Meta recua no Horizon OS e abre espaço para o domínio do Android XR em headsets

O recuo da Meta pode ter definido o futuro da realidade estendida.

Escrito por
Jardeson Márcio
Jardeson Márcio é Jornalista e Mestre em Tecnologia Agroalimentar pela Universidade Federal da Paraíba. Com 8 anos de experiência escrevendo no SempreUpdate, Jardeson é um especialista...

A Meta surpreendeu o mercado ao recuar de forma silenciosa, porém significativa, em sua estratégia para o Horizon OS, suspendendo na prática o licenciamento do sistema para fabricantes terceiros como Asus e Lenovo. A decisão muda o tabuleiro da realidade estendida e cria uma oportunidade rara para o Android XR, do Google, se consolidar como o principal sistema operacional aberto para headsets de VR e AR. Para usuários, desenvolvedores e parceiros de hardware, o movimento sinaliza não apenas uma reviravolta corporativa, mas um possível redesenho de todo o ecossistema que sustenta a computação espacial.

O recuo estratégico da Meta com o Horizon OS

Quando a Meta anunciou a abertura do Horizon OS para parceiros externos, a iniciativa foi vista como uma tentativa direta de replicar o sucesso do Android no mundo mobile. A promessa era clara, permitir que fabricantes criassem seus próprios dispositivos baseados no sistema usado pela linha Meta Quest, ampliando o alcance da plataforma e fortalecendo um ecossistema compartilhado. No papel, o plano parecia sólido. Na prática, a história tomou outro rumo.

Com o encerramento ou congelamento das parcerias com Asus e Lenovo, fica evidente que a Meta optou por um caminho mais fechado e controlado. A empresa passa a concentrar esforços exclusivamente em hardware próprio, reduzindo riscos de fragmentação, mas também limitando a escala do Horizon OS. Para os parceiros, o cenário se torna incerto, investimentos feitos em pesquisa e desenvolvimento perdem tração, e a dependência de decisões estratégicas da Meta se torna um fator de risco difícil de justificar.

Esse recuo também reforça uma característica histórica da empresa, o controle rígido sobre software, serviços e monetização. Embora isso possa gerar produtos bem integrados, cria barreiras para desenvolvedores e fabricantes que buscam flexibilidade, previsibilidade e alcance global. No contexto atual da realidade estendida, essa postura pode custar caro.

Meta Horizon OS

Por que o Android XR é o grande vencedor?

Com a Meta dando um passo atrás, o Android XR surge como o grande beneficiado desse vácuo estratégico. Diferente do Horizon OS, o sistema do Google nasce apoiado em décadas de experiência com o Android tradicional, um sistema Linux-based que se consolidou justamente pela abertura, colaboração e escala. Esse histórico pesa, e muito, quando o assunto é conquistar fabricantes e desenvolvedores.

Um dos principais diferenciais do Android XR é a integração nativa com a Google Play Store em VR, algo que a Meta nunca conseguiu replicar em termos de diversidade e alcance. A Play Store oferece uma base gigantesca de aplicativos, serviços e ferramentas de desenvolvimento, reduzindo drasticamente a barreira de entrada para novos projetos em realidade estendida. Para desenvolvedores, isso significa maior potencial de monetização e visibilidade. Para usuários, um ecossistema mais rico e dinâmico desde o primeiro dia.

Além disso, o Google adota uma postura mais neutra em relação ao hardware. O Android XR não depende de um único fabricante para existir, o que incentiva a inovação e a concorrência saudável. Em um mercado ainda jovem como o de VR e AR, essa diversidade é essencial para acelerar a adoção e evitar a estagnação tecnológica.

O papel da Samsung e da XREAL nesse novo cenário

Nesse contexto, empresas como Samsung e XREAL ganham protagonismo. A Samsung, com sua longa experiência no ecossistema Android, surge como uma parceira natural para liderar a próxima geração de headsets baseados em Android XR. Sua capacidade de produção em larga escala, aliada ao domínio de componentes como telas e sensores, coloca a empresa em posição estratégica para ditar tendências.

Já a XREAL representa o lado mais experimental e inovador do mercado. Focada em óculos de realidade aumentada e soluções mais leves, a empresa se beneficia diretamente de um sistema aberto, que permite customizações profundas sem as amarras de um ecossistema fechado. A combinação de players consolidados e startups especializadas cria um ambiente fértil para a evolução da realidade estendida sob o guarda-chuva do Android XR.

O futuro da computação espacial e o domínio do Android

O mercado de computação espacial sempre foi marcado por tentativas de controle vertical, onde uma única empresa define hardware, software e serviços. No entanto, a história da tecnologia mostra que, a longo prazo, plataformas abertas tendem a prevalecer. O sucesso do Android em smartphones, do Linux em servidores e até do próprio ecossistema web reforça essa lógica.

Ao recuar no licenciamento do Horizon OS, a Meta parece reconhecer, mesmo que indiretamente, a dificuldade de sustentar um ecossistema fechado em um mercado que ainda precisa crescer. Enquanto isso, o Android XR avança com uma proposta mais alinhada à colaboração, à fragmentação controlada e à liberdade de escolha. Para fabricantes, isso significa menos dependência de uma única empresa. Para desenvolvedores, mais oportunidades. Para usuários, mais opções e inovação constante.

Se a tendência se confirmar, a realidade estendida pode seguir um caminho semelhante ao dos smartphones, com o Android dominando a base instalada e diferentes fabricantes disputando espaço por meio de design, recursos e preço. Nesse cenário, a Meta ainda terá relevância com seus dispositivos Meta Quest, mas dificilmente será a força central que dita as regras do mercado.

O recado é claro, na próxima fase da computação espacial, vencerá quem oferecer abertura, escala e um ecossistema verdadeiramente vibrante. E, hoje, todos os sinais apontam para o Android XR como o principal candidato a ocupar esse posto.

E você, prefere um futuro dominado por sistemas fechados ou acredita que o Android XR é o caminho mais saudável para VR e AR? Deixe sua opinião nos comentários e participe da discussão.

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