Rumores recentes divulgados pela Bloomberg indicam que a Apple está desenvolvendo um novo recurso para o iPhone 18 e o Apple Watch, permitindo que usuários acessem mapas via satélite completos, mesmo em locais sem sinal de celular. Esse avanço vai muito além do atual SOS de Emergência introduzido no iPhone 14 e marca um passo importante rumo a uma nova era de conectividade.
Mas essa não é uma história exclusiva da Apple. O que está por trás dessa novidade é uma revolução tecnológica maior, chamada Redes Não Terrestres (NTN) 5G, uma das vertentes mais promissoras da evolução do 5G, que promete levar internet e comunicação a qualquer lugar do planeta, sem depender de torres de celular.
Neste artigo, vamos explicar de forma clara o que são as Redes Não Terrestres (NTN) 5G, como funcionam, quais são os desafios técnicos, e o mais importante, o que Google, Android e outros grandes players estão fazendo para disputar essa nova fronteira da conectividade global.

O que são redes não terrestres (ntn)?
As Redes Não Terrestres (NTN) 5G, do inglês Non-Terrestrial Networks, são uma extensão do ecossistema 5G tradicional, projetadas para funcionar sem depender de infraestrutura terrestre. Em vez de torres e antenas fixas, a transmissão de dados é feita através de satélites, drones e balões estratosféricos, criando uma cobertura global e contínua.
Enquanto as redes móveis convencionais cobrem áreas urbanas e rodovias, as NTN 5G visam preencher as lacunas de conectividade em regiões remotas, montanhosas, oceânicas ou afetadas por desastres naturais. Em outras palavras, o objetivo é simples: eliminar os “pontos cegos” do planeta.
Essa abordagem é diferente dos antigos telefones via satélite, que exigiam dispositivos grandes, caros e específicos. O padrão NTN 5G, definido pelo consórcio 3GPP, foi criado justamente para integrar a conectividade por satélite aos smartphones comuns, permitindo que celulares padrão se comuniquem diretamente com satélites de baixa órbita, como se fossem torres distantes.
Além do SOS de emergência: a verdadeira promessa do NTN 5G
O atual recurso de SOS de Emergência via satélite, disponível em alguns iPhones, é apenas uma primeira geração limitada dessa ideia. Ele permite enviar mensagens curtas de texto, de baixa largura de banda, quando o usuário está fora de área. Embora útil em situações críticas, é um sistema ainda restrito e manual, exige que o usuário aponte o celular para o céu e espere a conexão com o satélite.
Com o avanço do NTN 5G, essa comunicação será nativa, automática e muito mais ampla. O padrão foi desenvolvido para suportar comunicação bidirecional, transmissão de dados, imagens e até mapas offline com atualização dinâmica, usando o mesmo chip e antena dos celulares modernos.
Em essência, a promessa do NTN 5G é simples, mas revolucionária: permitir que qualquer smartphone comum tenha conectividade global, do topo do Himalaia a uma fazenda no interior do Brasil.
A corrida pela conectividade via satélite não é só da Apple
Embora a Apple tenha popularizado a ideia de conectividade via satélite, o ecossistema Android e outras empresas do setor de telecomunicações já estão se movendo rapidamente na mesma direção. E, em alguns casos, até com soluções mais abertas e ambiciosas.
Google e o suporte nativo no Android
A Google foi uma das primeiras a perceber o potencial dessa integração. A partir do Android 14, o sistema operacional passou a oferecer suporte nativo para conectividade via satélite, aprimorado nas versões subsequentes. Isso significa que o Android agora reconhece automaticamente quando o aparelho está conectado a um satélite, ajustando sua interface, tempo de resposta e consumo de energia.
Na prática, isso permite que os fabricantes de smartphones como Samsung, Xiaomi, Motorola e Nothing, implementem o recurso sem depender de soluções proprietárias. Além disso, chips Snapdragon da Qualcomm já incluem modems compatíveis com NTN, como o Snapdragon X70 e X75, capazes de se conectar tanto a torres 5G quanto a satélites de baixa órbita.
Essa padronização no Android pode acelerar significativamente a adoção da tecnologia, tornando o NTN 5G acessível a um número muito maior de usuários e fabricantes.
Outros players importantes: Starlink, T-Mobile e a briga das frequências
Fora do universo dos smartphones, empresas como a SpaceX estão investindo pesado em conectividade “Direct to Cell”. A Starlink, em parceria com a T-Mobile, já iniciou testes nos Estados Unidos que permitem o envio de mensagens e dados diretamente entre celulares comuns e a constelação de satélites da empresa.
Enquanto isso, a Apple mantém parceria com a Globalstar para sua rede de emergência. No entanto, a expansão para mapas e dados exigirá licenças de frequência mais amplas e acordos regulatórios complexos. Cada país possui regras próprias sobre o uso do espectro, o que torna a implementação global um desafio técnico e jurídico.
O que está em jogo é enorme: quem dominar a infraestrutura NTN 5G poderá oferecer conectividade universal, independentemente de operadora ou país.
O futuro: mapas, mensagens com fotos e APIs para todos
Com o rumor de que o iPhone 18 e o Apple Watch poderão baixar e atualizar mapas via satélite, a conectividade NTN entra em uma nova fase. Não se trata mais apenas de mensagens de emergência, mas de uso cotidiano, incluindo apps de navegação, trilhas, segurança e comunicação.
O desafio de eliminar a “antena visível”
Atualmente, a comunicação via satélite exige linha direta de visão, o usuário precisa manter o celular apontado para o céu, sem obstáculos. Isso acontece porque os sinais de satélite são extremamente fracos ao atingir o solo e não conseguem atravessar prédios, telhados ou mesmo janelas metálicas.
O futuro do NTN 5G busca resolver isso. Segundo rumores, a Apple e seus parceiros estariam desenvolvendo novas antenas internas capazes de melhorar o ganho de sinal, enquanto constelações de satélites de órbita ainda mais baixa reduziriam a latência e aumentariam a potência do sinal recebido.
O objetivo final é simples, mas ambicioso: permitir que o celular se conecte ao satélite automaticamente, mesmo dentro de casa ou no bolso do usuário.
O impacto para desenvolvedores: APIs de satélite
Outra novidade promissora seria a criação de APIs de satélite para desenvolvedores. Isso permitiria que aplicativos de terceiros, como AllTrails, Strava, Google Maps, WhatsApp ou Telegram, pudessem enviar e receber dados via satélite sem depender de sinal de operadora.
Com isso, imagine um futuro em que um aplicativo de trilhas possa compartilhar sua localização em tempo real com amigos, ou um app de meteorologia atualize dados de tempestades via satélite, mesmo em áreas isoladas.
Essa abertura de APIs poderá transformar a forma como os apps se comportam em modo offline, integrando o espaço à experiência digital cotidiana.
Conclusão: a conectividade NTN 5G é o novo padrão?
O avanço das Redes Não Terrestres (NTN) 5G marca o início de uma nova era da conectividade móvel. O que antes era limitado a missões espaciais e dispositivos de emergência começa a se tornar um recurso padrão em smartphones premium, tanto no iOS quanto no Android.
Essa tecnologia não pretende substituir o 5G tradicional nas cidades, mas sim complementá-lo, garantindo cobertura global em áreas rurais, oceanos, zonas de desastre e regiões sem infraestrutura.
Em um futuro não tão distante, será possível enviar mensagens, fotos e mapas de qualquer lugar da Terra, usando apenas um celular comum, algo impensável há poucos anos.
E você?
Acha que a conectividade via satélite direta no celular será uma revolução para todos ou continuará um recurso caro e de nicho?
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