Distribuições Linux brasileiras, o que aconteceu com elas?

Distribuições Linux brasileiras, o que aconteceu com elas?

Distribuições Brasileiras: uma rápida observação

Num artigo anterior falamos sobre distribuições que deixaram saudades e nos comentários foi lembrada a Big Linux. Isso motivou uma nova postagem, mas agora focando no Brasil. Tivemos grandes distribuições como Conectiva, Kurumin e Big Linux que fizeram seguidores e até hoje são lembradas. Porém, o Linux no Brasil continua e distribuições surgem e vão surgindo e bem ou mal algumas vão deixar de existir.

Empresas tiveram interesse em lançar distros. Aqui citamos dois casos: a CCE com o Satux que já não existe mais e a Itautec com o Librix que igualmente deixou de existir. Hoje existem algumas distros nacionais, mas antes de falarmos das que estão ativas vamos olhar as pioneiras:

Conectiva

Já comentada no artigo anterior, foi pioneira no uso comercial do Linux. Se uniu a Mandrake para o nascimento do Mandriva Linux, uma distro internacional. O Synaptic é uma criação da Connectiva e mais especificamente do brasileiro Alfredo Kojima.

Kurumin

Já comentada, mas vale a pena relembrar, afinal foi a distribuição nacional que trouxe o Linux para os computadores de muitas pessoas. Um projeto do Guia do Hardware sem pretensões e mesmo assim ganhou seu espaço e deixou “herdeiros”.

Big Linux

Foi o sucessor espiritual do Kurumin com o ambiente KDE. Tinha como base o Kubuntu e trazia algumas facilidades como codecs já instalados e o Wine pronto e configurado.
Sua última versão foi a 12.04 que ainda encontra-se disponível para download. Porém, a mesma não tem suporte, servindo apenas para curiosidade .
Apesar da polidez e agradar os órfãos, o Kurumin teve seu fim, um fim digno e fechado com chave de ouro. Um projeto chamado União Livre que lançou a distro Kaiana que no momento está dormente.

Satux

Quem teve um notebook da CCE com Linux conheceu bem esta distribuição. Era desenvolvida pelo Instituto de Tecnologia José Rocha Sérgio Cardoso localizado em Manaus – AM. Sua base era o Debian.
Apesar de encontrarmos criticas sobre o Satux, devemos lembrar que o mesmo foi uma das poucas iniciativas que um fabricante teve para lançar uma distribuição em suas máquinas.
Outro trunfo era o suporte as saudosas placas SIS. Quem teve com certeza nunca esqueceu e o Satux trabalhava bem com elas.
Embora não tenha deixado uma legião de fãs como Kurumin e Big Linux, a Satux teve seu papel no cenário das distribuições brasileiras. Possivelmente se fosse aberto a comunidade poderia ter uma outra história.

Librix

Tal como o Satux foi uma distro desenvolvida pensando em uma empresa, no caso aqui a Itautec o braço de tecnologia do grupo Itaú. Contava com o apoio da Unicamp e diferente de tantas distribuições nacionais era baseada no Gentoo, o que permitiu que mesmo após seu fim os usuários não ficassem órfãos totalmente.

Um olhar sobre as distros ativas

O cenário nacional é dominado pela família DEB especialmente o Ubuntu e isso reflete nas distribuições. Podemos dizer que a maior parte é baseada no Ubuntu ou em algum sabor do mesmo.
A liberdade continua e com ela novas distribuições surgem no horizonte. Apesar das eventuais críticas muitas vezes exageradas, o Brasil tem distribuições ativas que certamente servem para seu público alvo.
A seguir falaremos das principais Distribuições Brasileiras que estão ranqueadas na DistroWatch.

GoboLinux

Não seria correto chamar de uma distribuição brasileira, o mesmo está mais para internacional. Diferente das outras distribuições brasileiras, essa tem seu web site em inglês o que facilita uma cooperação global.
Seu diferencial é a proposta da estrutura dos diretórios. Aqui não “temos” /usr /bin /etc /… e sim /system onde estão localizados os arquivos do sistema como binários e kernel, o /programs onde ficam os programas cada um em sua pasta separada, o que lembra muito a proposta do snap.
O /users que é praticamente o /home. O /date que contém informações que programas e sistema podem precisar. Aqui também está o /var e por fim o /mount que é o diretório de montagem.
Está em primeiro lugar entre as distribuições brasileiras ativas e seu trunfo é o já citado acima sistema de diretórios. Pode não se tornar popular, mas certamente tem tudo para influenciar uma revolução no Linux.

DuZeru, Metamorphose e Kaiana

Kaiana é o resultado da União Livre e como já falado anteriormente seu site encontra-se em reformulação. Se vamos ver uma nova versão? Só o tempo dirá. Tal como o Metarmophose tem o KDE como ambiente padrão, porém sua base é o Kubuntu. O Metarmophose tem uma base Debian, sendo mais específico o ramo testing o que o torna Rolling-Release. O DuZeru tem como base o Debian ramo stable e usa o Xfce como ambiente padrão.
São esforços, algumas vezes coletivos outros de uma pessoa só, mas a seu modo dão contribuição ao software livre.

Um caso a parte: o Linux Educacional

Não aparece na DistroWatch, mas merece ser mencionado. Resultado de uma parceria do MEC com a UFPR, tem sua base nas versões LTS do Ubuntu. Atualmente, usa o ambiente Gnome como padrão e tem seu foco na estabilidade. Cumpre bem seu papel, além de ser uma forma de divulgar o Linux nas escolas brasileiras.

Temos espaço para distribuições nacionais?

Existem distribuições que se consolidaram e hoje o cenário só está confirmando isso. Todavia, isso não significa que o Brasil está fora de cena. Temos desenvolvedores, artistas, tradutores e colaboradores em diferentes funções dando sua contribuição.

Talvez estamos abandonando um pouco a vaidade para focar em projetos e colaboração. Cada distribuição brasileira trouxe e traz alguma ideia útil, mas aqui fica uma primeira crítica: será que um novo recurso justifica criar uma nova distribuição? Não seria melhor cooperar com uma que já existe?

Por outro lado, isso nos leva a segunda crítica agora voltada aos usuários: por qual motivo criticamos tanto quando uma distribuição brasileira é lançada, mas aplaudimos quando um recurso novo é lançado em uma distribuição estrangeira e logo vemos fãs surgindo?

Sim, felizmente não são todos que agem desta maneira, porém precisamos refletir e lembrar que Linux é liberdade e por mais que eu não veja necessidade de uma milésima distribuição baseada no Ubuntu surgir, quem sabe não seja deste projeto que venha uma inovação?

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