YouTube Shopping chega ao Brasil

Escrito por
Emanuel Negromonte
Emanuel Negromonte é Jornalista, Mestre em Tecnologia da Informação e atualmente cursa a segunda graduação em Engenharia de Software. Com 14 anos de experiência escrevendo sobre...

Nova fonte de receita para criadores brasileiros — e lives e colaboração turbinadas.

O YouTube está expandindo o Programa de Afiliados do YouTube Shopping para o Brasil. Na prática, criadores de conteúdo elegíveis poderão marcar produtos em vídeos e Shorts e receber comissão por cada venda originada. É a porta de entrada para transformar canais de reviews, tutoriais e lifestyle em verdadeiras “vitrines de e-commerce”, sem precisar de loja própria. Segundo a própria plataforma, o GMV (Gross Merchandise Volume) do YouTube Shopping cresceu 5x na comparação anual e mais de 500 mil criadores já estão inscritos globalmente — um sinal claro de tração antes mesmo do desembarque oficial por aqui.

O movimento vem acompanhado de uma mensagem alinhada à força do ecossistema local. “O Brasil tem um dos ecossistemas de criadores mais vibrantes do mundo. A chegada do Programa de Afiliados do YouTube Shopping ao país é um marco importante”, diz Clarissa Orberg, head de parcerias do YouTube no país. Ela enfatiza que, somadas às novas ferramentas globais (colaboração, lives e dublagem com sincronização labial), os criadores brasileiros ganharão mais formas de construir comunidade e transformar criatividade em negócios.

E como isso funciona na prática? Marcas habilitam seus catálogos via Merchant Center; criadores qualificados marcam os produtos nos vídeos/Shorts (e até em transmissões ao vivo). O YouTube gerencia links, atribuição, comissões e relatórios — você só paga pelo que vende e o criador só ganha quando gera conversão. Para o criador, é monetização adicional que não depende de AdSense; para a marca, é distribuição com prova de resultado embutida.

Novidades globais: mais conexão nas lives e colaboração

O evento Made on YouTube também trouxe um pacote robusto para lives — o formato com interação “ao vivo” que, sozinho, já representou mais de 30% da audiência diária logada no 2º trimestre de 2025. A partir de agora, os criadores poderão transmitir simultaneamente em horizontal e vertical, com um único chat unificado, alcançando a TV da sala e o celular sem dividir a conversa. A plataforma também sugerirá Shorts automaticamente a partir dos melhores momentos da live (via IA), e há um modo de “ensaio” privado para quem quer testar setup e roteiro antes de abrir a live ao público. Por fim, o YouTube vai expandir as reações ao vivo: fazer uma live vertical no celular reagindo, em tempo real, a outras transmissões elegíveis.

No YouTube Studio, a palavra de ordem é colaboração e otimização. O novo recurso Collaborations permite adicionar até cinco criadores a um único vídeo, exibindo o conteúdo para as audiências de todos os participantes (o que acelera descoberta cruzada). Já o Teste A/B evolui: além de thumbnail, será possível testar até três títulos por vídeo — combustível direto para CTR e crescimento. E chega ainda o Ask Studio, um parceiro conversacional de IA que ajuda a interpretar analytics, entender comportamento da comunidade e priorizar próximas pautas.

Outro ponto sensível — e necessário — é proteção. O YouTube está expandindo no Studio a tecnologia de detecção de semelhança (likeness) em beta aberto para todos os criadores do Programa de Parcerias. Em bom português: a plataforma usará IA para ajudar o criador a detectar e solicitar a remoção de vídeos não autorizados que usem seu rosto — um antídoto contra deepfakes que afetam reputação, confiança e receita.

E para quem trabalha com brand deals e conteúdo patrocinado? O YouTube vai reimaginar as inserções em vídeos longos com slots dinâmicos, sem “queimar” a integração para sempre: você pode pausar, trocar a marca, vender por mercado e até por região. Nos Shorts, será possível adicionar link direto para o site da marca em acordos comerciais, facilitando conversão e comprovando tráfego gerado pelo criador. Tudo isso caminha junto com o avanço do YouTube Shopping, agora incluindo o Brasil e com apoio de IA para sugerir o momento ideal de marcar o produto citado.

O futuro da criação com IA (ainda em testes fora do Brasil)

A terceira perna do anúncio é uma prévia do que vem aí em IA generativa — inspirada na ideia de que a tecnologia deve potencializar (não substituir) a narrativa humana. Entre as novidades está o Edit with AI, que transforma clipes brutos em um primeiro corte de Shorts, com trilha, transições e até narração que reage ao conteúdo (em inglês ou hindi). Também chega a integração do Veo 3 ao Shorts (versão “Fast”, com foco em rapidez), que gera vídeos com som a partir de prompts, além do Speech to song, capaz de remixar falas em trilhas sonoras.

Um detalhe importante para não criar expectativa errada: essas ferramentas de IA de criação estão começando a ser testadas em mercados selecionadosEUA à frente, com Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia também no roteiro — e ainda não têm data para o Brasil. Para quem vive de calendário de conteúdo, o recado é simples: acompanhe os testes, entenda os casos de uso e prepare processos para acelerar quando a disponibilidade for ampliada.

Ainda no eixo de alcance global, o auto-dubbing ganha sincronização labial (lip sync) para que a dublagem acompanhe melhor o movimento da boca — um salto de naturalidade para quem mira novas audiências sem regravar. Em paralelo, o ecossistema de podcasts vai receber ferramentas de clipes e Shorts automáticos e geração de vídeo a partir de áudio, ajudando criadores “audio-first” a ocupar também a prateleira de vídeo. Tudo em fase de testes e com rollout gradual, começando fora do Brasil.

Por que isso muda o jogo para o criador brasileiro?

Pense no que já funciona no seu canal hoje: resenhas de gadgets, tutoriais de beleza, comparativos de ferramentas, rotinas de academia, receitas, decoração, games, moda… Agora some marcação de produto nativa e comissão no mesmo lugar em que você já tem audiência e confiança. Em vez de mandar o público “pro link na bio” ou se perder em UTMs, o YouTube Shopping Brasil aproxima descoberta e compra com um clique — e com atribuição a seu favor.

Ao mesmo tempo, lives mais fáceis de começar, descoberta reforçada (Shorts gerados pelos melhores momentos) e colaborações no Studio tendem a abreviar o caminho até novas audiências. Some a isso os recursos de proteção com IA contra o uso indevido da sua imagem e um horizonte de ferramentas criativas que reduzirão tempo “braçal” de edição: sobra mais espaço para a parte que só você pode fazer — seu gosto, sua curadoria, sua voz.

Se você é marca, a conta também fecha: catálogo no Merchant Center, comissão clara, visibilidade em Shorts e vídeos, creators como mídia + conversão, e relatórios nativos. O varejo brasileiro já provou apetite por social commerce; agora, a maior prateleira de vídeo do país está abrindo a vitrine.

Compartilhe este artigo
Emanuel Negromonte é Jornalista, Mestre em Tecnologia da Informação e atualmente cursa a segunda graduação em Engenharia de Software. Com 14 anos de experiência escrevendo sobre GNU/Linux, Software Livre e Código Aberto, dedica-se a descomplicar o universo tecnológico para entusiastas e profissionais. Seu foco é em notícias, tutoriais e análises aprofundadas, promovendo o conhecimento e a liberdade digital no Brasil.