A Oracle emitiu um patch de segurança de emergência para corrigir uma vulnerabilidade crítica de execução remota de código (RCE) em seu amplamente utilizado Oracle E-Business Suite (EBS).
- Entendendo a gravidade da CVE-2025-61882
- Cl0p em ação: roubo de dados em massa
- Indicadores de comprometimento (IoCs) e como identificar a ameaça
- Ação imediata: o que fazer para proteger seus sistemas
- Passo 1: Aplique o patch imediatamente
- Passo 2: Investigue por comprometimento retroativo
- Passo 3: Monitore continuamente
- Conclusão: um lembrete sobre a importância da gestão de patches
A falha, rastreada como CVE-2025-61882, possui pontuação CVSS 9.8, o que a coloca entre as mais graves já registradas. Ainda mais preocupante é o fato de que o grupo de ransomware Cl0p já está explorando ativamente essa brecha para roubo de dados corporativos.
Neste artigo, você entenderá por que essa vulnerabilidade é tão perigosa, como o ataque está sendo conduzido e quais medidas imediatas devem ser tomadas para proteger seus sistemas Oracle EBS contra comprometimentos.
Entendendo a gravidade da CVE-2025-61882

O que é a vulnerabilidade?
A CVE-2025-61882 afeta o componente Oracle Concurrent Processing dentro do E-Business Suite, uma ferramenta essencial para a execução de processos empresariais em larga escala.
Segundo a Oracle, a falha permite que um invasor não autenticado explore o sistema via HTTP, sem necessidade de login ou credenciais válidas. Isso significa que o ataque pode ser iniciado remotamente e com mínimo esforço técnico, o que multiplica o risco de exploração em massa.
Em termos práticos, essa vulnerabilidade permite a execução remota de código (RCE) — ou seja, o atacante pode assumir o controle completo do servidor vulnerável, instalar backdoors, roubar informações confidenciais ou até implantar ransomware.
CVSS 9.8: decodificando o risco máximo
A pontuação CVSS 9.8 indica o nível mais alto de severidade possível em uma escala que vai de 0 a 10.
Esse tipo de vulnerabilidade é classificado como “crítica”, pois combina três fatores letais:
- Exploração remota via rede pública;
- Ausência de autenticação;
- Impacto total sobre confidencialidade, integridade e disponibilidade.
Em resumo, a falha permite invasão total de sistemas corporativos se o patch não for aplicado imediatamente.
Cl0p em ação: roubo de dados em massa
Quem é o grupo Cl0p?
O Cl0p é um grupo de ransomware altamente sofisticado, conhecido por ataques de grande escala contra alvos corporativos e governamentais. O grupo ganhou notoriedade ao explorar falhas de dia zero em softwares amplamente utilizados, como o MOVEit Transfer, que resultou em vazamentos de dados de milhões de usuários em 2023.
A estratégia do Cl0p é clara: identificar rapidamente novas vulnerabilidades críticas, explorá-las antes que as organizações apliquem correções e extorquir vítimas mediante ameaças de divulgação pública de dados roubados.
A campanha contra o Oracle EBS
Pesquisadores da Mandiant (Google Cloud) confirmaram que o Cl0p está explorando a CVE-2025-61882 em campanhas ativas de roubo de dados.
O grupo utiliza uma combinação de falhas conhecidas e novas para obter acesso inicial e, em seguida, movimentar-se lateralmente dentro dos ambientes corporativos, exfiltrando dados sensíveis de clientes Oracle.
Essa ofensiva mostra como grupos avançados estão focando em softwares corporativos amplamente implantados, aproveitando a complexidade e o atraso na aplicação de patches por parte das empresas.
Indicadores de comprometimento (IoCs) e como identificar a ameaça
Fique atento a estes sinais
A Oracle e a Mandiant compartilharam uma série de Indicadores de Comprometimento (IoCs) associados à exploração da CVE-2025-61882. Administradores devem usar esses dados para verificar se seus sistemas já foram comprometidos.
Endereços IP suspeitos:
200.107.207[.]26
185.181.60[.]11
Comandos e artefatos maliciosos observados:
- Execução de scripts remotos via HTTP sem autenticação.
- Criação de arquivos temporários em diretórios de log do Oracle EBS.
- Conexões anômalas de saída para IPs não reconhecidos.
Esses IoCs servem como guias para auditar logs de rede e servidores, ajudando a identificar potenciais acessos indevidos ou sinais de exploração ativa.
Ação imediata: o que fazer para proteger seus sistemas
Passo 1: Aplique o patch imediatamente
A Oracle recomenda a aplicação imediata do patch de segurança disponibilizado no Critical Patch Update (CPU) mais recente.
Adiar a instalação dessa atualização expõe a organização a risco de comprometimento total.
Empresas que utilizam versões antigas do E-Business Suite devem verificar se há atualizações específicas ou workarounds temporários.
Passo 2: Investigue por comprometimento retroativo
Mesmo após aplicar o patch, não presuma que está seguro.
De acordo com Charles Carmakal, CTO da Mandiant, é essencial que as organizações verifiquem se foram previamente comprometidas, já que o Cl0p tem histórico de explorar vulnerabilidades dias ou semanas antes das divulgações públicas.
Use os IoCs fornecidos para realizar uma varredura completa nos logs e sistemas internos, procurando sinais de acesso indevido, execução de comandos suspeitos ou exfiltração de dados.
Passo 3: Monitore continuamente
A ameaça não termina com o patch.
Implemente monitoramento contínuo de rede, configure alertas para conexões de saída anômalas e reforce políticas de autenticação e segmentação de rede.
Ferramentas de EDR (Endpoint Detection and Response) e SIEM (Security Information and Event Management) são fundamentais para detectar atividades maliciosas residuais e prevenir futuras explorações.
Conclusão: um lembrete sobre a importância da gestão de patches
A exploração da CVE-2025-61882 pelo grupo Cl0p é um alerta contundente sobre a urgência da gestão de patches e da vigilância constante em ambientes corporativos.
Softwares críticos, como o Oracle E-Business Suite, frequentemente estão no centro das operações empresariais — e, portanto, são alvos prioritários para cibercriminosos.
Não espere para agir.
Verifique imediatamente suas instâncias do EBS, aplique o patch disponibilizado pela Oracle e investigue qualquer indício de comprometimento.
A prevenção, neste caso, pode significar a diferença entre a continuidade dos negócios e uma violação catastrófica de dados.