilização tranquilo. Agora, a bola está com a comunidade: é hora de baixar, compilar e testar o Linux 6.18-rc1 para ajudar a identificar e corrigir bugs antes do lançamento final.