Um novo vazamento divulgado pelo perfil Digital Chat Station reacendeu um debate importante sobre o futuro dos chips em smartphones Android premium. A publicação sugere que o Snapdragon SM8850s, uma suposta variante fabricada pela Samsung Foundry, ainda está nos planos para o Galaxy S26, mesmo após boatos anteriores indicarem seu cancelamento.
Essa notícia coloca a possível versão do Snapdragon Galaxy S26 com fabricação sul-coreana de volta à mesa, e não apenas por razões técnicas: o baixo custo de produção é o principal argumento por trás dessa reconsideração.
Neste artigo, vamos além do rumor. Vamos explicar a batalha estratégica entre Samsung Foundry e TSMC, os conceitos técnicos por trás da fabricação de chips — como yield, nós de processo, nanômetros — e o que tudo isso significa para o seu próximo smartphone. Afinal, o cérebro do celular impacta diretamente seu desempenho, autonomia e até mesmo o preço final do aparelho.

O que diz o novo rumor sobre o Snapdragon Galaxy S26
De acordo com o vazamento, a Qualcomm pode lançar duas versões do chip Snapdragon 8 Gen 4: o SM8850, fabricado pela TSMC usando o nó N3P (3nm de segunda geração), e o SM8850s, fabricado pela Samsung Foundry com seu novo nó de 2nm. A principal justificativa para manter a variante coreana viva seria o custo reduzido de produção.
Outras fabricantes de smartphones além da Samsung também estariam observando com interesse essa versão, já que ela permitiria oferecer aparelhos quase tão potentes quanto os topos de linha, mas com preços mais acessíveis. Isso abriria espaço para uma nova categoria de quase-flagships, mais baratos e atraentes para o consumidor.
A batalha dos gigantes: Samsung Foundry vs. TSMC explicada
O que é uma ‘foundry’ e por que isso importa?
Antes de tudo, é importante entender que empresas como Qualcomm, Apple e MediaTek não fabricam fisicamente seus chips. Elas projetam os circuitos, mas a fabricação em larga escala é feita por empresas chamadas foundries — fábricas altamente especializadas que trabalham sob encomenda.
As duas maiores foundries do mundo são justamente as protagonistas desta disputa: Samsung Foundry, divisão de semicondutores da Samsung, e a TSMC (Taiwan Semiconductor Manufacturing Company), que domina o mercado com mais de 50% de participação global.
A escolha entre uma foundry ou outra influencia diretamente na qualidade, custo, eficiência energética e velocidade de produção de um chip. É uma decisão técnica, econômica e estratégica.
O fator crucial: o que é ‘rendimento’ (yield) na fabricação de chips?
Um conceito técnico essencial para entender essa disputa é o yield, ou rendimento. Em termos simples, é a porcentagem de chips funcionais obtidos a partir de cada wafer de silício.
Se uma foundry tem um yield baixo, muitos chips saem defeituosos e precisam ser descartados. Isso aumenta o custo de cada unidade que de fato funciona. Se o yield é alto, a produção é mais eficiente, e o preço por chip cai consideravelmente.
Historicamente, a Samsung Foundry tem enfrentado dificuldades para alcançar yields competitivos, especialmente nos processos mais avançados. Já a TSMC é reconhecida por sua consistência nesse quesito — o que lhe dá vantagem nas negociações com empresas como Apple e Qualcomm.
A guerra dos nanômetros: 2nm da Samsung contra N3P da TSMC
Outro ponto técnico crucial é o nó de processo, medido em nanômetros (nm). Apesar de o número não representar exatamente o tamanho físico de um transistor, ele é usado como métrica de densidade e eficiência.
Quanto menor o número, maior a densidade de transistores no chip, o que normalmente significa mais desempenho e menor consumo de energia. O chip SM8850s da Samsung usaria o processo de 2nm, ainda não amplamente testado, enquanto o SM8850 da TSMC adotaria o N3P, um processo mais maduro e confiável baseado em 3nm.
Se a Samsung conseguir um bom rendimento em seu processo de 2nm, ela terá uma vantagem de custo e escala relevante. Mas se os desafios persistirem, o risco de baixo desempenho ou consumo elevado de energia pode comprometer a experiência do usuário.
Implicações para o Galaxy S26 e todo o mercado
Para a Samsung e o Galaxy S26
A adoção de um chip Snapdragon fabricado internamente é uma jogada estratégica. Pode reduzir custos, diminuir a dependência da TSMC e até fortalecer a imagem da Samsung Foundry como concorrente viável no mercado de semicondutores.
Por outro lado, o histórico da Samsung com seus próprios chips Exynos ainda levanta dúvidas. Problemas de desempenho e eficiência nos modelos anteriores fizeram com que a marca enfrentasse críticas. Repetir esses erros com o Snapdragon Galaxy S26 poderia afetar negativamente sua reputação entre os usuários mais exigentes.
Para o consumidor
O impacto mais direto para o usuário é o preço. Se a Samsung conseguir fabricar um chip potente com menor custo, isso pode reduzir o preço do Galaxy S26, ou permitir que a empresa invista mais em outras áreas do aparelho, como câmeras, tela ou bateria.
A performance, claro, continua sendo crucial. Um chip mais barato, mas menos eficiente, pode levar a superaquecimento, autonomia limitada e até quedas de desempenho em jogos e tarefas pesadas.
Para outras marcas de Android
Se a Qualcomm lançar duas versões do mesmo Snapdragon — uma premium com TSMC e outra acessível com Samsung — marcas como Xiaomi, OnePlus e Motorola poderão usar a versão mais barata para criar aparelhos com desempenho quase topo de linha, mas com preços médios.
Isso pode gerar uma mudança no mercado de smartphones, com a volta de modelos intermediários premium mais acessíveis, algo que vem se perdendo nos últimos anos com o encarecimento da cadeia de produção.
Conclusão: uma aposta de alto risco ou uma jogada de mestre?
O rumor sobre a fabricação do Snapdragon Galaxy S26 pela Samsung Foundry vai além de um detalhe técnico: ele reflete a disputa global por liderança tecnológica e os dilemas das gigantes em equilibrar preço, desempenho e autonomia.
A TSMC domina pela confiabilidade, mas a Samsung quer provar seu valor com um nó de 2nm competitivo. Se ela conseguir isso mantendo um bom rendimento, poderá não só baratear o Galaxy S26, mas também reescrever as regras do mercado.
Será que a Samsung Foundry conseguirá superar seus desafios de rendimento a tempo?
E você, consumidor, arriscaria um Snapdragon “Made by Samsung” em troca de um preço menor? Deixe sua opinião nos comentários!