A decisão da Netflix de alterar a forma como milhões de pessoas assistem ao conteúdo da plataforma pegou usuários de surpresa. Essa mudança afeta diretamente o uso cotidiano do serviço por quem transmite conteúdo do celular para a TV. O recurso de transmissão sempre foi uma forma prática de transformar qualquer tela grande em um reprodutor de séries e filmes, especialmente para quem viaja, visita amigos ou simplesmente prefere navegar pelo catálogo no smartphone. Agora, com essa remoção recente, a plataforma impõe novos limites e muda a dinâmica de uso para grande parte dos assinantes.
A decisão gera impacto porque o recurso de transmissão Netflix, antes acessível a praticamente qualquer TV moderna, passa a não funcionar na maioria dos dispositivos compatíveis. O objetivo deste artigo é explicar o que mudou, quais TVs e aparelhos perderam o suporte, quais ainda funcionam, e por que essa decisão pode fazer parte de uma estratégia maior de controle de contas e proteção de DRM.
A mudança ocorre em um momento em que a empresa intensifica sua política de combate ao compartilhamento de senhas, além de reforçar as regras de uso por residência principal. A remoção do casting aprofunda a percepção de que a plataforma está adotando uma postura mais restritiva, aproximando-se cada vez mais do uso obrigatório de aplicativos nativos para controle preciso de localização e comportamento do usuário.

O que mudou: Netflix desativa o casting em dispositivos móveis
De acordo com as páginas de ajuda atualizadas da empresa, o botão de transmissão deixou de funcionar para a maior parte das TVs inteligentes e dispositivos de streaming quando acionado a partir dos aplicativos móveis de Android e iOS. A Netflix afirma que o suporte ao casting agora é limitado, dependendo tanto do modelo da TV quanto do plano de assinatura utilizado pelo assinante.
Essa alteração significa que o antigo método de tocar no ícone de transmissão e enviar o conteúdo diretamente para a TV não está mais disponível na grande maioria dos dispositivos. O que antes era um processo universal e simplificado passa a ser restrito por critérios pouco transparentes para o usuário comum, o que reforça a percepção de uma mudança estratégica e não apenas técnica.
Quem está fora: a lista de TVs e dispositivos que perderam o suporte
A informação mais relevante e crítica para o usuário é que praticamente todas as TVs modernas perderam a compatibilidade com o casting a partir dos apps móveis. Isso inclui modelos de marcas populares como Samsung, LG, Sony, TCL e outras fabricantes que utilizam sistemas como Tizen, webOS, Roku, Fire TV, Android TV e Google TV.
Além das TVs, dispositivos de streaming amplamente utilizados também deixaram de suportar o recurso, como Fire TV Stick, Roku Stick, Apple TV, caixas Android genéricas e set-top boxes de operadoras.
Em resumo, a remoção atinge todos os dispositivos que dependem de aplicativos próprios e não do protocolo Google Cast. Na prática, a empresa quer que o usuário utilize o aplicativo nativo da plataforma diretamente na TV ou no dispositivo de streaming, eliminando a possibilidade de controlar a reprodução via smartphone.
As exceções: quem ainda pode usar o recurso?
Apesar das restrições amplas, algumas exceções permanecem. A principal é o suporte limitado a televisores e dispositivos que implementam Google Cast de maneira nativa. Isso inclui modelos de TVs com suporte integrado ao protocolo e, em alguns casos, aparelhos que utilizem versões mais antigas do Chromecast.
No entanto, até mesmo essas exceções têm suas próprias regras. A Netflix esclarece que somente assinantes do plano sem anúncios podem usar o recurso em dispositivos compatíveis com Google Cast. Isso faz com que o benefício seja duplamente restrito, criando uma separação clara entre os planos e reforçando o controle sobre como o conteúdo é exibido.
Com isso, o cenário atual é simples: o fim do casting Netflix afeta quase todos os usuários, exceto uma parcela que utiliza equipamentos específicos e está em planos mais caros.
A provável razão: controle de contas e compartilhamento de senhas
A mudança está alinhada à trajetória da empresa nos últimos anos. Depois da ofensiva contra o compartilhamento de senhas e das limitações relacionadas à residência principal, a remoção do casting parece seguir a mesma lógica. O objetivo é reforçar o controle sobre onde e como o conteúdo é exibido.
Vale lembrar que a Netflix já havia removido o suporte ao AirPlay, recurso nativo do ecossistema Apple, em 2019. Na época, a justificativa incluía limitações técnicas e demandas de DRM, argumento semelhante ao atual. A empresa utiliza a proteção de conteúdo como base para decisões que reduzem a flexibilidade do usuário, especialmente quando essas flexibilidade permite contornar mecanismos de detecção de localização ou de residência principal.
Ao proibir o casting em planos com anúncios, a plataforma reforça também a proteção de contratos publicitários. A exibição precisa contabilizar impressões, métricas e relatórios. Transmitir conteúdo via cast elimina parte desse controle.
Outro ponto relevante é que apps nativos em TVs permitem monitorar padrões de uso com mais precisão, algo que se torna mais difícil quando o celular age como intermediário. Essa precisão alimenta tanto decisões de produto quanto acordos comerciais e algoritmos de recomendação.
O impacto no usuário: por que isso complica a vida de quem viaja?
Entre os cenários mais afetados está o uso da plataforma fora da residência principal. Quem viaja frequentemente, se hospeda em hotéis ou visita parentes e amigos muitas vezes depende do casting para assistir à Netflix sem precisar logar diretamente na TV do local.
Com a restrição da Netflix no celular, o usuário agora encontra barreiras consideráveis para reproduzir o conteúdo na tela disponível. Em muitos casos, o aplicativo nativo da TV estará desatualizado, incompatível ou exigirá login direto. Isso levanta riscos de privacidade e segurança, já que muitos usuários preferiam o casting justamente para evitar inserir suas credenciais em TVs públicas ou de terceiros.
Além disso, em locais onde a TV não possui app da Netflix ou utiliza um sistema lento, o casting funcionava como um atalho essencial. A retirada desse método força o usuário a depender exclusivamente da infraestrutura instalada na TV, que nem sempre é confiável.
Conclusão: o futuro do streaming com restrições
A remoção do casting no aplicativo móvel não é apenas uma mudança técnica, mas parte de uma estratégia maior de controle que a Netflix vem aplicando ao longo dos últimos anos. A empresa agora força cada vez mais o uso de aplicativos nativos em TVs e dispositivos, onde pode garantir localização precisa, métricas detalhadas e maior segurança contra compartilhamento de contas.
A tendência aponta para um futuro onde recursos considerados básicos, como transmitir um vídeo do celular para a TV, deixam de ser padrão para se tornarem diferenciais controlados segundo o plano, o dispositivo e o contexto de uso. Fica claro que o objetivo é restringir caminhos alternativos que permitam driblar limitações ou flexibilizar a experiência fora da residência principal.
Agora queremos ouvir você. Como essa mudança afeta o seu uso diário? Acredita que a Netflix está indo longe demais nas estratégias de controle? Deixe sua opinião e participe da discussão sobre o futuro do streaming e suas novas restrições.
