A Raspberry Pi Foundation liberou uma atualização importante do seu sistema oficial. O novo Raspberry Pi OS, já alinhado com o Debian 13 “Trixie” e o kernel 6.12, chega com um foco claro: transformar o Pi em um desktop moderno de verdade, com suporte decente a monitores 4K, áudio mais limpo e um ambiente Wayland mais polido.
Pense na experiência anterior como usar óculos com o grau errado. Conectar um Raspberry Pi 5 ou o novo Pi 500 a um monitor 4K sempre foi um pequeno teste de visão: tudo ficava minúsculo ou borrado quando você tentava aumentar a escala. Com o ciclo que muita gente já começa a chamar de “Raspberry Pi OS Trixie”, essa sensação de tela embaçada finalmente começa a ficar no passado.
Debian Trixie e kernel 6.12: a nova base
Por baixo de toda a interface, o sistema agora se apoia na base do Debian 13 “Trixie”, a versão estável mais recente da distribuição. Isso significa pacotes mais novos, melhorias de segurança e um ecossistema mais alinhado com o que o mundo Linux vai usar nos próximos anos.
O kernel Linux 6.12.47 traz o suporte necessário para os SoCs mais recentes da família Raspberry Pi e melhora a experiência com armazenamento, redes e aceleração gráfica. Para quem usa o Raspberry Pi em aplicações embarcadas, isso também representa acesso a novos drivers e correções de longa duração, já que se trata de uma linha de kernel pensada para estabilidade.
Na prática, você encontra imagens do Raspberry Pi OS baseadas em Trixie nos sabores padrão, Full e Lite, em 64 bits e 32 bits. A linha Raspberry Pi OS Legacy, baseada em Debian 12 “Bookworm”, continua disponível como opção mais conservadora para quem prioriza estabilidade máxima ou depende de hardware e software mais antigos.
HiDPI e a nova cara do desktop Raspberry Pi

Aqui está o ponto que muda a vida de quem usa monitor grande: o sistema ganhou suporte oficial a HiDPI. O painel “Screens” agora permite configurar escala de tela, de forma que textos, ícones e janelas deixem de parecer miniaturas em 4K, mas continuem nítidos em vez de borrados.
Além da escala, o update adiciona ícones em alta resolução ao painel, ao gerenciador de arquivos e a vários aplicativos. Isso dá uma sensação de coerência visual que faltava quando você ligava o Pi a displays modernos. Se você estava testando o Pi 5 como desktop e tinha a impressão de que “parecia um sistema antigo em uma tela nova”, essa é exatamente a dor que a equipe decidiu atacar agora.
Em termos práticos, isso significa que montar uma bancada com um Raspberry Pi 5, um SSD USB, um teclado decente e um monitor 4K deixa de ser apenas um experimento curioso e passa a ser algo utilizável no dia a dia, sem precisar forçar os olhos.
Wayland, labwc e um desktop mais consistente
No front-end gráfico, a transição para Wayland continua avançando. O compositor labwc foi atualizado para a versão 0.9.4, consolidando o caminho iniciado quando o Raspberry Pi OS passou a usar Wayland com labwc por padrão em instalações novas.
O labwc é um compositor leve, inspirado no Openbox, construído sobre as bibliotecas wlroots. A ideia é oferecer a mesma sensação minimalista do velho X11 com Openbox, só que em cima de uma fundação moderna e pensada para Wayland.
Neste update, o alternador de tarefas em Wayland ganha ícones e a aparência das janelas Openbox foi ajustada para combinar com o tema do labwc. O resultado é um desktop que finalmente parece uma experiência única, em vez de um mosaico de componentes herdados. Ainda existem opções com X11 para quem precisa de compatibilidade máxima, mas o recado é claro: o futuro do Raspberry Pi OS Trixie é Wayland.
Adeus, PulseAudio: PipeWire assume de vez
Outro movimento importante acontece no áudio. O changelog confirma que o PulseAudio foi removido da imagem padrão, deixando o caminho livre para o PipeWire cuidar da pilha de som.
Isso não é apenas trocar um daemon por outro. O PipeWire se tornou a solução preferida do desktop Linux moderno porque lida melhor com baixa latência, múltiplas fontes de áudio e captura de som e vídeo ao mesmo tempo, algo crítico para gravação de tela, videoconferências e setups de streaming. No contexto do Raspberry Pi, isso significa menos dor de cabeça na hora de usar fones Bluetooth, placas de som USB ou enviar áudio para diferentes aplicativos ao mesmo tempo.
Navegadores atualizados e pequenos polimentos que importam
Na camada de aplicações, a fundação atualizou o Chromium para a versão 142.0.7444.162 e o Firefox para a versão 145.0, mantendo o Raspberry Pi OS alinhado com o que você encontraria em distribuições desktop tradicionais. Para quem usa o Pi como máquina principal ou thin client, isso é essencial para segurança e compatibilidade com sites modernos.
A lista de pequenos refinamentos é longa, mas significativa. O editor de menus Alacarte voltou à imagem, o que facilita personalizar o menu de aplicativos. Sliders de volume e o popup de calendário agora fecham ao clicar novamente no ícone, algo que parece banal, porém melhora o fluxo de uso. Há suporte a temas para aplicativos Qt6, correções na seleção de fontes em apps Qt5, melhorias nos ícones de drives externos e atualizações nas traduções em português.
Para testar tudo isso, você pode baixar uma imagem nova com o Raspberry Pi Imager ou simplesmente atualizar uma instalação existente com o tradicional sudo apt update && sudo apt full-upgrade. Se o sistema já está em dia, provavelmente você já está rodando a versão de 24 de novembro de 2025.
