Visões gerais de IA: Menos cliques em links, diz estudo

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Jardeson Márcio
Jardeson Márcio é Jornalista e Mestre em Tecnologia Agroalimentar pela Universidade Federal da Paraíba. Com 8 anos de experiência escrevendo no SempreUpdate, Jardeson é um especialista...

Estudo aponta que IA na busca reduz cliques em links. Analisamos o conflito entre os dados e a resposta oficial do Google.

A revolução da inteligência artificial na Busca do Google está transformando a forma como acessamos informações. Com as chamadas Visões Gerais de IA (AI Overviews), o Google oferece respostas sintetizadas e imediatas no topo dos resultados, prometendo praticidade. No entanto, um novo estudo do Pew Research Center levanta um alerta: essa conveniência pode estar comprometendo a principal engrenagem da web — o clique nos links.

De acordo com a pesquisa, a presença dessas respostas geradas por IA reduz drasticamente o número de acessos aos sites que alimentam os algoritmos do Google. O impacto é sentido por criadores de conteúdo, profissionais de SEO, donos de sites e toda a cadeia produtiva da internet. Neste artigo, analisamos os dados do estudo, a reação firme do Google e o que tudo isso revela sobre o futuro da busca online e da visibilidade na web.

Visões gerais de IA
Imagem: 9to5Google

O que o estudo da Pew Research realmente descobriu?

O relatório do Pew Research Center analisou o comportamento de usuários diante da nova interface da busca com IA. O foco principal foi entender como a presença das Visões Gerais de IA afeta a propensão ao clique em links externos.

Menos cliques, mais respostas diretas

Um dos dados mais contundentes do estudo é a queda no percentual de usuários que clicam em links externos: de 15% nas buscas tradicionais para apenas 8% quando há uma resposta de IA no topo da página. Ainda mais preocupante é o fato de que apenas 1% dos usuários clicam nos links dentro do próprio resumo de IA — aqueles que, em tese, deveriam creditar as fontes da informação fornecida.

Esse comportamento sugere uma mudança radical no fluxo de tráfego da web, já que os usuários passam a depender exclusivamente do que a IA apresenta como resposta resumida.

O fim da jornada de busca?

O estudo também mostra que 26% das buscas com Visões Gerais de IA terminam ali mesmo, sem nenhuma interação adicional do usuário. Esse número contrasta com os 16% de encerramento na busca tradicional, o que indica que, para muitos, o resumo da IA basta.

Se os usuários não sentem necessidade de continuar explorando, os sites deixam de ser visitados, mesmo que tenham fornecido as informações usadas pela IA. Isso coloca em xeque o modelo atual da internet, baseado na troca entre produção de conteúdo e tráfego gerado por mecanismos de busca.

A defesa do Google: por que a empresa contesta os dados?

Diante da repercussão negativa, o Google respondeu de forma contundente ao estudo, contestando tanto a metodologia quanto as conclusões apresentadas.

“Metodologia falha” e “novas oportunidades”

A empresa alegou que o estudo da Pew usou um conjunto de buscas limitado e não representativo, o que distorce os resultados. Segundo o Google, os pesquisadores utilizaram simulações de comportamento que não refletem o uso real da ferramenta por bilhões de usuários.

Além disso, o Google afirma que as Visões Gerais de IA criam novas oportunidades para os sites. A lógica da empresa é que, ao permitir perguntas mais complexas, os usuários podem ser levados a explorar tópicos mais profundos e, eventualmente, acessar páginas específicas que fornecem respostas detalhadas.

Em nota, o Google disse que monitora constantemente o impacto das mudanças e que os testes realizados internamente não mostram quedas significativas no tráfego gerado para os sites parceiros.

O cenário geral: outros dados corroboram a queda?

Apesar da defesa do Google, outras fontes reforçam a percepção de queda no tráfego proveniente da busca.

Um relatório recente da SimilarWeb, citado pela revista The Economist, aponta uma redução de 15% no tráfego global de buscas em várias categorias. Isso corrobora a tese de que os usuários estão cada vez mais satisfeitos com respostas imediatas, sem necessidade de visitar sites externos.

Ao mesmo tempo, especialistas alertam que ainda é cedo para conclusões definitivas. O comportamento do usuário tende a se adaptar lentamente, e o impacto de mudanças tão estruturais pode levar meses — ou até anos — para se consolidar de forma clara nos dados.

O impacto para publishers e o futuro do SEO

Mais do que uma disputa entre números, esse debate escancara uma transformação profunda no modelo de distribuição de informação online. Criadores de conteúdo e profissionais de SEO estão no centro dessa mudança.

Um novo paradigma para criadores de conteúdo

Com o modelo de clique ameaçado, os publishers talvez precisem repensar suas estratégias de crescimento. A dependência excessiva do Google como canal de tráfego pode se tornar um risco.

O novo paradigma pode envolver construção de audiência direta, fortalecimento de newsletters, comunidades em redes sociais e outros meios menos voláteis para se conectar com os leitores.

O SEO do futuro será otimizar para o “clique zero”?

A ascensão das respostas de IA pode fazer com que o novo objetivo do SEO seja aparecer como a fonte citada pela IA, mesmo que isso não gere um clique direto.

Isso exigirá novas abordagens na criação de conteúdo: autoridade, clareza e estrutura otimizada podem ser os fatores decisivos para que um texto seja escolhido pela IA como base para suas respostas.

O desafio é grande, mas também pode abrir espaço para modelos híbridos, em que a visibilidade vinda da IA se torne uma forma de construir reputação, mesmo sem o clique tradicional.

Conclusão: navegando na nova era da busca com IA

O cenário que se desenha é o de uma web em transição. De um lado, temos dados preocupantes sobre a redução de cliques; do outro, uma gigante da tecnologia que defende suas inovações com promessas de evolução.

A realidade é que as Visões Gerais de IA já são parte integrante da experiência de busca, e não há sinal de que serão abandonadas. Para os criadores de conteúdo, resta acompanhar de perto, adaptar estratégias e diversificar as fontes de tráfego para sobreviver — e talvez prosperar — nessa nova realidade.

E você, leitor? Já notou mudanças na sua forma de usar o Google? Você se sente mais satisfeito com as respostas diretas da IA ou sente falta de explorar os links? Compartilhe sua experiência nos comentários!

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