Eles mudaram de vida com IA: as histórias por trás do Microsoft ConectAI Brasil

Histórias reais de brasileiros que mudaram de vida com IA e nuvem pelo Microsoft ConectAI Brasil.

Escrito por
Emanuel Negromonte
Emanuel Negromonte é Jornalista, Mestre em Tecnologia da Informação e atualmente cursa a segunda graduação em Engenharia de Software. Com 14 anos de experiência escrevendo sobre...

Lamonier Barbosa trabalhava em uma academia no Rio de Janeiro. Aos 60 anos, depois de perder a mãe durante a pandemia e ver a renda encolher, ele lutava para pagar o aluguel e segurar as contas. Alguns anos antes, consertava computadores por conta própria, fuçando peças e tutoriais, mas a crise sanitária e econômica parecia ter engolido qualquer chance de recomeço.

Hoje, o mesmo Lamonier Barbosa estagia em uma multinacional de consultoria de tecnologia, ajudando grandes empresas a usar IA (Inteligência Artificial) para criar sistemas mais inteligentes e eficientes. Ele resume a virada em uma frase simples e poderosa: sua vida foi transformada, da água para o vinho. Lamonier é um dos 2,5 milhões de brasileiros que já passaram pelo Microsoft ConectAI Brasil, iniciativa que quer capacitar 5 milhões de pessoas em IA até 2027, apoiada por um investimento de R$ 14,7 bilhões em infraestrutura de nuvem e IA no país.

Longe das imagens clichê de robôs e ficção científica, o que essa revolução mostra é algo bem mais humano: quando o conhecimento em IA e nuvem deixa de ser privilégio e vira política pública, parceria institucional e oportunidade concreta, ele muda biografias inteiras.

De uma academia no Rio a uma consultoria de IA (Lamonier)

Antes do ConectAI, a tecnologia fazia parte da vida de Lamonier de forma improvisada. Ele aprendia consertando peças quebradas e, mais tarde, se inscreveu em cursos de programação em plataformas online, tentando atualizar o currículo em meio ao luto e à instabilidade financeira.

Quando soube do bootcamp gratuito de IA oferecido pela Microsoft em parceria com o programa ConectAI, ele viu ali algo diferente. Não era apenas mais um curso solto, mas uma trilha estruturada que conectava fundamentos de computação em nuvem, IA aplicada e certificações reconhecidas pelo mercado. Ele mergulhou de cabeça, estudando por horas todos os dias.

O resultado aparece agora no crachá que carrega no peito: Lamonier participa de projetos que ajudam empresas brasileiras a automatizar processos, analisar dados em escala e redesenhar operações com apoio de IA. A história dele é um retrato de um público muitas vezes esquecido pela transformação digital: trabalhadores maduros, das classes populares, que nunca tiveram um plano B tecnológico. O Microsoft ConectAI Brasil oferece justamente essa segunda chance em grande escala.

A jornada de 40 minutos até o PC (Vivian)

A 2.600 quilômetros dali, em Maracanaú, no Ceará, a rotina de Vivian Vasconcelos também foi redesenhada pela IA. Descendente dos povos indígenas Pitaguary e Tapeba, ela cresceu em um contexto em que computador em casa era luxo distante. O primeiro contato real com tecnologia veio só aos 14 anos, em cursos comunitários básicos.

Quando soube que poderia fazer formações gratuitas em atendimento ao cliente, informática básica e desenvolvimento de aplicativos por meio da Trust for the Americas, organização parceira do ConectAI, Vivian encarou uma rotina puxada: caminhava cerca de 40 minutos, quatro vezes por semana, até um prédio em uma cidade vizinha, onde havia computadores disponíveis para estudantes e pessoas em busca de emprego.

Sem acesso fácil a livros e materiais físicos, ela encontrou na combinação de cursos online, internet e assistentes de IA um novo tipo de biblioteca. Ali, conseguiu aprofundar conhecimentos, tirar dúvidas e planejar melhor seus próximos passos. Hoje, Vivian trabalha em uma fábrica têxtil, mas já usa o que aprendeu para se diferenciar e mira uma transição para a área de TI.

O sonho antigo de cursar Direito continua vivo. Só que agora ele caminha ao lado de uma consciência clara: em um Brasil em que a IA tende a estar em todos os setores, entender minimamente essas ferramentas deixou de ser opcional. A história de Vivian expõe uma contradição central do país: mesmo em um cenário em que mais de 93% dos domicílios brasileiros têm acesso à internet, o chamado “fosso digital” nas periferias e comunidades de baixa renda ainda é real.

O emprego dos sonhos que paga a faculdade da mãe (Julia)

Em Ribeirão Preto, São Paulo, a trajetória de Julia Ribeiro mostra outro lado dessa transformação. Filha de uma faxineira, ela viu a situação financeira da família desabar após o divórcio dos pais. As contas foram esvaziadas e a sobrevivência virou prioridade absoluta.

Julia entrou como jovem aprendiz no SENAI, estudando administração, e começou a se inscrever em tudo que aparecia: cursos de introdução ao machine learning, formações técnicas e treinamentos de tecnologia. Quando descobriu as certificações Microsoft AI-900 e AZ-900, focadas em fundamentos de IA e computação em nuvem, enxergou uma porta direta para o mercado de tecnologia.

