A transição do Twitter para X não mudou apenas o nome e a identidade visual da plataforma, ela também vem deixando para trás partes importantes da experiência em desktop. A decisão mais recente afeta diretamente usuários de Mac com Apple Silicon, que agora estão oficialmente impedidos de instalar o aplicativo do X no Mac via Mac App Store, mesmo utilizando a versão originalmente destinada ao iPad. Para muitos profissionais e usuários avançados, trata-se do golpe final em uma experiência que já vinha sendo negligenciada há anos.
O bloqueio passou a valer silenciosamente, mas rapidamente chamou a atenção da comunidade. Até então, Macs com processadores M1, M2 e M3 conseguiam rodar aplicativos de iPad graças à arquitetura unificada do Apple Silicon, oferecendo uma alternativa ao navegador. Com essa mudança, o X no Mac passa a existir apenas na versão web, levantando questionamentos sobre estratégia, prioridades e o futuro do suporte da plataforma no ecossistema Apple.
O fim da linha para o X no macOS
Tecnicamente, o que mudou foi simples e ao mesmo tempo significativo. O X desativou, do lado do desenvolvedor, a opção que permite que um aplicativo de iPadOS seja listado como compatível com macOS em Macs com Apple Silicon. Essa escolha é feita diretamente no App Store Connect, o painel usado para gerenciar a distribuição de apps da Apple.
Desde o lançamento dos primeiros Macs com chip M1, a Apple permite que desenvolvedores decidam se seus aplicativos de iPhone e iPad podem rodar no macOS. No caso do antigo Twitter, o app nativo para Mac foi descontinuado ainda antes da mudança de marca, levando muitos usuários a adotarem a versão de iPad como substituta. Agora, nem essa alternativa existe mais.
O impacto é imediato. Usuários que já tinham o aplicativo instalado não conseguem reinstalá-lo em um novo Mac, nem baixá-lo novamente após uma formatação. Para novos usuários, o aplicativo do X para macOS simplesmente não aparece como opção. O recado é claro, a plataforma não quer mais manter nenhum tipo de experiência “quase nativa” no Mac.

Aplicativo em estado de abandono
Para quem acompanhava a situação de perto, o bloqueio não chega a ser totalmente surpreendente. O aplicativo do X rodando no Mac já apresentava sinais claros de abandono. Recursos básicos vinham falhando há meses, criando uma experiência inconsistente e frustrante.
Entre os problemas mais citados estavam a busca interna quebrada, links que não abriam corretamente, falhas no carregamento de mídias e comportamentos estranhos na interface, especialmente ao redimensionar janelas. Em alguns casos, notificações simplesmente deixavam de funcionar, algo crítico para jornalistas, analistas de mercado e profissionais de comunicação que dependem do Twitter no Mac em tempo real.
Esses bugs nunca foram corrigidos de forma consistente, o que indicava que o app não era prioridade dentro da nova estrutura do X. A decisão de bloqueá-lo oficialmente apenas confirma um processo de degradação que já estava em curso.
A estratégia por trás da decisão
Ao empurrar usuários para o navegador, o X faz uma escolha que vai muito além de uma simples questão técnica. Manter aplicativos nativos ou adaptados para múltiplas plataformas exige investimento contínuo em desenvolvimento, testes e correções. Ao focar quase exclusivamente na versão web, a empresa reduz custos e simplifica sua operação.
Existe também um fator estratégico importante. No navegador, o X tem controle total sobre a exibição de anúncios, experimentos de layout e coleta de dados. Em aplicativos distribuídos pela App Store, a empresa precisa seguir regras da Apple, lidar com possíveis limitações de rastreamento e aceitar intermediários no ecossistema.
Além disso, a versão web permite atualizações instantâneas, sem depender de revisões da loja ou de ciclos de publicação. Isso se alinha ao modelo adotado desde que Elon Musk assumiu a empresa, priorizando velocidade, centralização e controle direto da plataforma.
Nesse contexto, o X no Mac deixa de ser visto como um produto específico e passa a ser apenas mais um acesso ao site. Para a empresa, essa uniformização faz sentido. Para os usuários, representa uma perda clara de qualidade e integração com o sistema.
Alternativas para quem não quer usar o navegador
Apesar do cenário negativo, ainda existem algumas alternativas para quem não quer depender exclusivamente de abas no navegador. A principal delas é o uso de PWAs (Progressive Web Apps). No macOS, navegadores como Safari e Chrome permitem instalar sites como se fossem aplicativos, com ícone próprio no Dock e execução em janela separada.
Embora não ofereçam a mesma integração de um app nativo, os PWAs do X conseguem entregar uma experiência mais organizada do que simplesmente manter o site aberto em uma aba. Notificações, por exemplo, tendem a funcionar melhor nesse formato.
Outra opção é recorrer a clientes de terceiros, embora o cenário seja cada vez mais limitado. Mudanças frequentes na API do X e restrições impostas pela empresa reduziram drasticamente a oferta de aplicativos independentes confiáveis. Muitos foram descontinuados ou perderam recursos essenciais.
Diante disso, cresce também o interesse por redes alternativas no desktop. Plataformas como Mastodon e Bluesky oferecem aplicativos nativos para macOS ou experiências web mais bem adaptadas ao uso em computadores. Para parte do público, especialmente o mais técnico, a migração já está em andamento.
Impacto para usuários e para o ecossistema Apple
O bloqueio do aplicativo do X para macOS reforça uma percepção incômoda, a de que a experiência em desktop não é prioridade para algumas das maiores plataformas sociais do mundo. Em um momento em que Macs com Apple Silicon oferecem desempenho e eficiência de sobra, a ausência de apps bem integrados soa como um retrocesso.
Para a Apple, a decisão do X também expõe os limites do modelo de compatibilidade entre iPad e Mac. Embora a tecnologia funcione, ela depende totalmente da boa vontade dos desenvolvedores. Quando essa vontade acaba, o usuário fica sem opções.
No fim das contas, o X no Mac se torna um símbolo de uma mudança maior na indústria, onde o navegador volta a ser o centro da experiência, mesmo em sistemas operacionais maduros e capazes de rodar aplicativos avançados. Resta saber até que ponto os usuários aceitarão essa perda de qualidade sem buscar alternativas.
E você, ainda usa o Twitter no Mac diariamente ou já migrou para outra rede social no desktop? Compartilhe sua experiência nos comentários e participe da discussão.
