Suporte para o controlador SPI do SoC RISC-V SpacemiT K1 chega ao Kernel Linux 6.18

Escrito por
Emanuel Negromonte
Emanuel Negromonte é Jornalista, Mestre em Tecnologia da Informação e atualmente cursa a segunda graduação em Engenharia de Software. Com 14 anos de experiência escrevendo sobre...

SPI do SpacemiT K1 aterrissa no kernel

O ecossistema RISC-V no kernel Linux continua a amadurecer com a chegada de um novo driver para o controlador SPI do SoC SpacemiT K1. Uma nova série de patches — agora na versão v3 — introduz o suporte fundamental para essa interface de comunicação, abrindo caminho para conectar de forma confiável uma vasta gama de periféricos (flash NOR, sensores, rádios, displays) em placas como a Banana Pi BPI-F3. Em termos de cronograma, o conjunto é proposto para a janela de merge do Linux 6.18, reforçando o ritmo de enablement da plataforma (Linux RISC-V).

O que o driver entrega — e por que isso importa

Imagem da lista de emails do kernel linux
Suporte para o controlador SPI do SoC RISC-V SpacemiT K1 chega ao Kernel Linux 6.18 3

No coração da notícia está o novo driver que habilita o controlador SPI do SpacemiT K1 em modo mestre, tirando proveito de dois FIFOs de 32 entradas (RX e TX). Ele suporta tanto PIO (Programmed I/O) quanto DMA (Direct Memory Access), o que, traduzindo para o dia a dia, significa transferências eficientes, previsíveis e em alta velocidade — sem sobrecarregar a CPU. Pense no SPI como a “língua franca” entre o SoC e o mundo exterior: quando essa conversa flui bem, todo o restante do sistema responde melhor.

Além do caminho “manual” via PIO, a possibilidade de usar DMA é crucial para cargas maiores (por exemplo, ler e gravar em memórias flash ou fazer streaming de dados de sensores) com latência menor e uso de CPU muito mais baixo. O patchset também cuida de detalhes importantes para robustez — thresholds dos FIFOs, timeouts de RX, tratamento de underflow/overflow — que fazem diferença quando o barramento está sob pressão.

Habilitando periféricos na Banana Pi BPI-F3

A boa notícia não para no controlador: o suporte já foi habilitado no device tree da Banana Pi BPI-F3, uma das placas mais visíveis com o SpacemiT K1. Em linguagem prática, isso quer dizer que quem está experimentando a BPI-F3 tem à mão um SPI “pronto para uso” no mainline, sem depender de árvores alternativas. É o tipo de passo que converte uma plataforma promissora em ferramenta de trabalho: você solda um flash SPI ou pluga um display — e o Linux fala com ele.

O impacto para a comunidade é direto: desenvolvedores podem portar drivers de periféricos já existentes, testar novos componentes e validar pipelines de boot a partir de memórias SPI NOR, tudo em cima do kernel upstream. Em uma arquitetura jovem como RISC-V, cada periférico que “entra no mainline” reduz o atrito para quem quer construir produtos ou protótipos sérios.

Maturidade do patchset e referências

O trabalho é assinado por Alex Elder, desenvolvedor experiente no subsistema SPI, e chega à v3 incorporando feedback de mantenedores e revisores — um sinal de maturidade. A série inclui a binding do Device Tree, o driver em si e os nós DTS para o SpacemiT K1 e para a Banana Pi BPI-F3. Para quem quiser mergulhar nos detalhes, vale conferir a thread na lista e o branch com o código:

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