Pela primeira vez em décadas, a Samsung perdeu a liderança no mercado global de chips de memória. A nova campeã é a SK Hynix, que superou sua conterrânea sul-coreana em receita no segundo trimestre de 2025. Esse marco não é apenas uma mudança de posições no ranking de fabricantes: ele simboliza uma transformação profunda no setor de tecnologia, impulsionada pela Inteligência Artificial (IA) e pela corrida por componentes de altíssimo desempenho.
Este artigo explica como a SK Hynix chegou ao topo, o que são os essenciais chips HBM, por que eles são tão vitais para a nova era da IA e quais as implicações dessa mudança para o mercado de semicondutores, para a Samsung e para os consumidores e profissionais de tecnologia.
Embora a Samsung seja amplamente reconhecida por seus smartphones e televisores, é importante lembrar que sua divisão de semicondutores é, historicamente, o pilar de seus lucros. A perda dessa hegemonia abala não apenas sua estrutura interna, mas o equilíbrio de forças no setor global de hardware.

SK Hynix assume o trono no Q2 de 2025
A virada veio com números claros: a SK Hynix registrou uma receita de KRW 21,8 trilhões no segundo trimestre de 2025, superando os KRW 21,2 trilhões da Samsung no mesmo período. É a primeira vez desde o final dos anos 1990 que a Samsung é destronada nesse segmento.
O fator-chave dessa ultrapassagem é a demanda explosiva por chips de memória voltados para aplicações de IA, principalmente os chamados HBM (High Bandwidth Memory). E é aí que a SK Hynix disparou na frente, enquanto a Samsung ficou para trás em um ponto crítico da evolução tecnológica.
O campo de batalha: o que são os chips HBM e por que a IA depende deles?
Desmistificando a memória de alta largura de banda (HBM)
A HBM (High Bandwidth Memory) é uma tecnologia de memória DRAM empilhada verticalmente que proporciona uma comunicação extremamente rápida entre o chip de memória e o processador, especialmente a GPU. Essa arquitetura empilhada permite maior largura de banda, menor consumo de energia e mais eficiência térmica, quando comparada à memória tradicional.
A HBM é projetada para operar em sincronia com processadores de alto desempenho, sendo essencial para cargas de trabalho intensivas em dados, como as de modelos de Inteligência Artificial e simulações científicas.
O casamento perfeito: HBM e as GPUs de IA da Nvidia
A HBM não é apenas uma tecnologia sofisticada — ela é o combustível que move as supermáquinas de IA. Modelos de IA generativa, como aqueles utilizados por grandes plataformas de tecnologia, dependem de altíssima largura de banda de memória para processar trilhões de parâmetros em tempo real.
GPUs como as Nvidia H100 e B100, as mais usadas para treinar IA, são projetadas especificamente para trabalhar com HBM3 e HBM3E, as versões mais recentes dessa memória. Nesse cenário, quem domina a produção de HBM tem uma vantagem estratégica decisiva.
Análise da virada: como a Samsung ficou para trás?
A resposta está nos números de participação de mercado: a SK Hynix detém 62% do mercado global de HBM, enquanto a Samsung amarga apenas 17%, ficando atrás até mesmo da americana Micron, que tem cerca de 20%.
Essa discrepância revela que a Samsung demorou a investir ou teve dificuldades técnicas na produção em massa dos chips HBM3E, justamente os mais desejados por empresas como a Nvidia.
O mercado de IA exige capacidade, volume e eficiência — e a SK Hynix soube entregar. A Samsung, apesar de sua experiência no setor, não conseguiu acompanhar a curva de demanda, algo crítico em um momento de transição tecnológica tão acelerada.
O futuro do mercado: os próximos passos da guerra dos chips
Diante da perda de terreno, a Samsung já começa a esboçar sua contraofensiva. Um dos primeiros movimentos foi a redução agressiva de preços dos seus chips HBM3E, tentando tornar sua oferta mais atraente frente à concorrência.
Mas essa estratégia levanta uma pergunta: guerra de preços ou guerra de tecnologia? A queda nos custos pode beneficiar clientes como Nvidia, Google e Amazon, mas não resolve o problema fundamental da Samsung, que é a falta de liderança técnica nessa nova era de chips.
Reconquistar o mercado exigirá mais do que preços baixos. A Samsung precisará demonstrar capacidade de inovação, confiabilidade nos volumes de entrega e parcerias sólidas com grandes compradores de IA, além de superar desafios de rendimento e escalabilidade na produção de HBM avançado.
Conclusão: mais do que uma troca de posições, um sinal dos tempos
A ascensão da SK Hynix marca um momento decisivo para o setor de semicondutores. Não se trata apenas de uma vitória de negócios, mas de uma mudança estrutural nos vetores de poder da indústria de hardware.
A Inteligência Artificial agora dita as regras, e quem domina os chips de memória que possibilitam esse avanço tecnológico lidera o jogo. A Samsung, que por décadas foi símbolo de supremacia em semicondutores, vê-se agora pressionada a se reinventar para não perder espaço em um mundo onde a IA se tornou prioridade.
E você? Acredita que a Samsung conseguirá recuperar seu reinado no mercado de chips de memória? A aposta tardia em HBM foi um erro estratégico fatal? Deixe sua opinião nos comentários!