Telemedicina usa nuvem para evitar lesões cerebrais em recém-nascidos

Um número alarmante. Todo ano, no Brasil, entre 15 e 20 mil bebês nascem com falta de oxigenação no cérebro. A condição, intitulada de asfixia perinatal, é responsável por 23% da mortalidade de bebês recém-nascidos. Da mesma forma, é a principal causa de lesão cerebral. Porém, um grupo de pediatras se juntou e usa a telemedicina e a nuvem para evitar lesões cerebrais em recém-nascidos. Eles fazem parte do grupo Protegendo Cérebros, Salvando Futuros (PBSF). Usam a plataforma em nuvem Microsoft Azure para monitoramento de bebês em UTI Neonatal.

Por meio de uma central de vigilância, situada em São Paulo, a PBSF conecta as UTIs neonatais de diferentes regiões do país. Assim, oferece aos hospitais um monitoramento da atividade cerebral de bebês de alto risco. Geralmente são crianças prematuras, ou que apresentam asfixia perinatal, má formação do coração ou lesão neurológica. Esse monitoramento funciona 24 horas, sete dias da semana. Os dados armazenados na nuvem da Microsoft permitem que as equipes médicas da PBSF analisem mais rapidamente as ondas cerebrais de cada bebê. Então, podem emitir alertas aos médicos e plantonistas de cada unidade.

Telemedicina usa nuvem para evitar lesões cerebrais em recém-nascidos

De acordo com a empresa, um exemplo prático é que 80% dos casos de convulsões em bebês recém-nascidos não apresentam nenhuma manifestação externa. Isso torna o diagnóstico mais difícil quando realizado apenas pelo time clínico. A partir dos alertas emitidos pela PBSF com a análise das ondas cerebrais na nuvem, as equipes dos hospitais conseguem providenciar um tratamento de forma mais rápida e eficaz. Do mesmo modo, conseguem evitar potenciais sequelas como paralisia cerebral, cegueira e surdez.

Quanto mais tempo os bebês ficam convulsionando, maior a chance de terem sequelas. E sabemos que dentre os sobreviventes, 35% têm lesões duradouras. Portanto, este trabalho junto às instituições permite que vidas sejam salvas e sequelas evitadas, afirma Gabriel Variane, médico neonatologista e fundador da PBSF.

Além de assegurar a saúde dos pacientes, a solução permite a redução de impactos sociais e conômicos. Há queda de custos diretos com cuidados, exames, acompanhamento médico ao longo da vida. Apenas na rede médica privada, de acordo com estudo do Painel de Especialistas, os custos médicos de uma criança com deficiência no Brasil são de cerca de R$ 2,9 milhões nos primeiros 20 anos de vida. Já o custo de acompanhamento de uma criança sem nenhum tipo de deficiência chega a R$ 22,5 mil. As sequelas em recém-nascidos geram, ainda, custos indiretos como perda de produtividade e gastos públicos no país com relação à saúde.

Considerado um dos maiores bancos de dados do mundo, com mais de 200 mil horas de monitoramento de ondas cerebrais de bebês, a PBSF identificou que cerca de 73% das crises epilépticas em recém-nascidos nos 23 hospitais que atende no país foram identificadas utilizando apenas seu próprio sistema. Além disso, o sistema da PBSF ainda permitiu aumentar a assertividade no diagnóstico de estados de convulsão em bebês. De acordo com Variane, somente com a avaliação clínica chegou-se à conclusão de que apenas 23% dos bebês inicialmente indicados como em estado de convulsão estavam de fato convulsionando.

Share This Article
Follow:
Jornalista com pós graduações em Economia, Jornalismo Digital e Radiodifusão. Nas horas não muito vagas, professor, fotógrafo, apaixonado por rádio e natureza.
Sair da versão mobile