
O GNOME, um dos ambientes de desktop mais influentes do Linux, pode estar caminhando para uma mudança significativa: a substituição dos pacotes RPM pelo Flatpak para suas aplicações. A informação surgiu após um comentário de Michael Catanzaro, engenheiro da Red Hat e membro da equipe do GNOME, em resposta a uma discussão sobre a viabilidade dessa transição.
“A remoção dos pacotes RPM das aplicações é meu objetivo de longo prazo, mas não tenho certeza de quão rápido conseguiremos chegar lá.”
A declaração indica que a ideia não apenas está sendo considerada, mas faz parte dos planos futuros do projeto.
O que muda com essa decisão?
Se implementada, a mudança significaria que todas as aplicações GNOME passariam a ser distribuídas via Flatpak. Isso inclui softwares essenciais do ambiente de desktop, alinhando-se à tendência do Fedora, que tem priorizado o Flatpak na distribuição de pacotes.
Essa abordagem, no entanto, não está livre de controvérsias.
Flatpak: solução ou problema?
A adoção do Flatpak como formato principal levanta uma série de discussões dentro da comunidade. Entre os principais pontos levantados estão:
- Aumento da complexidade: Com o GNOME dependendo do Flatpak, usuários podem precisar lidar com diferentes sistemas de empacotamento simultaneamente, como DEB (Debian/Ubuntu), Snap (Canonical) e Flatpak (GNOME/Fedora).
- Impacto no desempenho: Muitos usuários argumentam que o Flatpak introduz sobrecarga de recursos, tornando o sistema mais pesado. Esse ponto é especialmente relevante para distribuições como o Fedora, que já adotam o GNOME como desktop padrão.
- Questões de segurança: A fragmentação do sistema de pacotes pode gerar desafios para a segurança e compatibilidade, especialmente para usuários corporativos que dependem de gestão centralizada de software.
Ubuntu e a disputa com Snap
Outro ponto de incerteza é como a Canonical reagirá a essa mudança. O Ubuntu, uma das distribuições mais populares que utilizam o GNOME como ambiente padrão, tem investido fortemente no Snap, sua própria tecnologia de empacotamento.
Se a transição for adiante, usuários do Ubuntu podem acabar em um cenário em que terão que lidar com pacotes DEB para alguns aplicativos, Flatpak para aplicações GNOME e Snap para pacotes do próprio Ubuntu.
O histórico recente da Canonical mostra que a empresa não hesita em tomar decisões drásticas quando se trata da disputa entre Flatpak e Snap. Um exemplo foi o bug no Ubuntu 24.04, que, segundo relatos, dificultava a instalação de pacotes DEB, favorecendo o uso de Snaps.
O futuro do GNOME com Flatpak
Ainda não há um cronograma definido para essa mudança, mas a discussão já está em andamento e pode ter grandes implicações para o ecossistema Linux. Se o GNOME seguir em frente com essa decisão, distribuições como Fedora, Red Hat e openSUSE terão que se adaptar rapidamente à nova realidade, enquanto outras, como o Ubuntu, podem optar por caminhos diferentes.
Independentemente da posição da comunidade, uma coisa é certa: essa transição pode redefinir a maneira como os usuários interagem com aplicativos GNOME no futuro.