Se você acompanha a cena de mainline móvel, prepare um sorriso: chegou uma série de patches que coloca o Xiaomi Redmi 3S Linux de volta ao mapa. E não é gambiarra — é suporte upstream de verdade. Hoje, o estado funcional é claro e útil: o aparelho boota um initramfs, expõe console serial (adeus “tela preta” na depuração) e rende vídeo via simple framebuffer. É o kit de primeiros socorros perfeito para ver logs, validar drivers iniciais e começar a montar um userspace enxuto sem cair em kernels derivados e cheios de remendos.
A mágica acontece porque o trabalho não mira só o telefone, mas o SoC Qualcomm Snapdragon 430 (MSM8937). Pense nele como o primo encorpado do MSM8917: oito Cortex-A53, GPU Adreno 505 e duas portas DSI — um trio que exigiu mexer na fundação do kernel. A série estende os drivers existentes (especialmente o GCC, o controlador global de clocks, e a pinctrl herdada do 8917) para acomodar as diferenças do 8937, ajusta bindings e descreve direitinho os blocos do chip. Resultado: clocks mapeados, resets e domínios de energia prontos, interconexões e IOMMUs de pé, além do esqueleto de display com MDSS/MDP5 e os PHYs DSI no lugar.

No Redmi 3S em si (codinome land), o device tree separa o que é genérico do SoC e o que é específico do aparelho — aquele toque que facilita manutenção e reaproveitamento. Para dar imagem logo no primeiro boot, entra um simple-framebuffer provido pelo bootloader; mais adiante, quando o painel DSI for descrito, o pipeline de display nativo assume sem traumas. É o caminho clássico do bring-up: subir o básico com confiabilidade e, depois, ir trocando as “rodinhas de treino” por componentes definitivos.
Por que isso importa? Porque upstream é sinônimo de longevidade. Em vez de depender de kernels antigos e proprietários, a comunidade ganha um caminho sustentável para manter aparelhos populares vivos, auditáveis e úteis em 2025. E o Xiaomi Redmi 3S Linux é um símbolo perfeito dessa ideia: hardware barato, abundante, ótimo para aprender, experimentar postmarketOS ou virar um servidorzinho/terminal de bolso.
O que vem agora? O roteiro é conhecido, mas animador:
- Display completo: sair do simple-fb e ligar o painel via DSI/MDP5.
- GPU: fazer a Adreno 505 conversar com o Freedreno para ter aceleração 3D.
- Periféricos: áudio, sensores, armazenamento fino, rádio — cada peça com seu DT e driver lapidados.
- Energia e estabilidade: OPPs, reguladores e thermal para uso diário sem sustos.
Em resumo: a comunidade colocou as fundações do MSM8937 no lugar e deu vida nova ao Redmi 3S no kernel que importa — o mainline. Já há boot, logs e imagem na tela; o resto agora é persistência e polimento. Se você tem um “land” parado na gaveta, este é um excelente momento para testar, reportar, revisar — e participar desse revival que estica o ciclo de vida de um clássico.