Durante muito tempo, a crença de que computadores Apple são imunes a malwares se manteve como um pilar da percepção popular sobre segurança digital. Afinal, o macOS sempre teve a fama de ser mais seguro do que outros sistemas operacionais, como o Windows. No entanto, essa ideia está cada vez mais distante da realidade. Um novo relatório da Jamf, empresa especializada em gerenciamento de dispositivos Apple, revelou um dado alarmante: houve um aumento de 28% na presença de malwares infostealers em Macs no último ano.
O perigo crescente dos infostealers: Macs não estão imunes a malwares, aponta relatório Jamf
O objetivo deste artigo é alertar usuários domésticos e corporativos sobre essa crescente ameaça, desmistificar a falsa sensação de segurança em Macs e apresentar estratégias eficazes para proteção contra infostealers. Vamos explorar o que diz o relatório Jamf, entender o que são esses malwares, como eles funcionam, por que estão se multiplicando e, principalmente, como se proteger.
A crescente adoção do macOS em ambientes corporativos e profissionais torna os dispositivos da Apple alvos cada vez mais atraentes. Com isso, o que antes era uma superfície de ataque relativamente pequena se tornou um terreno fértil para cibercriminosos — e os malwares infostealers estão na linha de frente dessa ofensiva.
O cenário de ameaças aos Macs: o que revela o relatório Jamf 2025

O Jamf Security 360 Report 2025 aponta uma realidade preocupante para quem usa Macs: o sistema da Apple já não é mais o “porto seguro” que muitos imaginavam. De acordo com o estudo, os infostealers foram os malwares mais detectados em dispositivos macOS no último ano, superando categorias como adwares e potencialmente unwanted programs (PUPs).
Entre os principais destaques do relatório estão:
- Infostealers representaram a maioria dos malwares detectados em Macs.
- Houve um aumento de 28% na atividade de infostealers, indicando uma tendência de alta.
- Casos de phishing direcionado e engenharia social cresceram, sendo usados como vetores iniciais de infecção.
- Crescente sofisticação das campanhas maliciosas, muitas vezes disfarçadas como atualizações ou aplicativos legítimos.
Infostealers: a nova ameaça número um para usuários de Mac
Os infostealers são um tipo de malware especializado em roubar informações sensíveis do dispositivo infectado. Esses dados incluem credenciais de login, informações bancárias, cookies de sessão, tokens de autenticação e até carteiras de criptomoedas.
O funcionamento desses malwares é sorrateiro: eles entram silenciosamente no sistema, coletam dados valiosos e os enviam aos servidores dos atacantes, muitas vezes sem deixar rastros visíveis ao usuário. O que torna os infostealers ainda mais perigosos é sua capacidade de se esconder em softwares aparentemente inofensivos, como utilitários, instaladores de aplicativos e até extensões de navegador.
A ascensão dos infostealers como principal ameaça para o ecossistema macOS é um reflexo claro da mudança de foco dos atacantes: os Macs não são mais ignorados — eles são priorizados.
Outras ameaças relevantes destacadas pelo relatório
Além dos infostealers, o relatório Jamf também alerta para a elevação nos seguintes tipos de ameaças:
- Ataques de phishing altamente direcionados, voltados especialmente para executivos e administradores de sistemas Apple.
- Uso de engenharia social para convencer usuários a baixar e executar malwares manualmente.
- Crescimento de malwares personalizados para o ambiente Apple Silicon, aproveitando-se da transição de arquitetura dos Macs.
Essas tendências mostram que a segurança no macOS precisa ser levada tão a sério quanto em outras plataformas.
Por que os infostealers estão em ascensão?
O sucesso dos infostealers entre cibercriminosos pode ser explicado por diversos fatores. O primeiro é a lucratividade: dados pessoais e corporativos valem muito no mercado negro digital, alimentando esquemas de roubo de identidade, espionagem e fraudes financeiras.
Outro fator é o modelo de “Malware como Serviço” (MaaS), que facilita a disseminação de infostealers mesmo por atacantes com pouco conhecimento técnico. Plataformas clandestinas oferecem kits prontos, com painéis de controle e suporte técnico, que tornam a operação de um malware tão simples quanto o uso de um aplicativo SaaS legítimo.
Além disso, há o abuso de ferramentas legítimas, como o PyInstaller, que permite empacotar scripts Python em executáveis para macOS. Isso permite aos atacantes mascararem malwares como softwares legítimos, dificultando sua detecção por antivírus tradicionais.
O caso BeaverTail: um exemplo real de infostealer para Mac
O relatório Jamf menciona o BeaverTail, um exemplo concreto de infostealer voltado exclusivamente para o macOS. Este malware utiliza o PyInstaller para criar um executável que parece inofensivo, mas coleta senhas, tokens de login e dados armazenados em navegadores e aplicativos de comunicação.
O BeaverTail é distribuído principalmente por meio de campanhas de phishing disfarçadas como atualizações de software, explorando a confiança do usuário no ecossistema Apple. Após a infecção, os dados são enviados automaticamente para um servidor controlado pelos atacantes, permitindo que eles os vendam ou utilizem para acesso não autorizado a sistemas e contas.
Como se proteger contra infostealers e outras ameaças no macOS
A boa notícia é que há formas práticas de reforçar a segurança Mac contra malwares infostealers e outras ameaças. A seguir, listamos algumas ações simples, porém eficazes:
- Evite instalar aplicativos fora da App Store ou de fontes não verificadas.
- Desconfie de atualizações, instaladores ou extensões recebidas por e-mail ou mensageiros — mesmo que pareçam legítimos.
- Use senhas fortes e únicas para cada serviço e, de preferência, um gerenciador de senhas confiável.
- Habilite a autenticação de dois fatores (2FA) sempre que possível.
- Verifique regularmente as permissões concedidas a aplicativos, especialmente de acesso ao sistema, câmera e microfone.
- Mantenha o macOS e todos os aplicativos sempre atualizados, pois patches de segurança são fundamentais.
- Use uma solução de antivírus confiável compatível com macOS que inclua detecção de comportamento e proteção em tempo real.
Além das dicas básicas: a importância da vigilância contínua
É fundamental entender que a segurança digital não é um evento, mas um processo contínuo. Novos malwares e técnicas de ataque surgem todos os dias, e o maior ativo de defesa é o comportamento consciente do usuário.
Busque sempre se informar sobre novas ameaças, atualize suas práticas e mantenha uma postura de desconfiança saudável ao interagir com links, downloads e atualizações.
Conclusão: a segurança do Mac em suas mãos
O relatório da Jamf serve como um alerta claro: os Macs estão na mira dos cibercriminosos, e os infostealers são hoje a ameaça mais crítica enfrentada por usuários desse sistema.
Desmistificar a imunidade do macOS é o primeiro passo. O segundo é agir: reforçar a segurança do seu dispositivo, adotar boas práticas e manter-se vigilante. A segurança começa por você — e sua postura diante das ameaças digitais faz toda a diferença.
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