Há algum tempo se especula o que redes sociais como o Facebook ganham com a proliferação de notícias falsas e discursos de ódio de grupos extremistas e/ou robôs. Porém, agora as denúncias partem de pessoas que conhecem todo o processo por dentro. Recentemente, mais um engenheiro sai do Facebook por causa de suas recentes políticas de discurso de ódio. Ashok Chandwaney foi mais longe e garante que a empresa lucra com o discurso de ódio que contamina a internet. Ele trabalhou lá por mais de cinco anos e confirma: o Facebook “está lucrando com o ódio nos Estados Unidos e no mundo”.
O Facebook viu recentemente muitos funcionários deixarem a empresa por causa de suas políticas recentes sobre discurso de ódio e desinformação. Tudo começou após a decisão de Mark Zuckerberg de não remover discursos do presidente Trump.
O presidente dos EUA, Donald Trump, havia feito uma postagem na época dos protestos contra a brutalidade policial após a morte de George Floyd. O post dizia, “quando começa o vandalismo, começa o tiroteio”. Embora o Twitter tenha restringido a postagem, o Facebook não tomou nenhuma medida para conter o que muitos consideraram um claro incitamento à violência.
Em uma postagem pública na plataforma, Chandwaney citou vários motivos que levaram à decisão de parar.
Engenheiro sai do Facebook e diz que empresa lucra com o ódio
Chandwaney fez uma postagem pública relembrando os valores fundamentais do Facebook e como eles se resumem hoje a um “valor comercial”. A empresa recebe críticas de todos os lados por causa de sua fraca moderação de conteúdo. No entanto, recentemente, o Facebook tomou medidas para controlar o discurso de ódio e conter a violência em sua plataforma.
Por outro lado, a empresa emitiu um comunicado após acusações de permitir o discurso de ódio de pessoas associadas ao partido governante na Índia.
Chandwaney postou : “Todo dia ‘começa o saque, começa o tiroteio’ é um dia que escolhemos minimizar o risco regulatório em detrimento da segurança dos negros, indígenas e pessoas de cor”.
Vários motivos para sua renúncia incluem o papel da empresa nos recentes tiroteios em Kenosha. Ele também cita a influência da empresa no genocídio de Mianmar e em permitir que movimentos extremistas usassem sua plataforma. A postagem também aponta para a regulamentação do governo como um exemplo bem-sucedido de coibir o discurso de ódio nas redes sociais alemãs.
O engenheiro do Facebook também afirmou
Em todas as minhas funções na empresa, no final do dia, as decisões realmente se resumem ao valor do negócio. O que eu gostaria de ver era uma priorização séria do bem-estar social, mesmo quando não há um valor de negócios imediatamente óbvio para isso, ou quando pode haver prejuízo para os negócios disso.
Falando sobre os valores centrais do Facebook, Chandwaney fez um outro alerta importante:
Grupos de ódio e milícias de extrema direita estão por aí e estão usando o Facebook para recrutar e radicalizar pessoas que irão cometer crimes de ódio violentos. Então, onde está a métrica sobre isso?
Além disso, ele escreve sobre as prioridades do Facebook. Segundo ele, a empresa prefere resolver bugs e outros problemas. Ao mesmo tempo, ignora o discurso de ódio na plataforma. Além disso, a empresa culpa “moderadores de conteúdo contratado, que são mal pagos em seus empregos”. Entretanto, o engenheiro diz que essas são coisas que podem ser resolvidas rapidamente. Basta querer.