YouTube lança função “Girar Shorts”: Recurso de acessibilidade pode confundir usuários

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Jardeson Márcio
Jardeson Márcio é Jornalista e Mestre em Tecnologia Agroalimentar pela Universidade Federal da Paraíba. Com 8 anos de experiência escrevendo no SempreUpdate, Jardeson é um especialista...

O YouTube, gigante do streaming de vídeo, está sempre em movimento quando o assunto é experimentar novas formas de consumo. A plataforma é conhecida por testar recursos de maneira silenciosa e progressiva, como é o caso da mais recente função incorporada aos Shorts, seu formato vertical e dinâmico. Agora, com o recurso “Girar Shorts”, os usuários podem assistir a vídeos verticais em modo paisagem, girando o aparelho para a horizontal — algo que, à primeira vista, pode parecer estranho.

YouTube lança “Girar Shorts”: Nova função pode otimizar sua acessibilidade ou desperdiçar sua tela

Neste artigo, vamos explorar como funciona a função Girar Shorts do YouTube, quem pode realmente se beneficiar dela, e por que muitos usuários provavelmente vão querer deixá-la desativada. Também discutiremos como essa novidade se encaixa no contexto da acessibilidade digital, uma área que tem ganhado cada vez mais atenção no design de aplicativos modernos.

Os Shorts transformaram o modo como consumimos vídeos rápidos e verticais. No entanto, a opção de visualizá-los na horizontal levanta dúvidas importantes sobre eficiência de tela, usabilidade e inclusão, especialmente em dispositivos móveis com formatos diversos.

Google Shorts

O que é o recurso “Girar Shorts” do YouTube?

A função Girar Shorts permite ao usuário assistir aos vídeos curtos verticais do YouTube em modo paisagem. Ao girar o smartphone horizontalmente com o recurso ativado, o conteúdo dos Shorts é automaticamente adaptado para essa visualização.

A novidade não está ativada por padrão. Para usá-la, é preciso seguir este caminho:

Configurações > Acessibilidade > Girar Shorts (ativar manualmente).

Quando habilitado, ao rotacionar o aparelho, o vídeo vertical permanece com sua proporção original (9:16), mas é centralizado no meio da tela, enquanto as laterais permanecem vazias — exatamente como ocorre ao assistir Reels ou TikToks em tela cheia em uma TV.

A interface continua mostrando elementos como curtidas, comentários e botão de inscrição, mas eles são adaptados à orientação horizontal. O design tenta manter a experiência familiar, embora nem sempre isso funcione como o esperado.

A “visão” em paisagem: Pequeno e peculiar

Apesar de parecer uma boa ideia para quem já está com o aparelho deitado — por exemplo, assistindo outros vídeos em paisagem — o uso dessa função nos Shorts apresenta desvantagens visuais consideráveis. O vídeo permanece vertical e centralizado, o que significa que boa parte da tela é desperdiçada com espaços pretos ou preenchimentos estéticos.

Isso cria uma experiência semelhante à de ver vídeos de paisagem com o telefone na vertical, onde o conteúdo é comprimido e perde impacto. No caso do recurso Girar Shorts, a proposta se inverte, mas o resultado é semelhante: ineficiência no uso do espaço da tela.

Além disso, a experiência pode ser confusa para quem espera uma adaptação completa da interface, como acontece com vídeos normais no YouTube. Nos Shorts, essa transição não é fluida — é mais uma adaptação do que uma reformulação.

Acessibilidade em foco: Para quem realmente é essa função?

O principal argumento para a existência do recurso Girar Shorts do YouTube está na acessibilidade. Ele pode beneficiar usuários com mobilidade reduzida ou limitações motoras que preferem ou precisam manter o telefone em um suporte horizontal, seja por necessidade ou conforto.

Pessoas com tetraplegia, por exemplo, que utilizam comandos visuais ou sistemas alternativos de navegação, podem encontrar na visualização horizontal uma forma mais prática de consumir o conteúdo dos Shorts sem precisar girar fisicamente o dispositivo ou alterar sua posição.

Além disso, o recurso também pode ser útil em situações onde o celular está acoplado a suportes de mesa, volantes ou bases horizontais, tornando a rotação do vídeo uma vantagem para a ergonomia visual.

Neste contexto, o YouTube reforça seu compromisso com a inclusão digital, ao oferecer alternativas que não favorecem apenas a estética ou tendências, mas buscam ampliar o acesso ao conteúdo para usuários com necessidades específicas.

YouTube em tablets e dobráveis: Uma solução já existente

O recurso Girar Shorts em smartphones não é exatamente novo em conceito. Usuários de tablets Android e iPads já estão acostumados com a exibição horizontal dos Shorts, com uma interface adaptada para telas maiores. O mesmo vale para celulares dobráveis da linha Galaxy Z Fold, por exemplo, onde a orientação paisagem já é comum.

Nesses dispositivos, os Shorts são reorganizados com melhor aproveitamento do espaço da tela, distribuindo os elementos de interação (curtidas, comentários, compartilhamento) ao lado do vídeo, sem prejudicar tanto a experiência.

O que o YouTube tenta fazer agora é estender essa lógica para os smartphones convencionais, embora com limitações visíveis devido ao tamanho reduzido da tela e ao formato vertical dos vídeos.

Vale a pena ativar o “Girar Shorts”?

A resposta depende do perfil de uso.

Para a maioria dos usuários, especialmente aqueles que consomem conteúdo de forma dinâmica e interativa, o modo vertical continua sendo a melhor escolha. A experiência é mais fluida, os elementos estão onde deveriam estar, e o vídeo aproveita o máximo da tela.

Já para quem usa o celular em bases horizontais, tem limitações motoras ou simplesmente prefere navegar em modo paisagem, a função pode oferecer um conforto adicional. Ainda assim, o ganho é limitado, já que a proporção do vídeo permanece a mesma.

Em resumo, a recomendação geral é:

  • Ative o Girar Shorts se você tem necessidades específicas de acessibilidade ou mantém seu celular frequentemente na horizontal.
  • Mantenha desativado se você preza por uma experiência visual mais imersiva e prática, como a que os Shorts oferecem no formato original.

Conclusão: Mais um passo em acessibilidade, mas nem sempre para todos

A chegada da função Girar Shorts do YouTube é um exemplo claro de como recursos de acessibilidade podem ser úteis para públicos específicos, mas não necessariamente devem ser adotados por todos. Embora seja louvável ver o YouTube pensando em inclusão, a execução ainda deixa a desejar quando analisada sob a ótica da experiência geral do usuário.

No fim das contas, essa é uma função útil para poucos, irrelevante para muitos, e que pode até confundir usuários desavisados que ativarem sem entender seu propósito real.

Se você já experimentou a função ou tem uma opinião sobre como a acessibilidade está sendo tratada nos aplicativos modernos, deixe seu comentário abaixo e participe da discussão!

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