O kernel Linux está se preparando para uma nova geração de SoCs da Qualcomm, com a chegada de uma série de patches que adiciona o suporte de display inicial para a plataforma — ainda não anunciada — de codinome “Glymur”. Em termos práticos, isso significa começar a colocar de pé o caminho para acender a tela: habilitar o MDSS (Mobile Display SubSystem), configurar a DPU (Display Processing Unit) e conectar saídas como DisplayPort dentro do driver open-source MSM DRM. Parece básico? É o primeiro passo sem o qual não existe boot gráfico — e, sem tela, não há “vida” visível no dispositivo.
Habilitando o subsistema de display da plataforma “Glymur”

A novidade chega em forma de um conjunto coordenado de mudanças:
- Novos Device Tree bindings para descrever o MDSS do Qualcomm Glymur — é o dicionário que conta ao kernel “o que existe e onde fica” no hardware.
- A configuração da DPU para o Glymur, informando capacidades, blocos de mistura (mixers), ping-pong, trilhas de banda e os limites de largura de linha necessários para compor quadros com eficiência.
- Compatíveis específicos para DisplayPort, já que o Glymur traz controladores com endereços e layout próprios; em outras palavras, não é plug-and-play com as gerações anteriores.
Se você está imaginando isso como uma reforma elétrica antes de ligar os lustres, é por aí: primeiro passam os cabos (bindings), depois instalam os disjuntores e quadros (DPU/MDSS), e só então testam as luminárias (saídas DP/DSI). O resultado é um driver de display apto a inicializar vídeo e falar com os painéis — a base sobre a qual virão ajustes finos, aceleração e recursos avançados.
O que muda em relação ao SM8750 (e por que isso importa)
O Qualcomm Glymur aparece como uma evolução do SM8750 (a plataforma do Snapdragon X Elite): há um “bump” de versão menor no bloco de display e diferenças nos números/offsets dos IPs da DPU. Na prática, mudanças “pequenas” no silício quebram a compatibilidade binária — por isso o MSM DRM precisa de novos compatíveis e catálogos de hardware para reconhecer corretamente cada bloco.
Para quem acompanha o ecossistema, o recado é claro: o time de upstream já está alinhando o Qualcomm Glymur Linux no estágio em que o hardware começa a ser integrado — sinal de que placas de desenvolvimento, laptops ARM e até smartphones com esse SoC poderão, quando chegarem, dar vídeo no Linux com muito menos atrito.
Um trabalho de base para futuros dispositivos
Convém lembrar: suporte inicial não quer dizer “tudo pronto”. Elementos como UBWC (compressão de buffer), ajustes de clock, perfis de energia e integrações de Device Tree por placa costumam vir em ondas subsequentes. A boa notícia? Essa primeira leva já abre a trilha para que fabricantes e comunidade:
- bring-up de protótipos com imagem na tela;
- validem painéis DSI e saídas DisplayPort;
- testem pipelines de composição, compressão e espelhamento;
- coletem métricas de desempenho e consumo para o afinamento das próximas revisões.
Em suma, é aquele momento em que o projeto deixa de ser rumor e vira código revisável. Para o usuário final, a consequência chega mais adiante; para desenvolvedores e distribuidores, é agora que começa a fase divertida — integrar, testar, aparar arestas e transformar um driver de display “mínimo viável” em uma experiência sólida.