Nos últimos meses, a Samsung tem chamado atenção, mas não exatamente por suas inovações em hardware. A polêmica atual gira em torno de seus anúncios de IA, que inundaram o canal global da empresa no YouTube com conteúdos gerados por inteligência artificial de baixa qualidade. Menos de um ano depois de a empresa se posicionar como defensora da criatividade humana em sua famosa campanha UnCrush, agora parece que a Samsung optou por substituir a originalidade de seus criativos por vídeos genéricos, sem alma, produzidos por IA. Este movimento levanta uma questão crítica: até que ponto a tecnologia deve substituir a criatividade humana, especialmente quando a marca a defendeu tão veementemente?
O objetivo deste artigo é analisar essa ironia evidente, destacando a contradição entre o discurso passado da Samsung e suas recentes ações de marketing. Vamos destrinchar como a empresa passou de uma promessa de respeito à criatividade para uma estratégia que, para muitos, soa hipócrita e pouco inspiradora. Ao final, você entenderá por que especialistas, criativos e consumidores têm criticado duramente a abordagem da Samsung neste novo capítulo do marketing digital.

O dia em que a Samsung prometeu “nunca esmagar a criatividade”
Para compreender a magnitude da ironia, precisamos voltar menos de um ano no tempo. A Apple lançou um polêmico anúncio chamado Crush, no qual uma prensa hidráulica destruía instrumentos musicais e ferramentas de arte. A mensagem era clara: o novo iPad Pro era tão poderoso que “esmagaria” a concorrência, inclusive a criatividade física dos artistas.
A resposta da Samsung foi rápida e, naquele momento, amplamente celebrada. Com a campanha UnCrush, a empresa mostrou uma pessoa real tocando um violão danificado, que havia sido salvo da prensa, reforçando o slogan: “Nós nunca esmagaríamos a criatividade“. O anúncio marcou a Samsung como defensora da criatividade humana e posicionou a marca de forma diferenciada frente à Apple, especialmente no contexto da inovação em produtos e marketing.
Naquele momento, a mensagem era cristalina: a criatividade Samsung IA não seria substituída por atalhos tecnológicos, e a marca prometia valorizar o trabalho humano nos processos criativos. Era uma declaração de princípios que ganhou atenção e elogios do público e da mídia especializada.
Avanço rápido para 2024: a criatividade substituída por IA
Rapidamente chegamos a 2024, e a situação parece ter mudado drasticamente. O canal global da Samsung no YouTube passou a publicar uma série de vídeos promocionais para suas TVs Neo QLED. A crítica principal? Esses conteúdos são claramente anúncios gerados por IA Samsung, com visuais genéricos, narrações robotizadas e ausência total de nuance humana.
O contraste com a campanha UnCrush é gritante. Enquanto antes a Samsung celebrava a imperfeição e o toque humano, agora parece abraçar a eficiência da IA a qualquer custo, mesmo que isso signifique sacrificar a qualidade artística e emocional de seus anúncios. Especialistas em marketing digital e criativos apontam que esse movimento sugere uma hipocrisia Samsung IA, já que a marca deixa de lado a abordagem criativa que a consolidou como inovadora para recorrer a vídeos de baixo esforço.
Além disso, a mudança pode ser interpretada como uma estratégia de corte de custos, em vez de uma verdadeira inovação. Ao invés de investir em campanhas elaboradas e inteligentes, a empresa opta por conteúdo gerado rapidamente por algoritmos, que, embora eficiente, carece de autenticidade e impacto emocional.
O nível máximo da ironia: “É falso; escolha o original!”
O ponto mais irônico dessa história não é apenas o uso da IA em si, mas a mensagem transmitida pelos próprios anúncios. Muitos dos vídeos promocionais para as Neo QLED carregam slogans como “É falso; escolha o original!” (“It’s fake; choose the original!”).
A ironia é óbvia: a Samsung está usando conteúdo “falso”, gerado por IA, para instruir os consumidores a escolher o “original” – suas TVs Neo QLED – enquanto a própria criatividade humana, que anteriormente era celebrada, é substituída por alternativas artificiais. Este paradoxo não passou despercebido entre usuários, entusiastas de tecnologia e profissionais de marketing, que veem o gesto como um claro exemplo de desconexão entre discurso e prática.
Conclusão: o Galaxy AI merece um marketing mais coerente
A realidade é que a Samsung tem total liberdade para explorar a IA Generativa em seu marketing e produtos. Contudo, a forma como está fazendo isso transmite uma mensagem confusa e, para muitos, hipócrita. A substituição da criatividade humana por vídeos de baixo esforço não apenas contradiz a promessa feita no UnCrush, mas também mina a percepção de inovação que a marca buscava transmitir.
Produtos como as TVs Neo QLED são, de fato, excelentes, mas mereciam campanhas à altura de sua qualidade. O uso de anúncios de IA Samsung simplificados e genéricos não reflete a sofisticação do produto, e sim uma estratégia de conveniência que pode prejudicar a imagem da marca entre consumidores atentos.
O que você acha dessa estratégia da Samsung? A empresa errou a mão ao usar IA dessa forma ou estamos diante de uma evolução inevitável do marketing digital? A reflexão está lançada, e o espaço para o debate é seu: deixe sua opinião nos comentários e participe dessa conversa sobre tecnologia, criatividade e ética no marketing.