Firefox 145 chega com proteção reforçada contra fingerprinting

O Firefox 145 eleva o nível da privacidade online com defesas avançadas (Fase 2) contra impressão digital.

Escrito por
Jardeson Márcio
Jardeson Márcio é Jornalista e Mestre em Tecnologia Agroalimentar pela Universidade Federal da Paraíba. Com 8 anos de experiência escrevendo no SempreUpdate, Jardeson é um especialista...

A Mozilla acaba de lançar o Firefox 145, e esta não é uma atualização comum. O navegador recebeu um grande reforço em sua missão de proteger a privacidade dos usuários, mirando uma das técnicas mais furtivas e persistentes de rastreamento digital: o fingerprinting (ou “impressão digital” do navegador).

Esta versão introduz oficialmente a “Fase 2” das proteções anti-fingerprinting, um avanço técnico que promete reduzir drasticamente a capacidade dos sites de identificar e seguir usuários únicos na web. Neste artigo, vamos explicar o que muda, como o Firefox está combatendo esse tipo de rastreamento e o que isso significa na prática.

Mas há também uma notícia importante, e um pouco amarga, para a comunidade Linux: o Firefox 145 marca o fim do suporte oficial às versões de 32 bits do sistema operacional.

O que é o fingerprinting e por que ele é tão perigoso?

O fingerprinting é uma técnica usada por sites e anunciantes para criar uma “impressão digital” única do seu dispositivo, permitindo rastrear o usuário mesmo sem cookies ou identificadores diretos.

Em vez de armazenar dados no seu computador, o fingerprinting coleta informações passivamente sobre o seu ambiente digital, como:

  • Fuso horário e idioma do sistema
  • Fontes instaladas
  • Resolução da tela e modo de exibição
  • GPU (placa de vídeo)
  • Número de núcleos da CPU
  • Suporte a toque (touch input)

Combinando esses dados, sites conseguem identificar um visitante com uma precisão surpreendente, mesmo que ele use navegação privada ou bloqueadores de rastreamento. É por isso que o fingerprinting é considerado uma das formas mais persistentes e invasivas de rastreamento online.

A ‘Fase 2’ da Mozilla: como o Firefox 145 vai te esconder?

A Mozilla já vinha combatendo esse problema desde a “Fase 1” de sua Proteção Aprimorada contra Rastreamento (ETP), que conseguiu reduzir a rastreabilidade média dos usuários para cerca de 35%.

Agora, com o lançamento do Firefox 145, chega a “Fase 2”, que leva essa proteção a um novo patamar.

As novas medidas de defesa estarão inicialmente ativas por padrão no Modo de Navegação Privada e no modo Restrito da ETP, com planos de expansão gradual para todos os modos de navegação.

A ideia é simples, mas poderosa: padronizar e mascarar informações do sistema para que todos os usuários pareçam mais semelhantes entre si, reduzindo as chances de individualização.

Detalhes técnicos: o que o Firefox está bloqueando e falsificando

A nova fase do Firefox 145 inclui ajustes técnicos precisos voltados a confundir scripts de rastreamento e impedir a criação de impressões digitais confiáveis. Entre as principais medidas estão:

  • Fontes do sistema: o navegador agora reporta apenas as fontes padrão do sistema operacional, bloqueando a leitura da lista completa de fontes instaladas (exceto em idiomas que exigem fontes específicas).
  • Núcleos da CPU: independentemente do hardware real, o Firefox sempre reportará apenas 2 núcleos de processador, evitando que a contagem sirva de identificador.
  • Suporte a toque (Touch): passa a reportar valores padronizados (0, 1 ou 5), limitando a detecção precisa de dispositivos com tela sensível ao toque.
  • Resolução de tela: o navegador reporta a altura da tela menos 48 pixels, ocultando detalhes sobre a barra de tarefas ou dock.
  • Imagens de fundo: o Firefox agora adiciona ruído aleatório quando um site tenta ler (em vez de apenas exibir) imagens de fundo, dificultando a medição de pixels e a detecção de renderização.

Essas medidas combinadas criam um ambiente em que os rastreadores recebem informações padronizadas e inconsistentes, tornando o perfil do usuário praticamente indistinguível do de milhões de outros.

O impacto real: rastreabilidade reduzida a 20%

Percentagem de rastreabilidade do usuário em cada caso.
Percentagem de rastreabilidade do usuário em cada caso. Imagem: Mozilla

De acordo com a Mozilla, os testes internos mostram que, com as novas proteções ativadas, apenas 20% dos usuários ainda podem ser identificados de forma única, uma redução significativa em relação à fase anterior.

Contudo, a empresa ressalta que não é possível bloquear tudo sem comprometer o funcionamento legítimo de sites. Algumas páginas dependem de informações do sistema para renderizar conteúdo corretamente, e a Mozilla mantém um equilíbrio entre privacidade e compatibilidade.

A expectativa é que, nos próximos meses, essas defesas evoluam até se tornarem o padrão em todas as janelas e modos do navegador.

Adeus, Linux 32-bit: uma nota importante do Firefox 145

Além das melhorias de privacidade, o Firefox 145 traz uma mudança estrutural importante: o fim do suporte ao Linux 32-bit.

Isso significa que não haverá mais atualizações ou correções de segurança para versões do navegador que rodam em sistemas Linux de 32 bits.

A Mozilla explica que a decisão foi motivada por queda acentuada no número de usuários dessas versões, o que tornava o suporte técnico e os testes de compatibilidade inviáveis.

Na prática, quem ainda utiliza distribuições antigas (como Debian 10 ou Ubuntu 18.04 em 32 bits) precisará migrar para um sistema de 64 bits para continuar recebendo suporte e atualizações do Firefox.

Essa mudança reflete uma tendência mais ampla da indústria, em que navegadores modernos, como Chrome e Edge, também abandonaram versões de 32 bits em favor de desempenho e segurança aprimorados.

Conclusão: um navegador mais privado e focado no futuro

O Firefox 145 representa um passo firme na batalha pela privacidade online, enfrentando diretamente uma das técnicas mais difíceis de neutralizar na web moderna.

Com a Fase 2 de proteção anti-fingerprinting, a Mozilla reforça seu compromisso com a transparência e a defesa dos usuários contra rastreamento invisível.

Ao mesmo tempo, o fim do suporte ao Linux 32-bit simboliza uma transição natural para uma nova geração de sistemas e navegadores mais seguros.

Se você ainda não atualizou, vale a pena baixar o Firefox 145 e testar as novas proteções no modo ETP Restrito — especialmente se a privacidade é uma prioridade para você.

E, se for usuário de Linux em 32 bits, talvez este seja o momento de planejar sua migração definitiva para 64 bits e continuar aproveitando o melhor da web moderna.

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