Ameaça digital

Botnet Vo1d infecta 1,6 milhão de Android TVs globalmente

A botnet Vo1d atingiu 1,6 milhão de dispositivos Android TV em 226 países, transformando-os em servidores proxy anônimos. Pesquisadores alertam para criptografia avançada, infraestrutura resiliente e um modelo de "aluguel" de bots para atividades ilegais.

Imagem do Android vermelha

A botnet de malware Vo1d continua sua rápida expansão, infectando aproximadamente 1,6 milhão de dispositivos Android TV em 226 países. Segundo uma investigação do XLab, a operação cresceu significativamente desde novembro de 2024, atingindo seu pico em janeiro de 2025, com 800.000 bots ativos.

Botnet Vo1d expande alcance e infecta Android TVs globalmente

Tamanho do botnet Vo1d ao longo do tempo
Tamanho do botnet Vo1d ao longo do tempo Imagem: XLab

O Vo1d foi inicialmente identificado em setembro de 2024 por especialistas do Dr. Web, que encontraram 1,3 milhão de dispositivos comprometidos, embora o vetor de infecção permaneça desconhecido.

A nova versão do Vo1d incorpora técnicas sofisticadas para evitar detecção e neutralização. A botnet se apoia em criptografia robusta (RSA + XXTEA personalizada), um algoritmo de geração de domínio (DGA) para criar mais de 21.000 domínios de comando e controle (C2) e uma chave RSA de 2048 bits para proteção de comunicação.

Esses aprimoramentos garantem que mesmo que pesquisadores consigam identificar um domínio C2, não poderão controlá-lo para desativar a rede de bots.

Crescimento acelerado e principais países afetados

O Brasil é o país mais impactado pela botnet Vo1d, representando 25% das infecções globais. Outros países fortemente atingidos incluem:

  • África do Sul: 13,6%
  • Indonésia: 10,5%
  • Argentina: 5,3%
  • Tailândia: 3,4%
  • China: 3,1%

Em algumas regiões, como a Índia, o crescimento foi explosivo, saltando de 3.900 para 217.000 dispositivos infectados em apenas três dias.

Modelo de “aluguel e devolução” de bots

Pesquisadores acreditam que operadores do Vo1d “alugam” partes da botnet para terceiros. Esse processo pode explicar flutuações bruscas no número de bots ativos. O ciclo se divide em duas fases:

  1. Fase de locação: Bots são desviados da rede principal e utilizados por terceiros para atividades ilícitas, reduzindo temporariamente a contagem total de infecções.
  2. Fase de retorno: Após o término da locação, os bots são reintegrados à botnet Vo1d, provocando picos de infecção.

Esse método permite que o Vo1d continue lucrando enquanto mantém sua rede de dispositivos ativa e disponível para diferentes operações cibercriminosas.

Principais funcionalidades e riscos da botnet

A botnet Vo1d transforma dispositivos Android TV infectados em servidores proxy anônimos, mascarando a origem de atividades ilegais e permitindo:

  • Fraudes publicitárias: Geração de cliques falsos e visualizações artificiais para inflacionar métricas de anúncios e vídeos.
  • Evasão de restrições: Uso de proxies para contornar bloqueios regionais e filtragem de segurança.
  • Distribuição de malware: Possível expansão para comprometer ainda mais dispositivos IoT e redes residenciais.

Como proteger sua Android TV contra o Vo1d

Embora a forma exata de infecção do Vo1d permaneça incerta, algumas práticas podem reduzir os riscos:

  1. Compre dispositivos de fontes confiáveis para evitar malware pré-instalado.
  2. Mantenha o firmware atualizado para fechar brechas de segurança.
  3. Evite baixar apps de fontes externas fora da Google Play Store.
  4. Desative o acesso remoto caso não seja essencial para o uso.
  5. Isole dispositivos IoT da rede principal para evitar comprometimentos mais amplos.

Seguir essas recomendações pode ajudar a reduzir a exposição ao Vo1d e outras ameaças cibernéticas emergentes.