Boas notícias para quem usa placas NVIDIA com o driver Nouveau no Kernel Linux. Na rodada semanal de correções do subsistema DRM, chegaram dois ajustes cirúrgicos que prometem resolver “um monte de instabilidade” percebida por usuários — especialmente em sessões gráficas e apps que pressionam a GPU. Em termos simples: o time atacou race condition entre interrupções e “fences” (os marcadores que coordenam quando a GPU terminou um trabalho). Quando essas coisas correm fora de ordem, o resultado pode ser congelamentos, glitches e janelas travadas; quando andam no compasso certo, a experiência fica muito mais previsível.
Foco na estabilidade do driver Nouveau

Sabe quando você está trocando mensagens no celular e alguém escreve por cima do seu texto? É isso que um race condition faz com a GPU: dois eventos chegam quase ao mesmo tempo e disputam quem manda. Nesta leva, o Nouveau recebeu correções para a lógica de interrupções “non-stall” e para o caminho de emissão/espera de fences. Tradução para o dia a dia: menos chances de a pilha gráfica perder o timing e mais confiança ao alternar entre janelas, jogar algo leve, rodar um compositor Wayland ou abrir um editor com aceleração.
O resumo oficial é curto e direto, mas o impacto é claro: ao eliminar corridas entre interrupções e sincronização, o driver reduz travamentos difíceis de reproduzir — aqueles que irritam justamente por parecerem aleatórios. Se você vinha convivendo com travadinhas misteriosas no desktop com Linux graphics drivers abertos para GPUs NVIDIA, há uma boa chance de notar o sistema mais “assentado”.
Outras correções para AMD, Intel e mais
Enquanto o Nouveau rouba os holofotes com estabilidade, o restante do pacote cumpre seu papel de manutenção — o tipo de trabalho que, quando bem-feito, você nem percebe, apenas usa.
- amdgpu (AMD): polimento em várias frentes. Há ajustes em UserQ (filas de usuário), um “fail safe” no MES 11 que evita erros fatais desnecessários, reabilitação de modos comuns em eDP/LVDS, limpeza adequada de áudio quando o DC está desativado, correção para cursor duplicado e um retorno de erro consistente em alocação de memória. Resultado prático: menores arestas em notebooks e desktops com Radeon — menos surpresas ao conectar telas e menos ruído em logs.
- xe (Intel): conserto para a migração de buffers que podiam ir parar na VRAM na hora errada quando estavam “backupados” — um daqueles detalhes que afetam estabilidade e performance em cenários específicos.
- scheduler do DRM: conserto de uma corrida no tracepoint “unschedulable”, reduzindo falsos negativos/positivos de depuração — ajuda quem investiga regressões e deadlocks.
- bridge: ajuste no ti-sn65dsi86 (conversor MIPI-DSI↔DP) para o REFCLK; na prática, melhorias na negociação com painéis — ótimo para quem tem laptops que usam essa ponte.
- ivpu (aceleração vision/AI): impede que tarefas de recuperação sejam enfileiradas durante a remoção do dispositivo — menos riscos de “quedas feias” ao descarregar o driver.
- manutenção: atualização do arquivo de MAINTAINERS do Nouveau, garantindo que a colaboração continue fluindo no repositório certo.
Por que isso importa agora?
Essas rodadas semanais são o “pente-fino” que estabiliza o Kernel Linux entre marés de recursos novos e grandes refatorações. É o tipo de trabalho que não vira banner, mas que sustenta a confiabilidade do desktop — especialmente em gráficos, onde uma falha rara parece catástrofe quando aparece no meio do seu fluxo. Nesta semana, o destaque é a experiência mais sólida para quem aposta no Nouveau. Para o restante da base, é aquela coleção de pequenos reparos em amdgpu, xe e cia. que, somados, deixam o sistema mais polido.
No fim, a mensagem é simples: se você usa drivers abertos — seja em NVIDIA, AMD ou Intel — atualizar vale a pena. É como apertar os parafusos de uma bicicleta antes do próximo passeio: talvez você nem note, mas vai pedalar mais tranquilo.