O WhatsApp anunciou a correção de uma falha de segurança crítica, conhecida como “zero clique”, que estava sendo utilizada para a instalação do spyware Graphite, desenvolvido pela empresa Paragon. A vulnerabilidade foi descoberta após investigações conduzidas pelos pesquisadores do Citizen Lab, da Universidade de Toronto, e afetou diversos usuários, incluindo jornalistas e ativistas.
Exploração de zero clique: como o spyware Graphite afetou usuários do WhatsApp
A falha foi identificada no final de 2024, e o WhatsApp agiu rapidamente para mitigar o ataque, sem exigir alterações por parte dos usuários. A empresa optou por não atribuir um CVE (Common Vulnerabilities and Exposures) à falha, considerando as diretrizes do MITRE e suas políticas internas de segurança.
A vulnerabilidade foi explorada por atacantes que inseriram suas vítimas em grupos do WhatsApp, onde enviaram um arquivo PDF malicioso. Ao ser aberto, o PDF acionava automaticamente o exploit de zero clique, permitindo a instalação do spyware Graphite. Esse spyware permitia aos invasores acessar dados privados e mensagens dos dispositivos comprometidos, além de escapar das restrições de segurança do Android.
A ação da Paragon afetou, principalmente, jornalistas e membros da sociedade civil em mais de 20 países, incluindo figuras proeminentes da Itália. Após a correção da falha, o WhatsApp notificou cerca de 90 usuários Android sobre o ocorrido, alertando-os sobre os riscos à privacidade e oferecendo orientações para reforçar a segurança.
Os pesquisadores do Citizen Lab também investigaram a infraestrutura usada pela Paragon para implantar seus spyware. A descoberta revelou que servidores de várias localizações, incluindo Israel, estavam sendo utilizados para controlar e distribuir os implantes. Além disso, foi identificada uma relação da empresa com diversas agências governamentais, incluindo na Austrália, Canadá, Israel e Cingapura.
A Paragon, fundada por Ehud Barak e Ehud Schneorson, é uma desenvolvedora israelense que, ao contrário de concorrentes como o NSO Group, afirma vender suas tecnologias de vigilância exclusivamente para agências de segurança de países democráticos. No entanto, a Paragon tem enfrentado críticas, especialmente após o uso de seu spyware por autoridades como a DEA e o ICE dos EUA, conforme reportado por publicações como o New York Times e Wired.
O WhatsApp reafirma seu compromisso em proteger a privacidade de seus usuários e continuar combatendo as ameaças de espionagem digital.