Nos últimos anos, o TikTok nos Estados Unidos se transformou em uma verdadeira arena geopolítica, onde tecnologia, segurança e política colidem. A recente declaração de Donald Trump, ex-presidente e pré-candidato nas eleições de 2024, reacendeu o debate sobre o futuro da plataforma no país. Trump afirmou que há “muitos compradores ricos” interessados em adquirir o aplicativo, sinalizando que a novela em torno do TikTok ainda está longe do fim.
A saga do TikTok: Trump e a possível venda da plataforma nos EUA
Neste artigo, vamos analisar os principais capítulos dessa saga, desde as preocupações iniciais com segurança nacional, passando pelas tentativas de banimento e venda forçada, até a nova fase impulsionada por declarações políticas. Também abordaremos as implicações de uma possível venda do TikTok, o impacto para usuários e criadores de conteúdo, e como isso tudo se conecta ao contexto global da geopolítica da tecnologia.
O debate sobre o TikTok não é apenas sobre um aplicativo popular de vídeos curtos. Ele reflete questões profundas sobre privacidade, soberania digital e o equilíbrio de poder entre as nações em um mundo cada vez mais conectado.

O histórico da saga do TikTok nos EUA
A trajetória do TikTok nos Estados Unidos tem sido marcada por uma série de embates regulatórios e políticos, especialmente durante a administração Trump, entre 2019 e 2021. O ex-presidente frequentemente manifestou preocupações com a influência do governo chinês sobre a ByteDance, empresa controladora do TikTok.
Em 2020, Trump chegou a assinar uma ordem executiva determinando que a ByteDance vendesse suas operações nos EUA ou enfrentaria o banimento. Essa decisão acabou sendo travada nos tribunais e posteriormente arquivada quando Joe Biden assumiu a presidência.
Preocupações com segurança nacional e dados
O principal argumento por trás das pressões para banir ou vender o TikTok gira em torno de segurança nacional. Autoridades americanas alegam que o aplicativo pode ser usado pelo Partido Comunista Chinês para coletar dados sensíveis de usuários norte-americanos, o que representaria um risco inaceitável.
Embora o TikTok tenha reiteradamente negado que compartilhe dados com o governo chinês, investigações jornalísticas e relatórios de agências de inteligência mantêm acesa a suspeita de que os dados possam ser acessados por engenheiros na China.
Os jogadores envolvidos: governo americano, TikTok e ByteDance
A saga envolve três grandes atores com interesses divergentes:
- Governo dos EUA: Preocupado com segurança, influência estrangeira e controle de dados.
- TikTok: Tentando preservar seu mercado mais lucrativo e proteger sua imagem pública.
- ByteDance: Procurando evitar a fragmentação de sua operação global e resistir à pressão por venda forçada.
Cada parte tem investido milhões em lobby político, campanhas de relações públicas e estratégias legais para moldar o desfecho da disputa.
Trump e a nova fase da saga: a busca por compradores
No início de 2025, Donald Trump voltou a colocar o TikTok no centro do debate, declarando que existem compradores interessados na plataforma. Sem mencionar nomes, ele afirmou que “muitos bilionários” estariam dispostos a adquirir o aplicativo, caso a venda se torne inevitável por questões legais.
A declaração ocorre em um momento em que o Congresso norte-americano avança com projetos de lei que exigem a venda do TikTok para uma empresa americana ou seu banimento completo do país.
Potenciais compradores e o perfil desejado
Quem seriam esses “muito ricos” interessados no TikTok? Possíveis compradores incluem:
- Empresas de tecnologia americanas, como Oracle (que já esteve envolvida em tentativas anteriores de compra) ou Microsoft;
- Grupos de investimento e capital privado, que veem o TikTok como uma mina de ouro publicitária;
- Bilionários com ambições políticas ou tecnológicas, interessados em moldar o discurso digital.
O comprador ideal, segundo o governo americano, seria uma empresa com sede e operações majoritariamente nos EUA, comprometida com transparência, privacidade de dados e independência de influência estrangeira.
O impacto de uma possível venda para o TikTok e seus usuários
Caso a venda se concretize, o TikTok nos Estados Unidos poderá passar por transformações profundas. Uma nova gestão pode alterar políticas internas, algoritmos, modelos de monetização e até a linha editorial da plataforma.
Privacidade e segurança: o que muda com a nova gestão?
Uma das promessas da venda seria resolver as preocupações com privacidade de dados, mas essa mudança não é garantida. Muito dependerá do compromisso real do novo proprietário com transparência, auditoria externa e conformidade regulatória.
Além disso, há quem questione se a real motivação do banimento seria geopolítica e econômica, mais do que técnica ou de segurança. Transferir a propriedade pode até aliviar as tensões políticas, mas não necessariamente transformará o TikTok em um espaço mais seguro ou ético.
O futuro dos criadores de conteúdo e da comunidade
Para os milhões de criadores de conteúdo que dependem do TikTok como fonte de renda e expressão criativa, uma venda pode gerar incertezas. Mudanças nos termos de uso, algoritmos de alcance ou nos modelos de monetização podem afetar diretamente o ecossistema da plataforma.
A título de comparação, a compra do Twitter por Elon Musk levou a modificações significativas — e controversas — na política da plataforma, gerando reações mistas entre usuários e anunciantes. Um cenário similar não está descartado para o TikTok.
Conclusões e perspectivas futuras
A saga do TikTok nos Estados Unidos é um retrato claro de como tecnologia, política e segurança estão entrelaçadas. O aplicativo se tornou muito mais do que um espaço de entretenimento: hoje é um símbolo das disputas globais por poder digital, controle de dados e influência cultural.
A possível venda da plataforma, como sugerido por Donald Trump, pode ser um desfecho para a pressão política — mas também abre um novo capítulo de incertezas. O que acontecerá com a experiência dos usuários? A privacidade será realmente protegida? E o que isso representa para outras empresas de tecnologia estrangeiras que atuam nos EUA?