A fabricante de notebooks Malibal fez duras críticas à comunidade coreboot, apelando para que o uso do projeto seja interrompido. Além disso, a empresa anunciou que não usará mais processadores AMD, devido ao fato de um dos líderes do coreboot trabalhar na AMD. Malibal também interrompeu as vendas de seus produtos para a Alemanha, Polônia e o estado do Texas, locais onde estão registradas as empresas 9Elements, AMD e 3mdeb, com as quais a Malibal teve uma experiência negativa. A empresa declarou ainda que vai banir qualquer pessoa que apoie o projeto coreboot, seja contribuindo com código, doações ou participando de suas atividades.
Um dos representantes da Malibal criticou os altos custos de consultoria, a resistência à adaptação por parte deles e a recusa em fornecer uma estimativa clara dos custos totais do projeto. Ele afirmou que, após mais de seis meses de colaboração, nenhuma linha de código foi escrita para adaptar o coreboot aos notebooks da Malibal.
Em resposta, o líder do projeto coreboot expressou surpresa com as alegações, afirmando que a Malibal não pagou nada à comunidade, não houve contratos firmados e nem tarefas técnicas definidas. O envolvimento da comunidade se limitou à análise gratuita do trabalho já realizado pela Malibal e à avaliação dos desafios. Diante disso, as empresas de consultoria envolvidas decidiram não continuar a colaboração.
Christian Walter, chefe de desenvolvimento de firmware na 9elements e fundador da OSFW Foundation, pediu desculpas caso seu envolvimento tenha sido interpretado como arrogância, explicando que o inglês não é sua língua nativa e que ele, às vezes, envia mensagens com erros de digitação por estar respondendo via telefone.
Walter também esclareceu detalhes técnicos, negando a afirmação da Malibal de que havia fornecido uma solução pronta que apenas necessitava de ajustes. Segundo ele, o firmware enviado pela Malibal não funcionava e nem sequer iniciava no notebook fornecido. A equipe da 9elements teve que criar e instalar um novo firmware para conseguir ligar o dispositivo. O código enviado, ao que parece, nunca havia sido testado.
Após conseguir carregar o sistema, foi confirmado que o firmware era inoperante, deixando a placa-mãe presa em um estado de reinicialização contínua. Walter ressaltou que o trabalho com a versão do firmware estava longe de ser concluído e que a 9elements não cobrou por as análises e testes realizados, retornando o dispositivo para a Malibal. Ele afirmou ainda que toda a comunicação foi documentada e que pode fornecer provas da infundada natureza das acusações da Malibal.
Além disso, o projeto GNU Boot relatou a descoberta de um microcódigo proprietário no primeiro lançamento preliminar do GNU Boot. O GNU Boot é um projeto que, baseado no código do coreboot, Libreboot e Canoeboot, visa criar uma solução totalmente livre de software proprietário. O problema foi detectado no pacote vboot, usado no coreboot, e no vboot-utils, que faz parte de muitos sistemas GNU/Linux. Esse microcódigo proprietário, encontrado nos dados de testes, pode violar regras que proíbem a inclusão de componentes proprietários em repositórios de software livre.