TI: Falta de mão de obra é piorada em função do home office

TI: Falta de mão de obra é piorada em função do home office. O trabalho remoto deve aumentar déficit anual.

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Imagem: CIO

No Brasil, anualmente, pelo menos na última década, o déficit de mão de obra em tecnologia da informação (TI) é crescente. De acordo com o Relatório Setorial 2020 Macrossetor de TIC, produzido pela Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), o Brasil forma cerca de 20 000 profissionais ao ano, enquanto a demanda é de 70 000. Por isso o déficit de mão de obra no setor. Além disso, o home office pode agravar ainda mais isso, aumentando ainda mais o déficit de mão de obra no setor de TI.

Para Flávio Azevedo, coordenador da graduação em Tech da ESPM São Paulo, as perspectivas tendem a piorar com a consolidação do home office após a pandemia. Segundo ele, a possibilidade de trabalho em home office, arrasta os profissionais para outras economias mundiais, deixando o Brasil ainda mais descoberto.

Hoje, as empresas brasileiras de TI não estão mais competindo para atrair os profissionais somente no mercado doméstico. Com a pandemia e a aceleração do home office, os profissionais brasileiros são constantemente abordados por companhias estrangeiras. Há uma falta de mão de obra também no exterior e os outros países estão se movimentando. Os profissionais brasileiros estão sobrecarregados e trabalhar no mercado internacional é uma opção cada vez mais atraente.

Além de terem oportunidade “fora do Brasil”, esses profissionais, em muitos casos, acabam recebendo um pouco mais, isso porque o Dólar e o Euro está em alta. Assim, quando convertem para a moeda brasileira, certamente, têm observado um salário até melhor, por exemplo. Em outros casos, na falta de oportunidade nacional, eles podem estar encontrando um escape para conseguirem seu primeiro trabalho, por exemplo.

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Imagem: CIO

Profissionais de TI e a escassez de mão de obra no Brasil

Para Azevedo, parte da solução está na aproximação entre a academia e as empresas, para que as demandas sejam atendidas com mais precisão. Ele aponta que os cursos em TI devem ter grades curriculares que espelhem as atuais demandas das empresas. “Em conjunto, as próprias empresas devem investir mais na capacitação dos seus profissionais, para que novos talentos tenham oportunidades onde já estão. É essencial que isso já comece a ser feito, para termos resultados no médio prazo”.

De acordo com o coordenador da ESPM, a procura pelos cursos técnicos e superiores em TI é alta, mas a evasão também.

O mercado é atraente e sem dúvidas o curso atrai muitos interessados. Porém, o volume de formandos é baixo para as necessidades do Brasil. Duas das principais razões são as dificuldades financeiras dos alunos e de suas famílias, além da própria complexidade do curso. Esses são fatores que também precisam de atenção para superarmos esse quadro negativo.

Assim, talvez seja a hora de medidas mais específicas serem tomados, para aumentar a quantidade de profissionais de TI, de forma a atender a demanda. Além disso, traçar um plano para que eles, mesmo em home office, escolham as empresas brasileiras, ou sejam escolhidos por elas.