A rivalidade histórica entre Apple e Samsung sempre foi um dos capítulos mais curiosos da indústria de tecnologia, mas a próxima geração do iPhone revela uma ironia ainda maior. Para garantir o fornecimento de componentes críticos em meio a uma crise global de semicondutores, a Apple está aumentando de forma significativa sua dependência da memória Samsung no iPhone 17. A decisão não é apenas estratégica, mas também defensiva, em um cenário marcado por alta nos preços de DRAM, escassez produtiva e uma demanda sem precedentes impulsionada pela inteligência artificial. Para o consumidor final, essa movimentação pode impactar diretamente preços, disponibilidade e até a longevidade dos próximos modelos.
O foco imediato da Apple é assegurar estabilidade para o lançamento do iPhone 17, evitando atrasos e flutuações de custo. No entanto, os reflexos dessa escolha se estendem ao iPhone 18, levantando dúvidas sobre até que ponto a empresa conseguirá manter sua política de preços sem repassar aumentos ao público.
A crise silenciosa das memórias RAM
O mercado de memórias vive um dos períodos mais tensos da última década. Em menos de doze meses, o preço médio de módulos de 12 GB de DRAM saltou de cerca de US$ 30 (cerca de R$ 167,00) para aproximadamente US$ 70 (cerca de R$ 391,00), um aumento que pressiona diretamente fabricantes de smartphones premium. Essa valorização não é temporária nem especulativa, ela reflete um desequilíbrio estrutural entre oferta e demanda global.
Para a Apple, que produz dezenas de milhões de unidades por geração, qualquer variação no custo da memória tem impacto imediato nas margens. Garantir contratos estáveis para a memória RAM tornou-se essencial, especialmente quando falamos do uso de LPDDR5X, padrão esperado para os próximos iPhones. Nesse contexto, a memória Samsung no iPhone 17 surge como uma solução capaz de oferecer volume, previsibilidade e padronização técnica.
Além do custo, há a questão da consistência. A Apple trabalha com tolerâncias extremamente rígidas em consumo energético e desempenho sustentado, o que exige módulos de memória com comportamento elétrico praticamente idêntico em escala massiva, algo cada vez mais raro no mercado atual.

O culpado inesperado: A inteligência artificial
O principal fator por trás dessa crise não vem do mercado mobile, mas sim dos data centers. A expansão acelerada da inteligência artificial generativa elevou drasticamente a demanda por HBM (High Bandwidth Memory), utilizada em aceleradores de IA e GPUs de alto desempenho. A produção desse tipo de memória consome capacidade fabril que antes era destinada a soluções móveis como a LPDDR5X.
Como consequência, fabricantes priorizam contratos mais lucrativos com empresas de nuvem e IA, reduzindo a oferta para smartphones. Essa realocação de recursos criou um gargalo que afeta diretamente marcas como a Apple. Apenas empresas com enorme escala industrial conseguem equilibrar essas duas frentes, e a Samsung é hoje a principal delas.
Essa realidade explica por que a Apple optou por concentrar pedidos e reforçar a parceria, tornando a memória Samsung no iPhone 17 um pilar central de sua estratégia de mitigação de riscos.
Por que só a Samsung atende às exigências da Apple?
A escolha da Samsung não se resume a preço ou disponibilidade. Os futuros chips A19 e A20, projetados para o iPhone 17 e o iPhone 18, apresentam alta sensibilidade a variações de tensão, latência e dissipação térmica. Pequenas inconsistências na memória RAM podem comprometer estabilidade do sistema, autonomia de bateria e desempenho em tarefas prolongadas.
Nesse aspecto, a Samsung possui uma vantagem técnica clara. Sua experiência em DRAM, aliada a um controle rigoroso de qualidade e ajustes finos de parâmetros elétricos, permite atender às especificações exigidas pela Apple em larga escala. Concorrentes como Micron e SK Hynix dominam tecnologias avançadas, mas atualmente direcionam grande parte de sua produção para HBM, deixando o segmento mobile em segundo plano.
Outro ponto decisivo é a escala. A Apple precisa de fornecimento contínuo, previsível e padronizado para lançamentos globais. A Samsung, com fábricas distribuídas e capacidade de resposta rápida, consegue sustentar esse volume sem comprometer prazos, algo essencial em um mercado pressionado por escassez.
O impacto no bolso e o futuro do iPhone 18
A grande incógnita é se a Apple conseguirá absorver os custos crescentes da memória sem repassar ao consumidor. Historicamente, a empresa busca diluir aumentos por meio de negociações agressivas e otimização interna, mas a atual conjuntura limita essa margem de manobra.
Ao concentrar pedidos de memória Samsung no iPhone 17, a Apple ganha estabilidade no curto prazo, reduzindo o risco de oscilações abruptas de preço. Por outro lado, essa dependência de um único fornecedor pode diminuir o poder de barganha no médio prazo, especialmente se a crise de oferta se estender até o iPhone 18.
Para o consumidor, os efeitos podem aparecer de forma indireta. Uma possibilidade é a manutenção dos preços com ajustes em diferenciação de modelos, ampliando a distância entre versões padrão e Pro. Outra é um aumento gradual de preços, justificado por ganhos de desempenho, eficiência energética e recursos de software baseados em IA.
Conclusão e impacto para o consumidor
A crescente dependência da Apple da Samsung para o fornecimento de memória RAM representa uma estratégia clara de sobrevivência em uma cadeia de suprimentos cada vez mais pressionada pela inteligência artificial e pela escassez global de semicondutores. A presença da memória Samsung no iPhone 17 simboliza uma mudança silenciosa, mas profunda, na forma como a empresa gerencia riscos técnicos, financeiros e logísticos.
Para o usuário final, essa decisão pode significar dispositivos mais estáveis, com melhor eficiência energética e menor risco de atrasos no lançamento. No entanto, também levanta dúvidas sobre a sustentabilidade dos preços no longo prazo, especialmente se a demanda por hardware de IA continuar crescendo.
Diante desse cenário, fica a reflexão. Você acredita que a Apple conseguirá manter os preços dos próximos iPhones ou o repasse de custos será inevitável? Participe da discussão nos comentários.
