Suporte a controlador SATA e PHY para o SoC Eswin EIC7700 chega ao Kernel Linux

Escrito por
Emanuel Negromonte
Emanuel Negromonte é Jornalista, Mestre em Tecnologia da Informação e atualmente cursa a segunda graduação em Engenharia de Software. Com 14 anos de experiência escrevendo sobre...

Novo driver de PHY e bindings AHCI destravam SATA no Eswin EIC7700 no kernel Linux.

O Kernel Linux está expandindo seu suporte a hardware de armazenamento com a chegada de novos patches para o SoC Eswin EIC7700. A série, assinada por Yulin Lu, introduz o suporte necessário para habilitar o controlador SATA em modo AHCI e uma PHY dedicada da plataforma — em outras palavras, traz a estrada e também o asfalto para que SSDs e HDs possam rodar com estabilidade e velocidade neste SoC. Para quem acompanha upstream, é aquele passo que transforma um “boot de demonstração” em um sistema pronto para uso diário.

Até o momento (23 de setembro de 2025), a série ainda está em revisão no LKML (v4) e não foi mesclada no mainline; por isso, a expectativa realista é que, se os patches forem aceitos pelos mantenedores durante o próximo ciclo de integração, o suporte apareça no Linux 6.18 — o primeiro lançamento após o atual 6.16 — ou, em caso de atrasos, no 6.19. Essa previsão se baseia no status público do patchset (ainda na fila, com discussões ativas sobre bindings e ports-implemented) e no calendário típico de merge windows.

Como o Linux encaixa as peças

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Suporte a controlador SATA e PHY para o SoC Eswin EIC7700 chega ao Kernel Linux 3

O suporte vem em duas frentes. Primeiro, um driver de PHY novo (phy-eic7700-sata.c) cuida da camada física: liga/desliga clocks internos, configura amplitude de transmissão por geração (Gen1/Gen2/Gen3), calibra detecção de perda de sinal e conduz a sequência de reset até o PHY_READY — o famoso “sinal verde” antes de negociar o link. Segundo, entram os Device Tree bindings para o controlador AHCI baseado no IP Synopsys DesignWare (DWC), permitindo que o driver genérico ahci_dwc funcione de forma nativa no EIC7700. Resultado: em vez de reinventar a roda, o Linux reaproveita a infraestrutura de driver já madura, adicionando só o que é específico do chip.

Um detalhe saboroso para quem mexe com DT: a propriedade ports-implemented é mantida no Device Tree. Por quê? Porque, ao remover e inserir o módulo (rmmod/insmod), um reset zera o registrador no hardware e, sem a propriedade, o kernel “esquece” que há uma porta presente. Mantê-la evita esse degrau e garante que o AHCI suba limpo após ciclos de módulo. Essa decisão passou por revisão de mantenedores e foi discutida publicamente — um bom exemplo de como o processo de upstream lapida soluções pragmáticas.

Por que isso importa (e para quem)

Se você está de olho em novas plataformas RISC-V/SoC emergentes ou pensa em produtos embarcados com storage rápido, este avanço coloca o EIC7700 no mapa do mainline: acabou a dependência de forks ou árvores de fornecedor para ter SATA funcional. Como benefício colateral, a manutenção fica mais simples (menos patches fora da árvore), a segurança melhora (correções chegam via kernel vanilla) e o ecossistema ganha escala. Em termos de SEO/descoberta, vale notar: a expressão “Linux SATA driver” aqui não é buzzword — é literalmente a ponte que permite ao kernel conversar com discos de forma padrão e performática.

A série já está na v4, incorporando feedback da comunidade (inclusive Reviewed-by em bindings), e mira uma próxima janela de merge. Não é só um “driver novo”; é o tipo de integração que destrava cenários reais — de NAS compactos a gateways industriais — onde SATA continua sendo a interface de armazenamento preferida pela relação custo/benefício e previsibilidade.

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