O Snapdragon 8 Gen 3 é, sem dúvida, um dos chips mais potentes do ecossistema Android. Lançado como a principal plataforma da Qualcomm para dispositivos premium, ele equipa flagships com altíssimo desempenho em jogos, fotografia computacional e inteligência artificial. Mas agora, a Qualcomm surpreende ao lançar duas novas versões do Snapdragon 8 Gen 3 com apenas seis núcleos ativos, gerando dúvidas e curiosidade sobre seus objetivos.
Neste artigo, vamos explorar o que são essas novas variantes, por que a Qualcomm está apostando em menos núcleos, e como isso pode mudar o jogo para fabricantes e consumidores. Será que estamos diante de uma nova categoria de chips premium mais acessíveis? E o que esperar dos próximos lançamentos com essa plataforma?

O que são as novas versões do Snapdragon 8 Gen 3?
A Qualcomm introduziu recentemente dois modelos alternativos do Snapdragon 8 Gen 3: SM8650-AB e SM8650-AC, com foco especial nas versões rotuladas como SM8650-Q-AB e SM8650-Q-AA. O que chama atenção é que essas variantes contam com apenas seis núcleos de CPU, em vez dos oito encontrados na versão padrão.
Segundo registros de benchmark, como o Geekbench, essas versões mantêm a arquitetura de desempenho, mas com cortes intencionais em dois núcleos, o que pode representar uma estratégia de balanceamento entre desempenho, custo e eficiência energética.
Veja a seguir a comparação entre os modelos:
Chipset | Núcleos de CPU | Frequência (máx.) | GPU |
---|---|---|---|
Snapdragon 8 Gen 3 (Padrão) | 1x Cortex-X4 + 5x Cortex-A720 + 2x Cortex-A520 | Até 3.3 GHz | Adreno 750 |
SM8650-Q-AB | 1x Cortex-X4 + 3x Cortex-A720 + 2x Cortex-A520 | ~3.19 GHz | Adreno 750 |
SM8650-Q-AA | 1x Cortex-X4 + 3x Cortex-A720 + 2x Cortex-A520 | ~2.9 GHz | Adreno 750 (reduzida) |
Apesar do nome ainda remeter ao Snapdragon 8 Gen 3, essas novas variantes se distanciam da performance bruta do modelo completo, posicionando-se como opções mais equilibradas para dispositivos que não precisam do poder máximo da versão original.
Por que a Qualcomm está lançando chips com menos núcleos?
A decisão da Qualcomm de lançar variantes com apenas seis núcleos ativos pode parecer inusitada à primeira vista, mas há vários motivos estratégicos por trás dessa escolha.
- Segmentação de mercado: A empresa pode estar buscando atender uma faixa intermediária-premium, oferecendo chips potentes, porém mais baratos, para fabricantes que querem entregar alto desempenho sem o custo de um flagship.
- Otimização de custos: Ao desabilitar dois núcleos, é possível reaproveitar dies parcialmente funcionais que não atenderiam ao padrão do Snapdragon 8 Gen 3 completo, reduzindo o desperdício na linha de produção.
- Eficiência energética: Em dispositivos como tablets ou smartphones de uso cotidiano, onde o foco não é o desempenho máximo, um chip com menos núcleos pode consumir menos energia e gerar menos calor, favorecendo baterias menores ou designs mais finos.
- Personalização para OEMs: Fabricantes como Lenovo ou Xiaomi podem solicitar versões customizadas do chip para produtos específicos. Um bom exemplo é o Lenovo TB710FU, um tablet listado com um desses novos chips de seis núcleos, provavelmente buscando um bom equilíbrio entre preço e potência.
Portanto, ao contrário do que pode parecer, essa “redução” de núcleos não significa retrocesso, mas sim adaptação a novos nichos de mercado e otimização da produção.
Impacto no desempenho e no mercado de dispositivos móveis
A principal dúvida dos consumidores e entusiastas é: como essa redução de núcleos afeta o desempenho real dos dispositivos?
Desempenho em tarefas diárias e jogos
Nos testes preliminares do Geekbench e outras plataformas, os chips SM8650-Q-AA e Q-AB entregam desempenho consistente nas tarefas do dia a dia, como navegação, redes sociais e consumo de mídia. Para jogos mais exigentes, a ausência dos dois núcleos pode impactar levemente o desempenho, especialmente em cenários multitarefa ou em jogos que demandam uso intensivo da CPU.
Ainda assim, a GPU Adreno 750 está presente nas variantes, embora com possíveis ajustes de clock. Isso garante que a experiência gráfica permaneça sólida, especialmente em dispositivos com resoluções mais moderadas (Full HD+ ou WQXGA).
Implicações no preço final dos dispositivos
A adoção desses chips poderá resultar em smartphones e tablets com preço mais competitivo, mas ainda com boa performance. Essa abordagem abre espaço para a criação de modelos “quase flagships”, oferecendo o melhor custo-benefício para usuários que não precisam do topo do topo.
Além disso, essa estratégia pode popularizar o uso de IA embarcada e recursos de ponta em mais dispositivos, democratizando funcionalidades como tradução em tempo real, geração de imagens e análise de fotos com inteligência artificial — antes restritas a modelos premium.
Diferenciando os chips: Um guia rápido
Com tantas variações dentro da mesma geração, entender as diferenças entre os modelos é essencial para consumidores e desenvolvedores.
Modelo | Núcleos | Clock máximo | Público-alvo |
---|---|---|---|
Snapdragon 8 Gen 3 | 8 | Até 3.3 GHz | Smartphones e tablets topo de linha |
Snapdragon 8 Gen 3 for Galaxy | 8 | Até 3.4 GHz | Dispositivos Samsung otimizados |
SM8650-Q-AB / Q-AA | 6 | Até 3.19 GHz | Intermediários premium e tablets |
As versões “for Galaxy” costumam ter frequências mais altas e integração específica com recursos da Samsung, enquanto as novas versões com seis núcleos são voltadas para diversificação do portfólio de produtos Android, mantendo um bom nível de performance a um custo reduzido.
Conclusão: Um futuro mais diversificado para o Snapdragon 8 Gen 3
Com as novas variantes do Snapdragon 8 Gen 3, a Qualcomm dá um passo estratégico para aumentar a acessibilidade ao seu chip mais avançado, adaptando-o a diferentes faixas de preço e tipos de dispositivos. Essa abordagem inteligente pode beneficiar fabricantes e consumidores, permitindo que mais pessoas tenham acesso a recursos avançados sem pagar o preço de um flagship.
Para os desenvolvedores, é uma oportunidade de otimizar apps para múltiplas configurações dentro da mesma geração de chips. Para os consumidores, significa mais opções de escolha entre desempenho, bateria e custo.
E você? O que acha dessa nova estratégia da Qualcomm? Acredita que os dispositivos com chips de seis núcleos serão boas opções custo-benefício? Compartilhe sua opinião nos comentários!