Qualcomm vence Arm: o fim da disputa e o futuro dos chips

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Jardeson Márcio
Jardeson Márcio é Jornalista e Mestre em Tecnologia Agroalimentar pela Universidade Federal da Paraíba. Com 8 anos de experiência escrevendo no SempreUpdate, Jardeson é um especialista...

Entenda o que a decisão judicial a favor da Qualcomm na disputa com a Arm significa para o futuro dos processadores e do Windows on Arm.

A Qualcomm declarou recentemente uma “vitória completa” sobre a Arm em uma das batalhas judiciais mais acompanhadas da indústria de tecnologia. A decisão encerra um impasse que começou em 2022 e que colocava em xeque não apenas bilhões de dólares em investimentos, mas também o futuro da inovação em processadores baseados em arquitetura Arm.

Mais do que uma simples disputa contratual, esse caso envolvia a capacidade da Qualcomm de levar adiante sua estratégia com a tecnologia adquirida por meio da Nuvia, uma startup vista como peça-chave para enfrentar gigantes como Apple e Intel. Com a vitória, a empresa ganha liberdade para seguir desenvolvendo seus núcleos Oryon, que já estão presentes nos novos notebooks Snapdragon X Elite e em toda a aposta da Microsoft nos Copilot+ PCs.

Neste artigo, vamos explicar o contexto da disputa, o papel da Nuvia, os detalhes técnicos da briga de licenciamento, e o que essa vitória significa para o futuro da Qualcomm, da Arm e da indústria de semicondutores como um todo.

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Imagem: GSMArena

O início da batalha: por que a Arm processou a Qualcomm?

A disputa teve início em 2022, quando a Arm entrou com uma ação contra a Qualcomm, questionando os direitos da empresa sobre a tecnologia da recém-adquirida Nuvia.

O ponto central era simples: a Arm alegava que a Qualcomm não tinha direito automático de herdar a licença da Nuvia, já que ela era intransferível. Para a Arm, a Qualcomm precisaria firmar um novo contrato de licenciamento, obviamente mais caro e em condições distintas, para usar os núcleos criados pela equipe da Nuvia.

A aquisição da Nuvia: a peça-chave do quebra-cabeça

A Nuvia era uma startup fundada em 2019 por ex-engenheiros da Apple, responsáveis pelos revolucionários chips Apple Silicon da série M, que mudaram o mercado de PCs ao oferecer alto desempenho aliado a baixo consumo de energia.

Vendo nisso uma oportunidade estratégica, a Qualcomm adquiriu a Nuvia em 2021 por US$ 1,4 bilhão. O objetivo era claro: usar o know-how dessa equipe para criar seus próprios núcleos de CPU de alta performance, batizados de Oryon, em vez de depender apenas dos designs de núcleos padrão oferecidos pela Arm.

A disputa de licenciamento: arquitetura vs. núcleo

Para entender a briga, é importante separar dois conceitos:

  • Licenciamento de arquitetura: dá à empresa o direito de projetar seus próprios núcleos usando a linguagem e instruções da Arm.
  • Licenciamento de núcleo: dá acesso direto aos núcleos prontos criados pela Arm, sem a possibilidade de customização profunda.

A Arm argumentava que os núcleos desenvolvidos pela Nuvia não poderiam ser transferidos para a Qualcomm, invalidando a licença existente. Já a Qualcomm defendeu que sua licença de arquitetura já lhe dava plenos direitos de desenvolver processadores com núcleos próprios — e que a compra da Nuvia não mudava essa equação.

A ‘vitória completa’: o que a justiça decidiu?

O caso foi julgado no Tribunal de Delaware, nos Estados Unidos, e passou por várias etapas.

Em dezembro de 2024, um júri decidiu a favor da Qualcomm, rejeitando as principais alegações da Arm. Agora, em setembro de 2025, a corte confirmou essa decisão ao rejeitar a última contestação da Arm, encerrando o processo judicial.

Com isso, a Qualcomm celebrou a “vitória completa”, afirmando que a decisão garante segurança jurídica para continuar investindo em seus processadores customizados. Para a empresa, a sentença representa mais do que uma vitória legal: é um marco que valida sua estratégia de inovação.

O impacto no mundo real: Snapdragon X Elite e o futuro do Windows on Arm

A vitória da Qualcomm chega em um momento crucial para o mercado. Em 2024, a empresa lançou os processadores Snapdragon X Elite e X Plus, baseados nos núcleos Oryon, projetados pela equipe da Nuvia.

Esses chips são o coração dos novos Copilot+ PCs, notebooks com Windows on Arm otimizados para inteligência artificial e que prometem competir de frente com o ecossistema Apple Silicon.

Com a decisão judicial, a Qualcomm não apenas assegura a continuidade desses projetos, mas também fortalece toda a estratégia da Microsoft em promover o Windows on Arm como uma alternativa viável ao modelo tradicional baseado em x86 da Intel e da AMD.

Além disso, a vitória pode estimular outras empresas a explorar designs customizados sob licença de arquitetura da Arm, diversificando o mercado e acelerando a inovação em semicondutores.

Conclusão: um novo capítulo na indústria de chips?

A vitória da Qualcomm sobre a Arm não representa apenas o fim de um processo judicial. É um marco que define os rumos da indústria de processadores nos próximos anos.

Ao garantir o direito de usar os núcleos Oryon desenvolvidos pela Nuvia, a Qualcomm abre caminho para competir de igual para igual com a Apple e se consolidar como protagonista em PCs de alto desempenho.

Para a Arm, o desfecho é um revés significativo, já que pode enfraquecer sua posição em futuras negociações de licenciamento. Ainda assim, a empresa continua sendo a base da maioria dos chips do mercado, do smartphone ao data center.

O que está claro é que o setor de semicondutores entra em uma nova fase, onde Windows on Arm pode finalmente se tornar competitivo e onde a Qualcomm tem agora uma chance real de mudar o jogo.

E você, o que acha dessa decisão? Acredita que a Qualcomm tem condições de rivalizar diretamente com a Apple no mercado de PCs? Deixe sua opinião nos comentários!

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