O Threads acaba de alcançar a marca impressionante de 400 milhões de usuários ativos mensais, consolidando-se como uma das redes sociais que mais crescem na história recente. Desde o lançamento, em julho de 2023, o aplicativo da Meta tem sido colocado lado a lado com o X (antigo Twitter) como o principal campo de batalha da conversa pública online. Na disputa Threads vs X, esse novo marco numérico representa não apenas crescimento, mas uma jogada estratégica de longo prazo que pode redesenhar o mapa das redes sociais.
Este artigo não vai se limitar a celebrar o número. Vamos analisar o que 400 milhões de usuários significam na prática: a estratégia do Meta para escalar o Threads, as implicações para o mercado publicitário, o impacto na experiência dos usuários e, claro, como ele se posiciona frente à concorrência. Também vamos olhar além do duopólio, explorando o papel de alternativas descentralizadas como Bluesky e Mastodon, que oferecem uma visão completamente diferente para o futuro das interações online.
O crescimento do Threads não acontece no vácuo. Ele surge em um momento em que o X, sob o comando de Elon Musk, enfrenta críticas sobre mudanças drásticas na moderação, cobrança por recursos antes gratuitos e instabilidade na base de usuários. Esse cenário cria um terreno fértil para a entrada de novos competidores — e, possivelmente, para uma mudança mais profunda na forma como nos comunicamos online.

A jornada de crescimento do Threads: uma análise dos números
O Threads começou como um foguete: 100 milhões de usuários em apenas cinco dias após o lançamento. Esse desempenho inicial quebrou recordes, mas logo foi seguido por uma queda no engajamento, levantando dúvidas sobre sua capacidade de manter a atenção do público. No entanto, a Meta demonstrou resiliência. Ao longo de 2024, a empresa implementou recursos solicitados pela comunidade, melhorou a integração com o Instagram e apostou em um posicionamento de “rede social menos tóxica”.
Em meados de 2024, o Threads já havia atingido 175 milhões de usuários ativos mensais. O salto para 400 milhões agora mostra que a plataforma não é apenas um fenômeno inicial, mas um competidor sério com crescimento sustentado.
O fator Instagram: a arma secreta do Meta
A grande vantagem estratégica do Threads sobre o X e outros concorrentes é sua integração nativa com o Instagram. Com mais de 2 bilhões de usuários, o Instagram funciona como um canal de entrada quase sem atrito: basta um clique para criar uma conta no Threads, usando as mesmas credenciais e conexões.
Essa sinergia oferece algo que nenhum concorrente possui: escala instantânea e rede de contatos já estabelecida. O X e plataformas como Bluesky e Mastodon precisam lutar para que cada novo usuário construa sua rede do zero, enquanto o Threads herda todo um ecossistema pronto para ser ativado.
O que 400 milhões de usuários realmente significam?
Para o mercado publicitário
Para os anunciantes, 400 milhões de usuários significam alcance massivo e segmentação precisa, algo em que o Meta já é mestre. É apenas questão de tempo até que o Threads se torne um canal publicitário tão relevante quanto o Instagram e o Facebook, especialmente para campanhas baseadas em conversa e engajamento em tempo real.
Para os usuários
O Threads se vende como um ambiente “mais calmo e organizado” do que o X. Muitos usuários afirmam que o tom das conversas é mais leve, com menos ataques e polarização. Isso pode ser resultado tanto da moderação mais ativa da Meta quanto da ausência de algumas figuras polêmicas que migraram para outras plataformas.
Para a concorrência
O número coloca uma pressão enorme sobre o X, que agora enfrenta um rival com recursos praticamente ilimitados, integração poderosa e um crescimento acelerado. Plataformas menores, como o Bluesky e o Mastodon, não competem em escala, mas podem ganhar espaço oferecendo propostas diferenciadas.
A guerra de narrativas: Threads vs X
A estratégia “zen” do Threads
O Threads evita a postura combativa e polêmica que caracteriza parte do conteúdo do X. A aposta é em conversas construtivas e menos ruído. Para alguns críticos, isso o torna um “Instagram com texto”, sem o dinamismo e a imprevisibilidade que marcam o X. Para outros, essa é justamente sua força.
As polêmicas do X como combustível
Sob Elon Musk, o X implementou mudanças que alienaram parte de sua base: recursos antes gratuitos passaram a ser pagos, houve flexibilização nas regras de moderação e decisões polêmicas sobre contas e conteúdo. Esse clima turbulento abriu espaço para que muitos buscassem alternativas — e o Threads, com sua proposta de estabilidade e integração fácil, acabou se beneficiando diretamente.
Não existe só o duopólio: Bluesky e o Fediverso correm por fora
Bluesky e a promessa da portabilidade com o Protocolo AT
O Bluesky nasceu como um projeto idealizado por Jack Dorsey, cofundador do Twitter. Sua base é o Protocolo AT (Authenticated Transfer Protocol), que permite aos usuários manterem sua identidade e dados sob controle próprio, podendo migrar entre servidores sem perder conexões ou histórico.
Esse modelo de portabilidade de conta é visto como um avanço significativo na liberdade do usuário e na proteção contra decisões unilaterais de empresas privadas.
Mastodon e a força do Fediverso descentralizado
O Mastodon é parte do Fediverso, um ecossistema de redes sociais descentralizadas que usam o ActivityPub para permitir a comunicação entre diferentes servidores, chamados de instâncias.
Funciona como o e-mail: você pode ter uma conta em qualquer servidor e ainda assim interagir com usuários de outros. Essa estrutura é resistente à censura e evita que uma única empresa controle todo o espaço de conversas. Embora a curva de aprendizado seja maior, a comunidade do Fediverso é engajada e valoriza liberdade e descentralização.
Conclusão: o futuro é uma batalha de visão, não apenas de usuários
O marco de 400 milhões de usuários é, sem dúvida, um feito impressionante para o Threads. No entanto, a verdadeira disputa não se dará apenas em quantidade de usuários, mas em qualidade da experiência e modelo de governança.
O Meta aposta em um jardim murado, centralizado e monetizado, oferecendo conveniência e familiaridade. O X mantém a imagem de uma praça pública caótica, onde a liberdade de expressão é ampla, mas a experiência é mais imprevisível. E, correndo por fora, estão as redes abertas e descentralizadas, como Bluesky e Mastodon, que colocam o controle nas mãos dos usuários.
O que está em jogo é o futuro da conversa online: controle corporativo versus autonomia comunitária.
E você, em qual plataforma aposta para o futuro das conversas online? A conveniência centralizada ou a liberdade descentralizada? Deixe sua opinião nos comentários!