A internet pode ser vulnerável à intervenção estatal. Assim, manifestantes em Hong Kong encontraram outra maneira de ficar conectados uns aos outros por meio de aplicativos offline.
Conforme manifestações pró-democracia se espalham em seu território, manifestantes estão cada vez mais abandonando o SMS, e-mails e o canivete suíço da rede social chinesa WeChat em favor de aplicativos de rede ponta-a-ponta como o Bridgefy e o FireChat.
Com o governo espreitando as redes sociais, nacionais e estrangeiras, em uma tentativa de sufocar a dissidência, esses aplicativos mensageiros fora do radar provaram ser uma bênção para o disfarce.
Segundo a Forbes, os downloads do Bridgefy dispararam em 4.000 por cento nos últimos 60 dias, citando métricas do Apptopia.
Como os aplicativos funcionam
Ambos os aplicativos funcionam sem internet e serviços de telefonia tradicionais. Os usuários da plataforma, em vez disso, confiam em protocolos de comunicação de pequeno alcance como Bluetooth e rádios WiFi no telefone para se comunicarem diretamente com outros dispositivos dentro de 60-100 m que também estão rodando Bridgefy e FireChat.
Para conversar através de longas distâncias, suas mensagens simplesmente pulam entre usuários próximos – criando uma malha de rede – até que elas alcancem o alvo pretendido. Além disso, as pessoas no meio não têm de acessar suas mensagens, realizar qualquer ação ou ter de estar em sua lista de contatos.
Baseado nas estatísticas do Apptrace, a colocação do Bridgefy na App Store da Apple subiu de 973ª no final de junho para 6ª em 1º de setembro. Ele deu um salto similar no Android, onde o aplicativo está na 2ª posição. Por outro lado, a colocação do FireChat no iOS e no Android é a 50ª – um grande aumento de abaixo da 300ª antes de junho.
Entenda os protestos
A onda recente de protestos anti-governo em Hong Kong, que começou no início de junho, foi provocada por um projeto de lei (desde então suspenso, mas não retirado) que permitiria que pessoas acusadas de crimes contra a China continental fossem extraditadas.
Enquanto a antiga colônia britânica desfruta de status especial que assegura os direitos das pessoas e liberdade não vistos no continente, o projeto atraiu críticas por causa de potenciais problemas envolvendo a China reforçando seu controle sobre a região.
Além de minar a independência jurídica de Hong Kong, a proposta poderia também ter sido usada para atingir civis que se pronunciam contra o governo chinês.
Dessa forma, os manifestantes querem que as autoridades de Hong Kong formalmente retirem o projeto de lei agora abandonado, organizem um comissão de inquérito para investigar a brutalidade da polícia em combater os protestos, exonerem aqueles que foram presos durante protestos anteriores e parem de caracterizar os protestos de junho como “motins”.
Atualmente, a situação evoluiu além do escopo inicial para protestar contra a erosão das liberdades especiais em Hong Kong.
O papel dos aplicativos
Embora não haja nada que impeça as autoridades de entrar na rede também, essa não é a primeira vez que aplicativos desempenharam um papel crucial em contornar a censura.
O FireChat já foi usado em protestos em Taiwan, Irã e Iraque. Igualmente, até mesmo em Hong Kong lá em 2014 para protestar contra a limitação da China sobre os direitos do eleitor.
O aplicativo de mensagens Telegram, por sua vez, dizem estar lançando uma nova característica em conversas em grupo para proteger as identidades dos manifestantes de serem descobertas pelas autoridades na China continental e pelos oficiais de Hong Kong.
Enquanto esses progressos podem ser uma tendência repetida, o propósito dos aplicativos como um gigante megafone não passou despercebido. O CEO da Bridgefy, Jorge Rios, disse:
As pessoas estão usando-o para organizar a si mesmas e ficarem seguras, sem ter que depender de uma conexão de internet.
Afinal, você gostou de conhecer esses dois aplicativos que funcionam de modo offline e permitem que os manifestantes se comuniquem em Hong Kong?
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Fonte: TNM.
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