NVIDIA torna software Aerial open source para acelerar pesquisa de 6G nativo de IA

NVIDIA abre o Aerial sob Apache 2.0 e leva a pesquisa de redes nativas de IA para todos, com DGX Spark e Sionna criando um “laboratório 6G em uma caixa”.

Escrito por
Emanuel Negromonte
Emanuel Negromonte é Jornalista, Mestre em Tecnologia da Informação e atualmente cursa a segunda graduação em Engenharia de Software. Com 14 anos de experiência escrevendo sobre...

A NVIDIA acaba de anunciar um movimento estratégico que promete remodelar a indústria de telecomunicações: seu software NVIDIA Aerial — incluindo o Aerial CUDA-Accelerated RAN e o Aerial Framework — está se tornando código aberto (Apache 2.0). Traduzindo: sai o modelo de inovação fechado e proprietário; entra um modelo aberto, colaborativo e impulsionado por IA, no mesmo espírito do que a empresa fez com a computação de IA. Isso derruba barreiras de acesso e permite que equipes construam e testem redes nativas de IA no ritmo da própria IA.

Quebrando o modelo proprietário das telecomunicações

Historicamente, o avanço de 4G/5G foi guiado por licenças caras, hardware dedicado e tempos de P&D que se mediam em meses (ou anos). Ao abrir o código do Aerial sob Apache 2.0, a NVIDIA libera componentes críticos — CUDA-Accelerated RAN, Aerial Omniverse Digital Twin (AODT) e o novo Aerial Framework — para qualquer pesquisador ou empresa experimentar, modificar e montar uma RAN full-stack acelerada por GPU. Há ainda um roteiro claro: o código deve chegar ao GitHub já em dezembro, enquanto o AODT tem lançamento aberto previsto para março de 2026. É um divisor de águas: democratiza a pesquisa e encurta o caminho do laboratório à implantação real.

A ferramenta-chave: dgx spark, o “laboratório 6g em uma caixa”

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Imagem: NVIDIA DGX Spark

Para tornar essa abertura realmente acessível, a NVIDIA posiciona o NVIDIA DGX Spark — “o menor supercomputador de IA do mundo” — como a base de mesa para executar o Aerial e o NVIDIA Sionna Research Kit. Em um desktop, o Spark entrega até 1 petaflop de IA, 128 GB de memória unificada e capacidade para rodar modelos de até 200 bilhões de parâmetros, transformando qualquer bancada em um laboratório 6G em uma caixa. Resultado: configurar uma rede 5G funcional, treinar/ajustar modelos e iterar algoritmos em horas, não em meses.

Essa equação fica ainda mais interessante porque o Sionna Research Kit (e a biblioteca Sionna) agora rodam no DGX Spark — além do Jetson AGX Orin — juntando tudo que um time precisa: do user equipment às antenas, passando por rádio e core. E quem precisar validar no “mundo físico” pode usar o Aerial Testbed com suporte ao DGX Spark (e aos superchips NVIDIA GH200), fazendo testes over-the-air em uma pilha 5G/6G full-stack acelerada por CUDA.

Como o código aberto muda o jogo do 6g

A abertura do Aerial não é apenas “publicar repositórios”. O pacote inclui:

  • Aerial Framework: converte código Python em CUDA de alto desempenho para rodar em plataformas NVIDIA Aerial RAN — um atalho gigantesco entre pesquisa e produção.
  • Modelos neurais prontos (por exemplo, estimativa de canal avançada) para melhorar significativamente o desempenho sem fio.
  • Uma estrutura de dApps que dá a aplicações de terceiros acesso, em tempo real, aos dados da camada física via APIs seguras — permitindo que agentes de IA modifiquem o comportamento da RAN no edge.
  • Pipelines personalizáveis em módulos, para você trocar peças seletivamente e compor uma RAN full-stack ao seu modo.

Na prática, é a primeira pilha sem fio nativa de IA “made in USA” usada para demonstrar aplicações 6G como agilidade de espectro e comunicações com detecção integrada — e um convite para inovadores muito além do núcleo telco (edge AI, IA física, agentes autônomos).

Construir o 6g “no ritmo da ia”

A visão é clara: IA-RAN como padrão de arquitetura, com agentes de IA autônomos orquestrando rádio, espectro e energia em tempo real. Com o Aerial aberto e o DGX Spark acessível, a indústria pode praticar um ciclo rápido de simular → testar OTA → implantar, reduzindo atrito entre pesquisa e produto. Não por acaso, a AI-RAN Alliance destaca que o combo “Aerial open source + DGX Spark” é um habilitador crucial para elevar eficiência espectral e desempenho da rede em um ritmo sem precedentes — o tipo de velocidade que a próxima década de serviços conectados vai exigir.

Por que isso importa agora

Em termos simples, o 6G não será apenas “mais 5G”: será definido por software e nativo de IA, com decisões dinâmicas feitas por modelos que aprendem na borda. Ao abrir o Aerial e oferecer um “laboratório 6G em uma caixa”, a NVIDIA remove o pedágio de licenças e hardware proprietário e convida o ecossistema inteiro para construir junto — universidades, operadoras, startups e hyperscalers. Se o 5G nasceu com freios regulatórios e de propriedade intelectual, o 6G nasce colaborativo e acelerado por GPU, com o Código Aberto como linguagem franca e CUDA como motor de performance.

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