Desde 2020, com a pandemia de coronavírus no auge, nunca se venderam tantos computadores. Agora, com o pior já tendo passado, as coisas neste setor parecem também voltar ao normal e o fim da pandemia derruba venda de computadores em todo o mundo. Assim, de acordo com o International Data Corp (IDC), as remessas de PCs finalmente desaceleraram após dois anos de crescimento de dois dígitos. Segundo o levantamento, a queda chega a 5,1% em todo o mundo no primeiro trimestre de 2022.
Além disso, segundo o IDC, isso representa duas coisas. Primeiro, a redução ocorre por conta do aumento de custos. Segundo, é preciso levar em conta a saturação do mercado em alguns segmentos. No entanto, a IDC assegurou que de forma alguma representa uma “espiral descendente”.
Por um lado, embora a procura por notebooks tenha diminuído, os desktops cresceram um pouco. Por outro, os números superaram as previsões anteriores. Os fornecedores ainda enviaram mais de 80 milhões de desktops, notebooks e estações de trabalho durante o trimestre. Isso acontece pelo sétimo trimestre consecutivo. Tal feito não acontecia desde 2012.
As vendas podem ter sido mais fortes se o mundo não estivesse enfrentando desafios sem precedentes na cadeia de suprimentos e logística, juntamente com questões geopolíticas e relacionadas à pandemia, explicou o vice-presidente da IDC, Ryan Reith.
Tivemos alguma desaceleração tanto no mercado educacional quanto no mercado consumidor, mas todos os indicadores mostram que a demanda por PCs comerciais continua muito forte.
Também acreditamos que o mercado consumidor voltará a se recuperar em um futuro próximo. O resultado do 1T22 foi o volume de embarques de PCs que estavam perto de níveis recordes para um primeiro trimestre, disse Reith.
Fim da pandemia derruba venda de computadores em todo o mundo
O gerente de pesquisa da IDC, Jay Chou, apontou que ainda há uma forte demanda reprimida sem atendimento. Isso ocorre principalmente nos mercados emergentes entre os compradores de produtos de alta qualidade. Se os fornecedores puderem enviar kits para esses mercados, isso compensará a tendência de desaceleração das vendas.
Quanto às economias emergentes, muitos dos pedidos atrasados já foram atendidos na Ásia-Pacífico (APAC). A IDC disse no mês passado que a região da APAC atingiu o pico em 2021, pois cresceu 15,9% em relação ao ano anterior, para 120,3 milhões de unidades. O analista da IDC, Matthew Ong, creditou esse crescimento ao cumprimento de pedidos pendentes e às atualizações de estoque.
Maiores participações de mercado
Globalmente, a Lenovo teve a maior participação de mercado (22,7%) no 1T22, seguida pela HP (19,7%), Dell (17,1%), Apple (8,9%). Também há um empate em quinto lugar entre Asus e Acer, que cada levou cerca de 6,9 por cento. Esses números refletiram um declínio no crescimento da Lenovo, HP e Acer, e um crescimento positivo da Dell, Apple e Asus. A HP caiu mais com -17,8% de crescimento ano a ano, enquanto a Asus cresceu mais, com 17,7%.
Os rankings entre os cinco permaneceram praticamente os mesmos desde 2021. A única mudança foi a aparição da Asus entre os cinco primeiros – mesmo que apenas empatando com a Acer.
A Lenovo registrou vendas recordes de PCs em 2021, com remessas atingindo 82,1 milhões, graças ao aumento do tempo gasto trabalhando em casa.
Do mesmo modo, a Lenovo também conseguiu garantir suprimentos como os processadores Ryzen Threadripper da AMD, deixando algumas empresas com medo de perder as vendas de estações de trabalho para a empresa sino-americana.
A HP pode ter lutado para mudar os PCs, mas recebeu talvez o prêmio de investimento final depois que surgiram notícias de uma compra de 121 milhões de ações pela Berkshire Hathaway de Warren Buffett na semana passada. Buffett é notoriamente avesso a ações de tecnologia, então o endosso implícito de uma compra da HP fez o preço das ações da empresa subir dez por cento.
Via TheRegister