A Canonical Kernel Team (CKT) confirmou que o Ubuntu 25.10 Questing Quokka vai mirar o Kernel Linux 6.17. Pelo calendário atual, o congelamento do kernel ocorre poucos dias antes da previsão de lançamento upstream, o que significa que o sistema pode chegar com o kernel ainda em estado de Release Candidate (RC) — um Unstable Release do ponto de vista do kernel.
Uma nova política para o coração do sistema
A Canonical adotou uma política mais “agressiva” para seleção de versões: em vez de escolher um kernel estável mais antigo, o Ubuntu agora se compromete a embarcar o kernel mais recente disponível na data de freeze, mesmo que ainda seja RC. A justificativa é clara: entregar, já no lançamento, suporte a hardware novo e otimizações recentes. A CKT explica que idealmente precisa de ~1 mês entre o lançamento upstream e o Ubuntu para declarar um kernel “estabilizado”, mas, quando os calendários não se alinham, prefere priorizar novidade e cobertura de hardware.
Essa orientação já vem sendo aplicada: o Ubuntu 24.10 saiu com 6.11 e o 25.04 com 6.14, mantendo a distro próxima do topo do desenvolvimento upstream. O 25.10 leva a estratégia adiante ao mirar o 6.17.
O que significa um “lançamento instável”, na prática?
Unstable Release (lançamento instável) não é sinônimo de “kernel bugado”, e sim um rótulo operacional: o kernel de GA ainda está em RC e, portanto, recebe suporte “mínimo” até a estabilização. Na prática, a CKT poderá atualizar o kernel com cada RC que sair, sem o fluxo SRU padrão; livepatch não se aplica enquanto for instável; e variantes (como raspi ou lowlatency) e componentes dependentes — por exemplo, drivers NVIDIA e ZFS — podem demorar um pouco para chegar totalmente integrados. Para casos em que esses componentes são críticos, a Canonical pode publicar um Bridge Kernel (uma versão anterior, já qualificada) para “fazer a ponte” até o kernel final estabilizar; assim que o 6.17 estabilizar, os usuários são movidos automaticamente.
O cronograma apertado do Ubuntu 25.10
O Kernel Freeze do 25.10 está marcado para 25 de setembro de 2025. A própria CKT estima o lançamento do 6.17 para 28 de setembro de 2025; já a versão final do Ubuntu 25.10 ocorre em 9 de outubro de 2025. Resultado: o congelamento do pacote acontece quando o 6.17 provavelmente ainda está em RC, e é isso que coloca o 25.10 na categoria de Unstable Release do ponto de vista do kernel.
O que o usuário ganha (e o que precisa observar)
Para quem acompanha o Ubuntu 25.10 kernel, o ganho é imediato: mais suporte de hardware na imagem de lançamento e acesso rápido às otimizações recentes do upstream. Em contrapartida, as primeiras semanas pós-GA funcionam como Stabilization Period: o kernel recebe atualizações de acompanhamento (ex.: RCs subsequentes), variantes podem aparecer depois, e HWE (Hardware Enablement) só migra para a LTS anterior quando o kernel estiver estabilizado. Se você depende de módulos externos (NVIDIA) ou de ZFS já polidos no dia 1, o cenário mais seguro é usar o eventual Bridge Kernel e seguir para o 6.17 assim que a Canonical carimbar a estabilização.
Por que isso importa
A mudança da Canonical equilibra expectativa e realidade: o ciclo do Ubuntu tem data fixa; o do kernel, não. Ao mirar o topo da árvore upstream no GA — mesmo que em RC — o projeto entrega mais modernidade e relevância para quem compra hardware novo e para OEMs, enquanto deixa transparente que a “polidez final” virá via atualizações nas semanas seguintes. Em outras palavras, é uma escolha estratégica: novidade máxima agora, com estabilização rápida logo após o lançamento.