A Qualcomm declarou recentemente uma “vitória completa” sobre a Arm em uma das batalhas judiciais mais acompanhadas da indústria de tecnologia. A decisão encerra um impasse que começou em 2022 e que colocava em xeque não apenas bilhões de dólares em investimentos, mas também o futuro da inovação em processadores baseados em arquitetura Arm.
- O início da batalha: por que a Arm processou a Qualcomm?
- A aquisição da Nuvia: a peça-chave do quebra-cabeça
- A disputa de licenciamento: arquitetura vs. núcleo
- A ‘vitória completa’: o que a justiça decidiu?
- O impacto no mundo real: Snapdragon X Elite e o futuro do Windows on Arm
- Conclusão: um novo capítulo na indústria de chips?
Mais do que uma simples disputa contratual, esse caso envolvia a capacidade da Qualcomm de levar adiante sua estratégia com a tecnologia adquirida por meio da Nuvia, uma startup vista como peça-chave para enfrentar gigantes como Apple e Intel. Com a vitória, a empresa ganha liberdade para seguir desenvolvendo seus núcleos Oryon, que já estão presentes nos novos notebooks Snapdragon X Elite e em toda a aposta da Microsoft nos Copilot+ PCs.
Neste artigo, vamos explicar o contexto da disputa, o papel da Nuvia, os detalhes técnicos da briga de licenciamento, e o que essa vitória significa para o futuro da Qualcomm, da Arm e da indústria de semicondutores como um todo.

O início da batalha: por que a Arm processou a Qualcomm?
A disputa teve início em 2022, quando a Arm entrou com uma ação contra a Qualcomm, questionando os direitos da empresa sobre a tecnologia da recém-adquirida Nuvia.
O ponto central era simples: a Arm alegava que a Qualcomm não tinha direito automático de herdar a licença da Nuvia, já que ela era intransferível. Para a Arm, a Qualcomm precisaria firmar um novo contrato de licenciamento, obviamente mais caro e em condições distintas, para usar os núcleos criados pela equipe da Nuvia.
A aquisição da Nuvia: a peça-chave do quebra-cabeça
A Nuvia era uma startup fundada em 2019 por ex-engenheiros da Apple, responsáveis pelos revolucionários chips Apple Silicon da série M, que mudaram o mercado de PCs ao oferecer alto desempenho aliado a baixo consumo de energia.
Vendo nisso uma oportunidade estratégica, a Qualcomm adquiriu a Nuvia em 2021 por US$ 1,4 bilhão. O objetivo era claro: usar o know-how dessa equipe para criar seus próprios núcleos de CPU de alta performance, batizados de Oryon, em vez de depender apenas dos designs de núcleos padrão oferecidos pela Arm.
A disputa de licenciamento: arquitetura vs. núcleo
Para entender a briga, é importante separar dois conceitos:
- Licenciamento de arquitetura: dá à empresa o direito de projetar seus próprios núcleos usando a linguagem e instruções da Arm.
- Licenciamento de núcleo: dá acesso direto aos núcleos prontos criados pela Arm, sem a possibilidade de customização profunda.
A Arm argumentava que os núcleos desenvolvidos pela Nuvia não poderiam ser transferidos para a Qualcomm, invalidando a licença existente. Já a Qualcomm defendeu que sua licença de arquitetura já lhe dava plenos direitos de desenvolver processadores com núcleos próprios — e que a compra da Nuvia não mudava essa equação.
A ‘vitória completa’: o que a justiça decidiu?
O caso foi julgado no Tribunal de Delaware, nos Estados Unidos, e passou por várias etapas.
Em dezembro de 2024, um júri decidiu a favor da Qualcomm, rejeitando as principais alegações da Arm. Agora, em setembro de 2025, a corte confirmou essa decisão ao rejeitar a última contestação da Arm, encerrando o processo judicial.
Com isso, a Qualcomm celebrou a “vitória completa”, afirmando que a decisão garante segurança jurídica para continuar investindo em seus processadores customizados. Para a empresa, a sentença representa mais do que uma vitória legal: é um marco que valida sua estratégia de inovação.
O impacto no mundo real: Snapdragon X Elite e o futuro do Windows on Arm
A vitória da Qualcomm chega em um momento crucial para o mercado. Em 2024, a empresa lançou os processadores Snapdragon X Elite e X Plus, baseados nos núcleos Oryon, projetados pela equipe da Nuvia.
Esses chips são o coração dos novos Copilot+ PCs, notebooks com Windows on Arm otimizados para inteligência artificial e que prometem competir de frente com o ecossistema Apple Silicon.
Com a decisão judicial, a Qualcomm não apenas assegura a continuidade desses projetos, mas também fortalece toda a estratégia da Microsoft em promover o Windows on Arm como uma alternativa viável ao modelo tradicional baseado em x86 da Intel e da AMD.
Além disso, a vitória pode estimular outras empresas a explorar designs customizados sob licença de arquitetura da Arm, diversificando o mercado e acelerando a inovação em semicondutores.
Conclusão: um novo capítulo na indústria de chips?
A vitória da Qualcomm sobre a Arm não representa apenas o fim de um processo judicial. É um marco que define os rumos da indústria de processadores nos próximos anos.
Ao garantir o direito de usar os núcleos Oryon desenvolvidos pela Nuvia, a Qualcomm abre caminho para competir de igual para igual com a Apple e se consolidar como protagonista em PCs de alto desempenho.
Para a Arm, o desfecho é um revés significativo, já que pode enfraquecer sua posição em futuras negociações de licenciamento. Ainda assim, a empresa continua sendo a base da maioria dos chips do mercado, do smartphone ao data center.
O que está claro é que o setor de semicondutores entra em uma nova fase, onde Windows on Arm pode finalmente se tornar competitivo e onde a Qualcomm tem agora uma chance real de mudar o jogo.
E você, o que acha dessa decisão? Acredita que a Qualcomm tem condições de rivalizar diretamente com a Apple no mercado de PCs? Deixe sua opinião nos comentários!