Graças à parceria entre SENAI e Microsoft ConectAI, ela pôde acessar gratuitamente um curso intensivo de IA e nuvem. Foram cerca de 10 horas de estudo todo sábado, durante oito semanas, conciliando escola técnica, trabalho e responsabilidades em casa. A maratona rendeu frutos: Julia conquistou uma vaga como analista de infraestrutura e nuvem em um grande grupo educacional que atua em toda a América Latina.

Hoje, ganha aproximadamente dez vezes mais do que a mãe ganhava como faxineira e usa parte do salário para realizar o sonho dela: pagar a faculdade de Enfermagem. Julia também se tornou Embaixadora de Aprendizagem da Microsoft, ajudando colegas a entender como usar IA e nuvem com segurança e propósito. “Já estou no meu emprego dos sonhos”, conta. A diferença é que, desta vez, o sonho veio acompanhado de mobilidade social concreta.

IA para desafogar professores (Virgínia)

Nem todo mundo que participa do ConectAI quer ser desenvolvedor ou analista de nuvem. No gigantesco sistema público de ensino do Rio de Janeiro, a professora Virginia Chagas encontrou na IA uma forma de recuperar tempo para o que mais importa: os alunos.

Entusiasta de tecnologia há anos, Virginia atua hoje na gestão educacional, apoiando escolas e professores em projetos pedagógicos. Em sua região, são centenas de escolas e milhares de estudantes e docentes, com uma avalanche diária de e-mails sobre merenda, manutenção, matrículas, currículos e demandas das famílias. O volume de trabalho administrativo é enorme, e a rede municipal do Rio é considerada a maior da América Latina.

Ao descobrir, por meio dos cursos de IA apoiados pelo ConectAI e oferecidos em parceria com a organização sem fins lucrativos Nova Escola, que poderia conectar seus documentos e e-mails ao M365 Copilot, Virginia enxergou um caminho para reorganizar a rotina. O assistente de IA ajuda a resumir mensagens, sugerir respostas, organizar prazos e documentar atendimentos, inclusive de alunos com deficiência, sempre com revisão humana antes de qualquer envio.

Para ela, IA não é substituta de professor. É um suporte que libera tempo para planejar aulas melhores, conversar com alunos, acolher famílias e fazer o que tecnologia nenhuma consegue fazer sozinha: educar com significado, presença e cuidado. Virginia incentiva colegas a aproveitarem os treinamentos gratuitos em IA e vê nisso um caminho para fortalecer a escola pública, em vez de fragilizá-la.

Muito além do hype: o que está em jogo com o Microsoft ConectAI Brasil

Por trás dessas histórias individuais, há um movimento de país. Lançado em 2024, o ConectAI é um programa da Microsoft em colaboração com o governo brasileiro e 26 organizações parceiras. A meta é clara: oferecer formação em habilidades de IA para 5 milhões de brasileiros até o fim de 2027, com trilhas gratuitas no LinkedIn Learning e em plataformas parceiras, cobrindo de letramento digital básico a conteúdos mais avançados em nuvem e desenvolvimento.

O programa está ancorado em um investimento recorde de R$ 14,7 bilhões, ao longo de três anos, em infraestrutura de nuvem e IA no Brasil. É dinheiro que não se limita a datacenters e cabos de fibra: ele pavimenta laboratórios, salas de aula, hubs de inovação e ambientes em que a IA deixa de ser buzzword e passa a ser ferramenta de trabalho, estudo e empreendedorismo.

Esse movimento não começou do zero. Desde 2020, iniciativas anteriores da Microsoft já haviam treinado milhões de brasileiros em habilidades digitais, criando uma base sobre a qual o ConectAI se expande. Agora, a aposta é especificamente garantir que a população tenha fluência em IA em um país em que a internet já chega a mais de 93,6% dos domicílios e em que existem mais linhas móveis do que habitantes, mas onde a desigualdade de oportunidades ainda é profunda.

Ao enquadrar IA como política de inclusão produtiva e não apenas como tecnologia de ponta, programas como o Microsoft ConectAI Brasil ajudam a reduzir um risco cada vez mais evidente: o surgimento de uma “nova divisão digital”, não entre quem tem ou não acesso à internet, mas entre quem sabe ou não usar IA de forma crítica e produtiva.

As histórias de Lamonier Barbosa, Vivian Vasconcelos, Julia Ribeiro e Virginia Chagas mostram que, quando grandes investimentos em nuvem e IA se encontram com redes públicas de educação, organizações sociais e instituições como o SENAI, a palavra “futuro do trabalho” deixa de ser um conceito abstrato. Ela vira emprego, renda, diploma, tempo livre para ensinar melhor, e até a possibilidade de uma mãe realizar o sonho de se tornar enfermeira graças ao salário da filha que hoje é analista de nuvem.

No fim, a revolução da IA no Brasil não é sobre robôs brilhando em laboratórios. É sobre pessoas reais que, com apoio de políticas públicas, parceria entre Big Tech, governo e sociedade civil, estão aprendendo a usar essas ferramentas para reescrever a própria história.

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